2013-10-09

Toques do Tambor Amazônico (Distrito da Amazônia)

Acordar a aurora: místicos e profetas para o nosso tempo

Um olhar sobre o mundo. O mundo físico, pois viemos de muitas realidades e dialogamos sobre ele como sendo nossa casa comum, a mãe Terra. Também o mundo marista, pois representamos tantas realidades e pessoas envolvidas em nossa experiência de vida nos 5 continentes, nos variados ambientes. Estivemos durante 3 semanas, em l'Hermitage, participando da Conferência Geral.

Olhando as estatísticas, lembramos os 37.780 Irmãos que já fomos ou somos (2/2/1817 – 31/12/2012). Dentre eles, os 11.096 Irmãos Maristas que já estão no céu: ação de graças! E dialogamos sobre a vida e a missão dos 3.380 Irmãos que somos atualmente (8/9/2013), relacionados com as centenas de milhares de pessoas que se sentem parte do irradiante carisma de São Marcelino Champagnat. Muito olhar, sentimento e pensamento também para os que desejamos que continuem, no futuro, a integrar nosso bonito jeito de estar no planeta Terra: místicos e profetas para o nosso tempo!

Ah, l'Hermitage! Esse lindo lugar que continua a nos encantar. Agora renovada, a casa nos propicia mais dinamismo, conforto, segurança… Verdadeiro espírito de Casa-Mãe! Ficaram lindas as reformas estruturais. Lindo, ainda mais, o espírito que se busca preservar: na casa e em seus ambientes, na paisagem envolvente, no Gier que corre, na rocha que a emoldura e sustenta, na lembrança viva do Fundador e dos primeiros Irmãos que deixaram suas marcas em cada ângulo desse lugar! Como foi bom estar ali revisitando também os aposentos do Pe. Champagnat, o seu leito de morte, as salas de encontro, a capela, o relicário, o seu conhecimento pelo povo da região, as informações que povoam nossas mentes e fazem vibrar o coração!

A comunidade! Sim, a comunidade que nos acolhe: Irmãos e leigas, de várias idades e procedências, reivindicando, vivendo e promovendo, nos moldes atuais, o espírito de l'Hermitage: acolhida, serviço, fraternidade, mística, missão! A vida do Fundador e dos Irmãos!

A outra comunidade também! Sim, a nossa comunidade desses dias: 58 Irmãos, lideranças da Congregação, sendo simplesmente Irmãos, chamados a despertar a aurora! E Irmãos que praticam fraternidade, que alimentam sonhos coletivos de internacionalidade e interculturalidade maristas, de mais audaz aproximação e compromisso com a criançada e a juventude. E tudo ligado com a busca de melhores condições de vida para o Planeta. Tudo também baseado, fundamentado num interesse dinâmico em entender e tocar o mistério de Deus no mundo de hoje. Aquele Deus que é grande, muito maior que nossos esquemas ou organizações, mas que pode lhes dar maior significação.

Nosso caminho da Conferência foi baseado em ícones: de l'Hermitage a Fourvière, passando por La Valla. Foi o caminho de volta, ao invés daquele que fez o Fundador e sua turma dos inícios. Somos Irmãos que já voltamos, dos vários cantos do mundo, ao lugar de onde partimos: a grande e missionária l'Hermitage (semana 1: Onde estamos?), chegando à intimidade de La Valla (semana 2: O quê e como fazemos?), para subirmos a Fourvière (semana 3: Quem?), lugar da promessa inicial e ocasião de repartida, após novas promessas feitas e depositadas aos pés da Virgem, para que ela ajude os Maristas a realizarem essas promessas no pós-setembro 2013.

Nós, do Brasil e Cone Sul, como Região, apresentamos a Maria: nosso interesse em crescer em reciprocidade, complementaridade e diálogo. Oferecemos, dentre outras possibilidades, nosso interesse pela criação de uma comunidade internacional e de uma comunidade de formação conjunta, que permitam o incremento de uma nova vida religiosa marista.

A Conferência Geral foi um tempo privilegiado de formação das lideranças do Instituto. Tocou muito o ser dos Irmãos: a sua vocação e o olhar de futuro para a missão. Houve uma excelente dose de temáticas que animaram ou purificaram a essência do nosso ser individual e coletivo. Tudo entrelaçado com tempos de exposições, de escuta ativa ou silenciosa, partilha em variados grupos, encontros personalizados, oração pessoal e liturgias criativas, exploração de símbolos, de ornamentos, das belezas do lugar. Este, considerado pelo Irmão Francisco como sendo o relicário vivo do Padre Champagnat.

De minha parte, me senti sacudido, desafiado, questionado e motivado ao poder partilhar muito de minha vida de irmão com muitos Irmãos. A nossa Amazônia lhes desperta muito interesse! Ao mesmo tempo que eu os escutava, observava, encontrando sintonia. Mas me fez tremer de emoção o fato de, ao estar diante das relíquias de nosso Fundador, dar-me conta de que ele tinha, na ocasião de sua morte, a minha idade atual: 51 anos! Que modo existencial de mexer com meus brios vocacionais e missionários!

Tentando falar um pouco mais da rica experiência de nossa reunião, compartilho flashes do que já nos escreveu o Irmão Joaquim Sperandio, ao partilhar seu diário:

Somos lideranças provinciais, construtores da nova l´Hermitage onde o sonho de evangelizar crianças e jovens deve ser acalentado… Qualquer mudança de cultura institucional deve começar por mim e contagiar os outros Irmãos e leigos/as que conosco comungam. Para isso, o Irmão Emili, Superior-Geral, nos repetiu o conselho dado pelo Papa Francisco: "Evitem a mundanidade espiritual e retomem a simplicidade centrada no Evangelho". A dimensão mística é fundamental para todo o religioso marista. É preciso viver, cultivar e transmitir a mística. Nisto consiste a evangelização: transmitir uma experiência do Deus verdadeiro… Oração e contemplação não são uma obrigação para o marista. São meios privilegiados de humanização. A contemplação muda nossa imagem de Deus (eu e o mundo somos agenda de Deus) e nos ajuda a colocar o ego em seu devido lugar. Só a contemplação nos fará viver "na borda para não ocupar muito espaço", deixando o lugar central para Deus. Também a vida comunitária ganhará novo sabor, pois os outros também são agenda de Deus. O homem não contemplativo corre sério risco de ser egocêntrico e egoísta. Tudo o que um religioso não deve ser. O convite feito por Emili é que repitamos Maria: optar pelo pequeno que se faz grande, porque fecundado pelo Espírito. Conclamou-nos a sermos humanos, nada mais que pessoas, capazes de relações sadias e criadores de ambientes sadios… Todo religioso será um profeta se for um místico. Os místicos e os profetas são semente de nova humanidade. As grandes transformações começam pequenas. Começar por mim, por minha comunidade, pelo meu entorno. O sopro do Espírito fará frutificar a semente que um dia era insignificante. (Ir. Joaquim Sperandio)

III Conferência Interamericana de Provinciais (CIAP)

Terminada a Conferência Geral, os Irmãos Provinciais e Superiores de Distrito das Américas, permanecemos mais 2 dias (30/9-1.º/10) reunidos para falarmos de assuntos de casa. Estiveram conosco Irmãos diretores dos Secretariados da Administração-Geral, o Irmão Superior-Geral e os Conselheiros-Gerais de referência para as Américas e o Ir. Valdícer Fachi, coordenador da Comissão Interamericana de Missão. Tendo por lema: Com Maria peregrina acompanhamos a vida marista na América, trabalhamos com os seguintes objetivos: fortalecer a missão de animação dos Provinciais da América; reler as chamadas da Conferência Geral para o nosso Continente Americano; discernir e aprovar a estrutura organizativa da CIAP; avaliar e aprovar os planejamentos estratégicos das Comissões e Subcomissões da América; avaliar os encontros e atividades realizadas em 2013; informar, refletir e impulsionar possíveis colaborações internacionais na América.

Agradeço a todos que contribuíram para que eu pudesse participar de tão ricas experiências. Peço a Deus e a Maria fidelidade e inspiração para vivenciar e comunicar muito do que experimentei. Concluo com as palavras inspiradoras do Irmão Superior-Geral, em sua carta de 28/4/2012:

O horizonte do bicentenário marista oferece-nos um ponto de referência em relação ao sonho de Champagnat: "despertar a aurora" (Sl 56); "é preciso ajudar a aurora a nascer, acreditando nela" (Ir. Basílio). Temos a rica herança de dois séculos, mas pensamos e sonhamos com os anos que vão seguir os 200 de vida e de vitalidade maristas.
"Despertar a aurora" indica a atitude ativa do compromisso frente aos grandes desafios que os últimos Capítulos Gerais nos indicaram e que poderiam ser sintetizados nas palavras
"profecia" e "mística".
"É apenas a aurora": fica muito caminho para percorrer, mas avançamos com paciência e cheios de confiança no futuro, porque reconhecemos muitos sinais de vida. (
Ir. Emili Turú)

Fraternalmente, Ir. João Gutemberg

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