21 de maio – Dia Mundial da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento
Falar de diversidade cultural é falar de realidade. Falar de realidade é falar de elementos concretos, de relações, de interconexão, de momentos de encontro e desacordo. Não podemos cair na tentação de permanecer em uma construção mental, em um conceito teórico. A cultura nos facilita a expressão de quem somos, ajuda-nos a compreender melhor a nós mesmos e aos outros, oferece-nos um refúgio para descansar e abre-nos para uma relação com alguém que é diferente. Uma cultura que se manifesta na arte, na literatura, no cinema, na música, na linguagem e também na religião.
Durante os meses que durou a pandemia, vimos como foram cancelados milhares de eventos culturais, centenas de reuniões para compartilhar riquezas culturais, como os principais locais culturais e históricos ficaram desertos. Esses são grandes exemplos de como nossa vida diária foi afetada. Como seres humanos somos diálogo, somos relação, precisamos nos encontrar, compartilhar com os outros, mostrar como somos e como nos entendemos. Assim, nossa vida foi afetada, nossos relacionamentos perderam riqueza e muitos setores econômicos também perderam dinamismo. Tudo isso se reverteu, também negativamente, no desenvolvimento de alguns grupos sociais e de algumas cidades e comunidades.
A riqueza da diversidade cultural foi reconhecida pelas Nações Unidas já em 2002. A partir de então, com a declaração deste dia, somos convidados a mergulhar nos valores mais importantes por trás da diversidade cultural. As Nações Unidas querem aumentar a conscientização sobre a importância do diálogo, querem que cada pessoa possa se comprometer, por meio de gestos reais e cotidianos, a eliminar possíveis posições de poder de alguns grupos/culturas sobre outros.
Maristas, construtores de pontes
Como Maristas de Champagnat também nos juntamos a esta corrente que busca valorizar a diversidade e a riqueza de cada uma das culturas e suas manifestações culturais. De certo modo, Marcelino também foi profético nesse sentido quando nos disse que “todas as dioceses do mundo entram em nossos planos”. Da mesma forma, o XXII Capítulo Geral nos lembrou da importância de promover a vida “em toda a sua diversidade” (1º apelo). O que é senão ser construtores de pontes? Como caminhar com crianças e jovens marginalizados da vida se não somos capazes de nos abrir à sua realidade, de compreendê-los a partir de sua própria bagagem cultural? Se cairmos na tentação de abordar as crianças e os jovens de forma paternalista, não estaremos realmente nos acercando de sua própria realidade, seu próprio modo de entender e viver a vida.
Neste dia queremos lhe convidar a tomar consciência de todas as coisas positivas que a diversidade e o diálogo trazem. Queremos deixar para trás os estereótipos e os populismos que levam à exclusão dos diferentes. Como Maristas, temos a grande oportunidade de viver e educar milhares de meninos, meninas, adolescentes e jovens para que a afirmação de sua própria cultura não signifique rejeitar o diferente, para que possam (e possamos) descobrir a riqueza que nos proporciona outras maneiras de entender a vida.
Recordemos o que também disse o Capítulo Geral: “A interdependência… deve ser a normalidade para nós. Seremos testemunhas de unidade e esperança”. A geografia emocional nos convida precisamente a descobrir e a valorizar o outro a partir do apreço e da empatia, nos aproxima de uma relação mais fraterna, encoraja-nos a sentir-nos como uma família global. Quando nos conectamos emocionalmente com o outro, mesmo nos lugares mais remotos do mundo, sentimos e experimentamos o outro como irmão e irmã.
A diversidade cultural nos “obriga” a abrir-nos ao outro, ao diferente, ao diverso, a outra forma de pensar, fazer e viver. A diversidade cultural nos “obriga” ao diálogo. Você se atreve a fazer o caminho em direção à diversidade cultural? Você se atreve a se deixar desafiar pelo outro? Você se atreve a sair da “nossa zona de conforto”?
—————————-
Ir. Ángel Diego – Diretor do Secretariado de Solidariedade