34º dia do Capítulo
O fio condutor dos próximos dias do Capítulo será o trabalho sobre as Constituições, a partir da proposta feita pela comissão que trabalhou nos últimos anos no processo que se concluiu com a apresentação de um texto revisto.
Depois da celebração eucarística, o grupo se reuniu na sala capitular. Toda a manhã foi dedicada à apresentação do texto. Na primeira sessão, os irmãos Tony Clark, Sebastião Ferrarini e Eduardo Navarro apresentaram os primeiros 4 capítulos, onde se encontra o conteúdo inerente ao núcleo da vida marista. Na segunda sessão, o Ir. Josep Maria Soteras apresentou o capítulo 5, que engloba os artigos inerentes ao governo e administração. Depois das apresentações houve espaço para conversa nas mesas e, em seguida, puderam ser esclarecidas algumas dúvidas.
Brevemente, abaixo estão alguns elementos destacados da proposta da Comissão de Revisão das Constituições, sobre a qual se concentrará o trabalho dos capitulares nos próximos dias.
Capítulo I: A identidade do Irmão Marista na Igreja
Alguns tópicos que se sublinham em relação a esse capítulo
- É como um resumo e uma planilha para os outros 4 capítulos
- Reconhece os Irmãos como parte de uma história maior, a Sociedade de Maria
- Articulação mais clara de artigos sobre a vocação como Irmãos, o carisma e a espiritualidade
- Um artigo novo que reconhece que outras pessoas partilham o carisma marista e se identificam como “maristas”. Juntos se forma uma família carismática marista de Champagnat, que é global
- Inclusão da colaboração e das estruturas regionais
Capítulo II: Nosso ser religioso de Irmãos
O capítulo é formado por três partes, que sublinham a consagração como Irmãos segundo os conselhos evangélicos: castidade, pobreza e obediência. Alguns elementos que a Comissão de Revisão quis sublinhar são:
- A consagração como Irmãos, destacando a fraternidade, e a alegria da eleição e da sua vivência
- Eliminação de elementos que conotam superioridade em relação à vocação leiga: a consagração no batismo como base de comunhão com os leigos na vida de espiritualidade e missão
- Importância da mística e da profecia
- Perspectiva positiva em relação aos conselhos evangélicos, fonte de plenitude e maturidade humana e cristã que trazem alegria
- Melhoria da linguagem em relação à formação e vivência da sexualidade em vista de ser pessoas confiáveis para o trabalho com as crianças
- Inclusão de temas relativo ao uso evangélico dos bens e relativo compromisso para a paz, justiça e cuidado com a criação
- Eliminar a ligação de obediência com autoridade, deixando de lado qualquer conotação de superioridade.
Capítulo III: Nossa vida como Irmãos
O capítulo fala sobre comunidade, oração e vida apostólica. Alguns aspectos que se sublinham:
- Comunidade: fraternidade, comunidades humanizantes (abertas, inclusivas – jovens, leigos), novas comunidades internacionais com leigos
- Espiritualidade: espiritualidade não é só vida de oração, mas contemplação e mística; foco na experiência de Deus; ligada à vida, à igreja e ao mundo; partilhada com jovens, leigos e outras comunidades eclesiais; mais contemplativa, cuidado da criação
- Missão: novos espaços, novas presenças; feita em colaboração com leigos e outras organizações; aberta a novas perspectivas (interioridade, ecologia, liderança, justiça e paz); promoção dos direitos das crianças; disponibilidade para novos projetos conforme as necessidades emergentes no contexto global.
Capítulo IV: Nossa caminhada como Irmãos
O capítulo trata a formação inicial e permanente, a entrada e saída do Instituto.
- Define de maneira mais clara os propósitos das fases da formação inicial e permanente
- Tenta incorporar a linguagem e os conceitos recomendados pelo Colóquio Internacional Marista sobre a Formação, em L’Hermitate 2015: fases não etapas; foco nas experiências pessoais; oportunidades formais de formação partilhada com os leigos.
- Maior ênfase durante o processo formativo: desenvolvimento da interioridade e da contemplação; formação intercultural e internacional
- Novo artigo sobre o afastamento de um Irmão
Capítulo V: Nossa organização como Irmãos
A novidade essencial é unir em um único capítulo o que antes se dividia em dois: Governo e Administração. Dessa forma se busca evitar a impressão de dois poderes e se indica que a ação de governo forma uma unidade sobre todas as atividades.
Em relação ao governo do Instituto se introduziram novas instâncias tais como as assembleias, as conferências e os conselhos ampliados.
Destaca-se também o enfoque distinto entre comunidades religiosas e obras, evitando assim eventuais confusões. As obras não são legisladas pelas Constituições, mas em eventuais guias provinciais.
Se introduziu o conceito de “unidade de vida e missão”, que podem ser Províncias, Distritos ou Comunidades. Se uma obra não tem uma comunidade por trás dela, não é definida como “unidade de vida e missão”.
Também se introduziu o conceito de regionalização, sem estruturá-lo, deixando lugar para experiências. As regiões são um espaço disponível para as Unidades Administrativas se relacionarem. Eventualmente, cada região define os próprios regulamentos, em sintonia com a Governo Geral.
Outro espaço para a relação das UA introduzido foi o das vice províncias. Trata-se de uma forma intermédia de integração: duas províncias se constituem “vice províncias” e criam uma unidade. É uma forma de relação, sem pensar em uma reestruturação, uma fusão.
A presença dos leigos no governo também foi sublinhada. Eles podem participar através de delegação de responsabilidade em funções diretivas, de gestão, coordenação, etc. O compromisso pode ser em nível profissional ou de integração em duas esferas:
- Em nível de instituto e provincial: MChFM, participação temporária em comunidade de irmãos, afiliação
- Só em nível de Província: compromisso pessoal inerente à espiritualidade e à missão, reconhecimento de uma associação como expressão do carisma.
Leitura individual
A maior parte da tarde foi deixada para os capitulares lerem com calma o texto e começar a anotar suas considerações, observações e sugestões. Amanhã, quinta-feira, cada um apresentará seu trabalho na própria mesa, onde se formularão propostas para o texto.