A contribuição de Irmãos e Leigos na missão
Há bem pouco tempo, exatamente no dia 29 de Junho de 2010, o Cardeal Cláudio Humes arcebispo emérito de São Paulo, publicava uma circular sobre ?A IDENTIDADE MISSIONÁRIA DO SACERDOTE NA IGREJA?. Fazia-o enquanto Prefeito da Congregação romana para o Clero. Sentindo-me implicado no novo ?departamento?criado recentemente na nossa Congregação com o nome de ?COOPERAÇÃO MISSIONÁRIA INTERNACIONAL? no interior do qual se encontra todo o trabalho de AD GENTES, pensei logo que esse título podia mudar ligeiramente e escrever-se A IDENTIDADE MISSIONÁRIA DO IRMÃO E DO LEIGO MARISTA.
Este alargamento de horizontes não está errado porque, como aprendemos nas classes mais elementares de Eclesiologia a missão é uma dimensão constitutiva da Igreja. Por outras palavras, não existe Igreja sem missão. De fato o Cardeal Cláudio Humes começa a sua carta eu diria com este axioma eclesiológico: ?A Igreja peregrinante na sua natureza é missionária?.
A Congregação Marista e os seus componentes, Irmãos e Laicos, encontram-se pois, integrados nesse dinamismo missionário da Igreja. Aliás, toda a Congregação nasce para uma missão no interior da Igreja e mesmo da sociedade. É bem conhecida a missão da Congregação, desde os tempos do Padre Champagnat: a educação cristã da juventude. A frase tradicional que conhecemos é que a nossa missão consiste em formar bons cidadãos e bons cristãos. A Administração geral atual está consciente da missão deixada ao Instituto como a razão de ser da sua existência. E expressou-o muito bem, apresentando a missão em termos de hoje, século XXI, de uma maneira mais abrangente, mas tendo sempre como seu mundo a juventude: ?Continuar desenvolvendo a missão marista, como parte da nossa identidade e alimento da nossa espiritualidade, especialmente em três dos aspectos sublinhados pelo Capítulo geral: uma presença mais significativa entre as crianças e jovens pobres, a evangelização e a defesa dos direitos das crianças e dos jovens?. Não podíamos ter uma formulação mais clara da ?identidade missionária? da Congregação.
AD GENTES, uma missão no interior da missão
Dentro dessa formulação abrangente do Conselho e olhando ao seu organograma, atenção especial é dada à missão AD GENTES no interior de uma realidade ainda mais abrangente: a cooperação missionária Internacional. No fundo é querer pôr em prática as orientações do Capítulo geral que, em dois lugares, de um modo bem explícito defende o aprofundamento e o desenvolvimento da missão AD GENTES, em boa hora lançada na Conferência geral de Colombo (Sri Lanka), em 2005.
No documento ?Carta do XXI Capítulo Geral?, o Capítulo, propondo uma mentalidade ?grande? que vai além das fronteiras do próprio país, diz: ?Desenvolvemos uma mentalidade internacional e intercultural da missão marista. O projeto Ad Gentes é um convite a fortalecer nosso espírito missionário no Instituto? (Documento do XXI Capítulo geral, pag. 23). E no capítulo dos ?Horizontes de futuro? ao falar da missão marista num mundo novo, o Capítulo concretiza de um modo geral, mas sem margem para ambiguidades ou hesitações, 8 propostas de ação. A nº 7 refere-se a Ad Gentes: ?Fortalecer a missão Ad Gentes na Ásia, e estendê-la a outras regiões nas quais o discernimento nos faça ver a necessidade? (Documento do XXI Capítulo Geral, pag. 43).
Por outras palavras estamos a falar de vitalidade. ?Discernir a necessidade? de uma província ou de uma região é um convite a agir para que nessa província ou região haja mais vida, mais vitalidade. Já assim se exprimia o Projeto Ad Gentes ao formular os seus objetivos em 2005. Depois de formulado o objetivo geral eram mencionados seis objetivos específicos. O objetivo nº 4 dizia: ?Estabelecer comunidade marista em países pobres da Ásia onde ainda não há uma presença marista?. E o nº 5 concretiza ainda: ?Enviar um pequeno número de Irmãos e leigos para províncias que ainda não atingiram o nível suficiente de vitalidade e viabilidade necessária para o seu desenvolvimento futuro?.
Podemos então resumir que, desde o inicio da fundação do projeto Ad Gentes, são bem claras três coisas:
1. Insere-se na tradição missionária do Instituto que nasce com o nascimento do Instituto. O Instituo nasce missionário. E é a missão a razão de ser do Instituto. E desde o inicio, podemos dizer, a missão Ad Gentes esteve sempre na prática do Instituo. Uma prática que se tem vivido ao longo dos 200 anos de história do Instituto e que, desde 2006 com grupos de Irmãos e leigos/as, se continua a pôr em prática.
2. A missão Ad Gentes,sendo parte constitutiva da missão do Instituto, está direcionada para a viabilidade e vitalidade das regiões ou províncias mais pobres onde já há uma presença marista. Mas está direcionada, sobretudo, para a implantação de novas comunidades em regiões ou países, marcadas pela pobreza, onde a vida marista ainda não existe. Na esperança de que a vida marista aí se possa desenvolver e multiplicar.
3. Desde o inicio o Projeto Missão AD GENTES é concebido para Irmãos e Leigos maristas que queiram tornar-se Leigos missionários maristas. O grupo número 7 que passou por Davao o ano passado é um bom exemplo dessa realidade: foram enviados em missão 5 leigos e 4 irmãos.
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Ir. Teófilo Minga – Coordenador do projeto Ad Gentes
Roma, 10 de fevereiro de 2011.