8 de julho de 2021 ESPANHA

A escola hoje é um apelo a estarmos despertos

Apresentamos, em seguida, uma reflexão de Alfredo Veiga, coordenador da Equipe de Tecnologias e Sistemas da Província Marista Compostela, publicada no número 29 da revista MARISTAS Siglo XXI


Ninguém sabe como será o futuro, nem mesmo os melhores especialistas em educação. É a grandiosidade da vida e o seu grande desafio. O que era futuro ontem hoje já não serve. A escola hoje é um apelo a estarmos despertos e oferecer respostas a perguntas incertas. Somamos vida, multiplicamos horizontes. Como sempre, à maneira de Champagnat.

Eram os anos 90, em pleno século XX. Os professores começaram a “adaptar-se” à tecnologia, a usar o “computador”. Saíram da prisão estática da máquina de escrever, começando assim a ter a oportunidade de corrigir os seus escritos e apresentá-los quase… como livros.

Discos rígidos (Amstrad PCW com Locoscript), 5 1⁄4, 3 1/2, Pen drive e nuvem (ou cloud) marcam as diferentes gerações de computadores e a forma como o conhecimento é armazenado. O desenvolvimento de linguagens de programação (Java, Flash, agora já aposentadas, e outras), juntamente com a consequente adaptação de muitos professores, dá um impulso ao ensino ao desenvolver elementos que permitem aos alunos enfrentar tarefas que vão muito para além da memorização.

Este foi o verdadeiro desafio dos professores: adaptar-se “clique a clique” a um tsunami tecnológico. A formação autodidata, a nível local e provincial, foi fundamental para percorrer estes novos caminhos, e assim nasceram novas ferramentas para serem colocadas ao lado de giz e do quadro.

Juntamente com isto tudo, houve também outra mudança constante: o facto que esta tecnologia omnipresente irá ficando cada vez mais entrelaçada com várias leis da educação, novas formas de pensar, alunos que se regeneram, famílias que precisam de novas respostas, um ensino que dá esperança… eles tiveram que se entrelaçar com a tecnologia prevalecente.

Eis alguns marcos deste caminho: a LOGSE, o construtivismo de Vygotsky e, sobretudo, uma mudança essencial como resultado do X Congresso das Escolas católicas de 2012. De repente, algumas freiras, Mães de Nazaré Mães de Nazaré, com hábito e iPad, mostram como integrar teorias novas e velhas (Piaget, Johnson e Johnson, Vytsgosky, Gardner) para que os alunos sejam protagonistas da aprendizagem. Há assim uma revolução no mundo da educação, que ganha vida. Ao mesmo tempo, continuam a chegar novos recursos, tais como quadros interativos, ecrãs táteis e dispositivos pessoais.

Inovação com caráter próprio

Nós Maristas, sempre prontos para novos desafios, analisamos esta realidade e vemos nela uma oportunidade. Assumimos esta inovação e integramos o nosso caráter próprio. Alquimistas da vida, renovamos as nossas fórmulas para oferecer o elixir da eterna juventude, incluindo na proposta de renovação uma janela aberta à interioridade e à espiritualidade.

Agora, hoje em dia, a roda da inovação continua a girar e é necessário incluir mais uma vez na nova equação a robótica, a programação e sua integração na educação Steam. Para além disso, a inclusão é essencial em todo o processo e a tecnologia pode ajudar-nos a dar este passo tão importante. O mundo é a casa de todos. A educação é um lar de luz para cada criança, simplesmente pelo facto de existir.

Vários dispositivos para as aulas fazem com que tenhamos que nos focar em investimentos tecnológicos ou de infraestruturas para adaptar as obras educativas. Microsoft, Google, Apple apostam muito na educação. A especialização em Programas de educação exige atualizações constantes e rápidas, pois o que aprendemos ontem é desvalorizado hoje e amanhã acordamos com novos desafios. Por isso, o investimento na formação em tecnologia, competências e educação é fundamental para nos movermos neste mundo em constante mudança, pois somos as peças-chave de uma engrenagem que funciona como o coração do mundo e sabemos o quanto somos necessários. O nosso coração não pode parar de bater.

Olhar para a frente é muito importante, mas olhar devagar pode ser mesmo essencial. Embora haja coisas que, a priori, já nos parecem inúteis e ultrapassadas, tudo serve para aprender. E esta é uma boa notícia. O quadro, o computador, o giz, os livros, as notas, os programas ou os dispositivos são instrumentos nas mãos do motor mais poderoso do universo: a evolução. Nada para. Tudo avança. Anda daí, que ainda vens a tempo.

Aliado a isto tudo, o trabalho de “colmeia” dos professores constrói um futuro sólido. Vivemos isto numa situação extrema como a pandemia, na qual sobrevivemos graças a cada uma das mãos que se levantavam para construir uma esperança.

O futuro é tão mutável que só podemos vislumbrá-lo. Esta é a magia da vida: saber que não sabemos. E tudo o que nos espera é maravilhoso porque nos encontrará prontos para escrever o que vier. Não esqueças de o guardar na nuvem dos sonhos para o poder partilhar.

Resumindo, “Sempre quis ver como seria o futuro e, afinal, ele já chegou.”

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Alfredo Veiga

Revista Século XXI

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