A importância do laicato na Congregação Marista
O Irmão Teófilo, Coordenador do Projeto AD GENTES, em Roma, deu em outubro de 2009 uma longa entrevista do para o jornal semanário ?Notícias de Chaves? sobre o laicato marista e o livro recentemente publicado ?Em torno da mesma mesa – A vocação dos leigos maristas de Champagnat?. Da entrevista selecionamos 4 pontos para a nossa página web. Este é o segundo (veja aqui o primeiro).
Ponto 2 ? A vocação marista leiga e o símbolo da mesa
Notícias de Chaves: Entremos na ?coração? do novo documento ?Em torno da mesma mesa?. Como fez, há dois anos, com o documento ?Água da Rocha?, diga-nos o que há de novo neste novo documento?
Ir. Teófilo: Comecemos pelo título e subtítulo. No seu todo, diz: Em torno da mesma mesa ? A vocação dos leigos maristas de Champagnat, Roma, 2009.
Como o subtítulo já o deixa adivinhar, trata-se, pois, de um documento cujo tema é a vocação do leigo marista. Portanto, é um tema que se refere a pessoas, nos mais diferentes estados de vida – casados, solteiros, sacerdotes – que optaram por viver a sua vida segundo a espiritualidade marista e, dentro das possibilidades pessoais de cada um, participando também na missão do Instituto Marista. Continuando com o subtítulo, devemos levar em conta duas precisões.
1. Em primeiro lugar trata-se de uma vocação, isto é, de um chamamento especial por parte de Deus a viver a sua vida humana e cristã de um determinado modo. O leigo/a vive assim a sua vida porque se sente chamado/a por Deus a essa vocação. Gostaria, desde já de sublinhar o tema do chamado, e de um chamado específico, a viver a sua vida seguindo o carisma fundacional de uma Congregação, pondo em prática a sua espiritualidade.
Logo desde o início, na apresentação (de 6 de Junho de 2009), o Irmão Seán Sammon, Superior geral, fala do ?chamado específico? (pág. 8) dos leigos em suas vidas, acrescentando logo em seguida: ?À medida que procuravam esclarecer a sua identidade laical, nos anos do pós-Concílio, alguns Leigos e Leigas identificaram-se com o carisma de uma ou outra congregação religiosa, acolhido por eles como porto seguro? (pág. 9). O livro retoma frequentes vezes esse tema e no nº 11 apresenta uma certa definição do leigo marista: ?O leigo marista é a pessoa que, a partir de um processo pessoal de discernimento, decidiu viver a sua espiritualidade e a sua missão cristãs como Maria, seguindo a intuição de Marcelino Champagnat?.
2. Essa última citação do Irmão Seán introduz a segunda precisão que gostaria de fazer. O subtítulo não fala apenas de ?leigos maristas?, mas de ?leigos maristas de Champagnat?. É muito fácil de compreender este acréscimo do nome do fundador dos Irmãos Maristas. É que há outras Congregações Maristas, como os Padres Maristas, as Irmãs Maristas, as Irmãs Maristas Missionárias. E também essas Congregações têm os seus leigos. O documento em questão refere-se apenas aos leigos/as ligados/as ao Instituto dos Irmãos Maristas e, portanto, ao carisma do seu fundador, Marcelino CHAMPAGNAT. Uma precisão que faz sentido e evita confusões.
O próprio título também merece um comentário. Contrariamente ao documento Água da Rocha, que há dois anos apresentei no vosso jornal, o documento Em torno da mesma mesa não introduz os capítulos com um símbolo. Contudo, sabemos a importância da mesa cuja fotografia aparece na capa do documento. É a mesa de La Valla (primeira casa do Instituto) e que foi fabricada pelo próprio fundador. Tornou-se um símbolo para todo o Instituto.
No documento ?Água da Rocha?, era o símbolo do terceiro capítulo com o título ?Como Irmãos e Irmãs?. É fácil de compreender que é um símbolo que nos envia, sem grande esforço, à realidade da comunhão, da unidade, da fraternidade, da partilha, da amizade, finalmente do amor que deve existir em toda a família ou comunidade religiosa. Ao redor da mesma mesa, nasce e constrói-se a unidade e a comunhão entre os convivas. A mesa de La Valla, colocada na capa desse documento, dá vida ao título e nos faz regressar aos tempos do Padre Champagnat.
É um convite a construir e consolidar a fraternidade entre Irmãos e ?leigos maristas de Champagnat?. No mundo marista ela é um convite a viver o espírito de família que, juntamente com a simplicidade, se tornou a característica da família marista, por excelência. O documento Em torno da mesma mesa fará referência a esse espírito, bastante frequentemente, sobretudo no capítulo 3 com o título ?A vida partilhada?. E dentro desse capítulo há uma subsecção precisamente com o título de ?A mesa de La Valla? (cf. 78-83).
Os autores, admitem neste momento que a mesa de La Valla é um símbolo especial para o mundo marista: ?A força do espírito de família congrega todos aqueles que vivem o carisma marista como uma nova família de seguidores de Cristo ao modo de Maria. A mesa de La Valla é um símbolo do relacionamento que nos une? (nº 78). O nº 80 refere o que eu chamaria o ?nível antropológico? da comunhão: à volta de uma mesa, símbolo universal de comunhão, construímos a fraternidade humana.
Mas é interessante sublinhar que o documento não esquece os outros dois níveis a que o símbolo da mesa nos remete. E apresenta-os logo na introdução. O que eu chamaria o ?nível eucarístico? e o ?nível marista?: ?A imagem e a experiência da mesa partilhada é o grande símbolo que Jesus propôs para explicar o Reino de Deus. A mesa da Eucaristia nos reúne à sua volta e torna-o presente entre nós, depois de dois mil anos. Do mesmo modo, a mesa simples de La Valla representa para nós, maristas, a gênese de nossa vocação?Como na mesa com a família em nossos lares, reunimo-nos para celebrar a vida? (pp. 17/18). Um título e um símbolo, pois, muito significativos para o mundo marista. O símbolo da mesa atravessa toda a história marista. A dos Irmãos desde as origens, e a dos Leigos/as de todos os tempos.
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Ponto 1 ? A importância do laicato na Congregação Marista
Ponto 2 ? A vocação marista leiga e o símbolo da mesa
Pointo 3 ? Estrutura do documento ?Em torno da mesma mesa?
Point 4 ? The themes of the document