25 de dezembro de 2013 CASA GERAL

A Palavra se fez carne e habitou entre nós

Olá, o meu nome é Denyse, nasci no Equador, no Estado de Zamora Chinchipe. Quando tinha quatro anos de idade, minha mãe veio à Espanha, para trabalhar tentando dar uma vida melhor para mim e minha irmã Norma.

Nós fomos criados pelos nossos avós em uma chácara. Depois de seis anos, minha mãe tentou levar a minha irmã e eu com ela, mas não podia porque necessitava um monte de documentação e foi negado o visto para vir ao país. Após 3 anos, minha mãe tentou trazer-nos novamente, desta vez conseguiu trazer-me, mas para minha irmã, o visto foi negado novamente. Cheguei aqui no dia 8/10/2010 às 23h. Tinha dificuldade para me acostumar com o horário, porque nós estávamos às 23hs e ainda não estava escuro, e onde eu morava, sempre estava escuro às 19h ou 20h. Uma das coisas que achei mais difícil para vir a Catalunha foi separar-me das pessoas do Equador.

Quando comecei a ir para a escola, eu me senti mal porque os outros estudantes falavam em catalão e não entendia nada do que eles diziam. Eu me recusei a ter amigos, porque me sentia muito mal com a maneira como os jovens aqui tratavam e se relacionavam com os professores. No Equador, eu fui criada para tratar os professores e adultos com muito respeito. Era difícil ver que aqui os jovens faziam muito diferente que eu e não sabia como reagir a essas coisas. Sentia-me muito sozinha com meus novos companheiros.

Agora estou muito bem aqui, porque eu tenho mais oportunidades de estudar e seguir em frente. O meu sonho é ser um empresária e ter o meu próprio negócio. O futuro aqui também me permite saber mais coisas sobre mim. Sou apaixonada pelos livros, posso fazer coisas que eu nunca podia fazer no Equador (como sair com os meus amigos para o shopping ou ir ao cinema, conhecer pessoas de culturas diferentes, com as quais eu também aprendo muito). cCom relação à minha família, minha mãe se chama Rosa e sempre me apoiou, me ajudando em tudo o que foi possível. Tenho quatro irmãos. Minha irmã mais velha, Norma, continua a viver no Equador, e os três menores estão crescendo e sendo educados aqui na Catalunha, com a minha mãe e comigo. Eles se chamam Juana, Leidy e Jhofre, e estão sempre me fazendo sorrir, embora eu realmente sinta muita falta de minha irmã no Equador.

Reflexão sobre migração:

A situação de todas as crianças no contexto da migração é de grande preocupação, dada a sua maior vulnerabilidade a violações de direitos humanos. Este é um grupo diversificado, incluindo crianças com status de migração regular e irregular. Embora as crianças em situação de migração irregular sejam o maior risco de violações dos direitos humanos em toda a legislação, política e prática, as crianças com estatus migratórios regulares também são vulneráveis à discriminação e exclusão dos direitos e serviços básicos. Além disso, elas também enfrentam desafios práticos, tais como, nomeadamente, as barreiras linguísticas e a falta de consciência sobre os direitos que os migrantes têm direito, tanto por parte dos prestadores de serviços como as famílias migrantes. Mesmo com situação regular, as famílias migrantes muitas vezes não têm igual acesso às medidas de protecção social, e estão em risco de pobreza, marginalização e exclusão social. (Comitê dos Direitos da Crianca e do Adolescente, Dia de Debate Geral 2012)

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Do livrinho para o Advento 2014 da FMSI: “O mundo das crianças migrantes”

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