17 de abril de 2014 ESTADOS UNIDOS

A vida religiosa

O Ir. Seán Sammon foi o Superior Geral do Instituto de 2001 a 2009. Hoje mora em Nova Iorque. Em março ele deu uma entrevista a Camille D’Arienzo publicada na revista “National Catholic Report”. Apresentamos a síntese dessa conversa em que fala da vida religiosa. A íntegra pode ser encontrada aqui, em inglês.

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Ir. Camille: Suas referências profissionais incluem um doutorado em Psicologia clínica e uma posição como diretor clínico internacional da House of Affirmation, de 1982 a 1987. Você publicou 10 livros e com frequência serviu como orador principal em conferências sobre diversos assuntos. Em quais dessas oportunidades você enfrentou os maiores desafios?

Ir. Seán: Meu trabalho como diretor clínico internacional da House of Affirmation foi a um só tempo compensador e desafiador. Em primeiro lugar, tive o privilégio de trabalhar com colegas proeminentes. Do mesmo modo, muitos daqueles que procuravam o centro para programas educacionais e residência médica eram inspiradores: gente querendo enfrentar questões desafiadoras sobre a vida e as mudanças na nossa Igreja e suas congregações religiosas. Nunca houve, contudo, um “período de ouro” na vida religiosa. Cada época enfrentou seus desafios. Precisamos empregar nossas energias para os dias atuais, incluindo as mudanças necessárias que poucos reconhecem.

 

Ir. Camille: Que impacto essas mudanças provocaram? 

Ir. Seán: Aprendemos muito com o que tudo isso inspira. Em primeiro lugar, a vida religiosa nunca pretendeu ser uma força-tarefa eclesiástica. Em segundo, nosso modo de vida integra a igreja carismática e não a igreja hierárquica. Em terceiro, a vida religiosa constitui a consciência da igreja, lembrando continuamente sobre sua verdadeira natureza, sobre o que ela deseja, pode e deve ser.

Os jovens que assumem a vida religiosa hoje nos recordam que a comunidade e uma vida vibrante de oração são partes tão importantes da vida religiosa como o apostolado da congregação. 

O desafio que se nos apresenta hoje constrói um futuro para a vida religiosa — sonhando, assumindo riscos, desejando se transformar de novo para que esse modo de vida possa continuar a ser o fermento na igreja e na sociedade que sempre pretendeu ser.

 

Ir. Camille: O que o levou à vida religiosa?

Ir. Seán: O contato pessoal com os Irmãos Maristas. Quando encontrava os Irmãos, eu me identificava muito com seu modo de vida e a obra que realizavam. Eles me pareciam muito humanos, tinham um forte sentido de comunidade e eram muito atenciosos uns com os outros, conosco e com seus alunos. Percebia um forte espírito de família entre eles, sua expressão de fé parecia muito integrada à vida cotidiana.

 

Ir. Camille: Que bênçãos e desafios você reconhece hoje na missão Marista internacional?

Ir. Seán: Ajudar os jovens a se apaixonar por Deus é uma bênção e um desafio hoje em dia. Nosso fundador, Marcelino Champagnat, sempre dizia que “para amar as crianças e os jovens é preciso amá-los, e amar a todos igualmente”.

Embora muitas pessoas associem os Irmãos Maristas a escolas, nosso trabalho tem sido sempre a evangelização dos jovens, especialmente dos mais pobres. Nosso fundador nos denominou “os Irmãozinhos de Maria” e, com toda a honestidade, é a denominação que mais aprecio. Ele via, em seu tempo, as escolas como meios para evangelizar, nunca pretendendo construir um sistema escolar.

Hoje cerca de 4 mil Irmãos Maristas e 40 mil leigas e leigos trabalham com 650 mil jovens em instituições Maristas em 80 países em todo o mundo.

Temos também um escritório no Conselho dos Direitos Humanos da ONU, em Genebra, defendendo os direitos das crianças. Nossos apostolados hoje são muito diversificados, de ensino fundamental a grandes universidades. Temos uma escola para crianças moradoras de rua com deficiência em Phnom Penh, no Camboja. Trabalhamos com meninos-soldados e participamos de um programa internacional de voluntariado para jovens oferecendo um ou dois anos de trabalho. 

Assumimos radicalmente a orientação do nosso fundador: “o Irmão Marista é uma pessoa para quem o mundo não é suficientemente grande”. 

 

Ir. Camille: Você ocupou muitas posições dentro e fora da comunidade Marista. Qual representou o maior desafio e a maior satisfação?

Ir. Seán: Como já mencionei, tive a felicidade de viver em plenitude tudo o que assumi em minha vida. Durante o tempo que fui presidente da Conferência das Congregações Católicas Masculinas dos Estados Unidos, nossa equipe de líderes — Ir. Paul Hennessy (Irmãos de Cristo), Pe. Patrick Tonry (Marianista), Pe. Roland Faley (membro da Terceira Ordem Regular de São Francisco) e Pe. Jerry Brown (Sulpiciano) — visitava as Congregações Religiosas e outros escritórios católicos todos os anos. Em muitas oportunidades, íamos a Roma com as superioras da LCWR (Leadership Conference of Women Religious). Para mim, essas viagens eram as mais eficazes entre todas as que realizamos. Janet Roesner, então diretora-presidente, Nadine Foley (Dominicana) e Kathleen Pokpo (Irmãs da Divina Providência) me ensinaram muito sobre o amor ao modo de vida das religiosas. Seu zelo pela missão foi inspirador.

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