Acreditar em Deus é uma opção, não uma tradição
Durante a primeira quinzena de agosto, tive a chance de acompanhar o Irmão Daniel Martin (coordenador provincial da pastoral dos jovens) nas suas atividades pastorais em terras cubanas. Assim que se chega nessa ilha, percebe-se que se está num país diferente. Várias histórias podem confirmar a afirmação precedente, mas o objetivo dessas linhas é outro.
Sabendo o quanto é complicado descrever as experiências significativas que toda pessoa pode viver, gostaria de destacar três aspectos que ficaram gravados em meu espírito e em meu coração. Primeiramente, agradeço pela acolhida, pelas atenções e pela partilha fraterna com os irmãos das comunidades maristas de El Cotorro (Havana) e Cienfuegos. Os gestos simples fazem a diferença dentro e fora dos lugares que eles freqüentam cotidianamente. Através dos longos diálogos e das visitas aos lugares circunvizinhos, pude perceber parte do dinamismo pastoral, do entusiasmo, da criatividade e da doação gratuita na missão. A capacidade de vencer dificuldades (principal preocupação atual do povo cubano) é fora de dúvida. Inseridos numa realidade complexa em todos os níveis, eles continuam a impulsionar projetos e a enfrentar desafios. Agradeço a Chamba, Héctor, Jesús, Manuel e Mário, pelo testemunho e pela doação de suas vidas. Coragem para percorrer os caminhos e… continuem sempre Maristas… que fazem a diferença.
Em segundo lugar, gostei muito do encontro e da partilha com os 120 catequistas adultos no “Taller de Catequistas” (Atelier de Catequistas), em Havana (3 de agosto) e com os 45 jovens na “Escuela de Líderes” (Escola de Líderes), em Santiago de Cuba (9-14 de agosto), aos pés do santuário da “Caridad Del Cobre”. Essas atividades pastorais me possibilitaram acompanhar a realidade eclesial vivida por essas pessoas e que se assemelha à que se vive a esse respeito na ilha. Os catequistas, na maior parte com mais de 50 anos, acumulam experiência e fidelidade. São depositários de uma fé herdada de seus pais e avós, algumas vezes transmitida apesar da adversidade política; são testemunhos numa comunidade eclesial que continua a avançar. Eles mostram um grande desejo de se formarem para realizar melhor a missão.
Os jovens da Escola de Líderes pertencem a várias dioceses. Eles se mostraram próximos, simples, espontâneos e firmes na fé. É bom lembrar que ser crente em Cuba é uma opção e não uma tradição. As experiências que compartilharam confirmam o que acabo de dizer. É notável a disponibilidade para o engajamento missionário no seio das comunidades eclesiais. Apesar da juventude (15-24 anos), todos acompanham grupos de crianças, de pré-adolescentes ou de jovens. Eles se caracterizam também pela alegria, pela capacidade artística e pela sede de formação no âmbito espiritual. Alguns aspiram seriamente a vida sacerdotal ou religiosa e não escondem isso. Outros, mais críticos, buscam alternativas para modelos eclesiais pouco tradicionalistas…
Enfim, destaco o trabalho em equipe no que diz respeito ao planejamento, à realização e avaliação das atividades pastorais… Compartilhei momentos agradáveis com os irmãos Dany e Héctor, o noviço Mario, a irmã Eduarda, os jovens líderes Gustavo e Maria Amélia. Foi um trabalho intenso e com muitos desafios, que teve um bom desfecho graça à ação do Espírito em nós e às boas disposições de todos. Por mais longos e complicados que sejam esses caminhos, é possível “fazer conhecer e amar Jesus Cristo”. Assim nós fazemos a diferença!
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Irmão José Luís Merino