28 de setembro de 2015 CUBA

Como comunidade marista vivemos intensamente o ?furacão Francisco?

O Papa Francisco visitou Cuba de 19 a 22 de setembro antes de viajar para os Estados Unidos. Os maristas da comunidade de Cienfuegos partilham conosco suas impressões sobre a presença do Pontífice no país.

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Apresentamos a seguir algumas impressões que não pretendem ser uma análise rigorosa, mas a partilha de algumas breves observações sobre o que refletimos e vivenciamos nesses dias.

Foram quatro dias, antecedidos de quatro meses, que, como Igreja cubana e comunidade marista, vivemos intensamente o “furacão Francisco”, dias de alegria, esperança e escuta, mas também de alguns temores e preocupações, além de muito movimento e vibração. Os meios de comunicação deram ampla cobertura ao acontecimento. Queira Deus sejam dias que se transformem em graça e chamado para renovar nossos compromissos religiosos e missionários.

Eis a seguir algumas impressões.

Em sua chegada ao aeroporto de Havana, o Papa destacou o caráter “apostólico” de sua visita. Ao final fez algumas sutis insinuações com implicações de natureza social: “… que a Igreja continue acompanhando e incentivando o povo cubano em suas esperanças e preocupações, com liberdade e com os meios e espaços necessários para anunciar o Reino”. E ao final acrescentou: “Terei oportunidade de ir à Nossa Senhora da Caridade do Cobre como filho e peregrino para pedir à nossa mãe por todos os seus filhos e por esta querida Nação, para que percorra os caminhos da justiça, paz, liberdade e reconciliação”.

As Eucaristias, tanto a de Havana como a de Holguín, comparadas com celebrações anteriores, ganharam em sabor caribenho, em participação ativa das comunidades, em espírito de oração e escuta, em inculturação. Pareceu-nos que as duas missas congregaram significativamente menos gente do que nas vistas anteriores, o que nos alegrou, pois foram assembleias “desinchadas” , na escala real da Igreja cubana, que é uma Igreja minoritária. Em Havana, as palavras do Papa nos convidaram, não para “nos servir dos outros, mas para servir, cuidar da fragilidade do próximo”. Na homilia de Holguín comentou a conversão de Mateus como um “jogo de visão” em que sempre “é Jesus o que dá o primeiro olhar” e nos incentiva a “deixar que seu olhar nos devolva a alegria, a esperança e a alegria de viver”. O silêncio e atenção com o qual o Papa era seguido em suas homilias “arrepiava”.

O encontro com os jovens foi emocionante, as palavras do garoto que falou com o Papa foram francas, realistas, diretas. E sua resposta, Francisco deixou de lado o discurso que tinha preparado e improvisou uma mensagem em que convidava os presentes a sonhar, a narrar seus sonhos, a ser terra de encontro, a dialogar, a promover a amizade social, a não nos fechar em “conventinhos”, a viver e contagiar com a esperança.

O momento em que vimos o Papa mais comovido foi o encontro com religiosas, seminaristas, sacerdotes e religiosos na Catedral de Havana. Também aqui deixou de lado a mensagem que havia preparado e nos incentivou a ser uma Igreja pobre, disposta a realizar sua missão em meio às limitações e restrições, privilegiando atitudes de misericórdia e tendo preferência pelos últimos.

O encontro com os animadores das Casas Misión no Cobre teve um acentuado caráter mariano. Dentro do santuário nos congregamos ao redor de mil pessoas, e fora talvez o dobro, pessoas simples vindas dos bairros e localidades de todas as Dioceses de Cuba. O fervor se manifestou no entusiasmo dos ritmos cubanos que retumbavam em uma basílica lotada de gente. 

O Papa nos animou a “sair de casa”, como Maria na visitação, e a  contribuir com a “revolução da ternura”.

Francisco é um Papa que fala com palavras e gestos. Com o seu sorriso aberto e sua proximidade com as pessoas, seus abraços e carinhos nas crianças, nas pessoas incapacitadas e nos anciãos, ele nos  animou a nos fazer presentes nas periferias existenciais levando alegria e consolo. É especialmente querido em Cuba porque além de uma personalidade carismática que atrai, está contribuindo para o degelo nas relações com o governo dos Estados Unidos e na aproximação entre os dois povos. Quase todas as suas intervenções terminaram com um humilde “e não se esqueçam de rezar por mim, ou ao menos de me desejar coisas boas”.

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Comunidade Marista de Cienfuegos

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