30 de junho de 2011 TANZâNIA

Da indigência à misericórdia

Para os objetivos e o carisma de Champagnat, dá-nos, hoje, nosso pão e nossa água quotidiana. Num primeiro artigo, o Ir. Marino Primiceri nos informou sobre seu apostolado em Mji wa Huruma, na Tanzânia: reformas materiais urgentes, conserto de máquinas de primeira necessidade, acompanhamento dos desfavorecidos pela natureza e os rejeitados pela sociedade (leia o artigo). Eis, agora, algumas reflexões que brotam da oração ou a ela conduzem.

Senhor, Tu és MISERICÓRDIA INFINITA e, contra essa, o mal não consegue prevalecer. A livre escolha que nos permites apesar de nossa fraqueza, e as prioridades, que não são as tuas, afastam-nos e levam-nos para onde Tu não estás, e lá ? face a face conosco mesmos ? não queremos ir nem queremos ficar. Longe de Ti é o inferno. Colocas em nossos caminhos sinais tão claros quanto obscuros: claros para os que querem ver, e obscuros para aqueles que optam pelo interesse pessoal, pelas vantagens materiais, pelo poder, a posse, a glória imediata, o orgulho, a pertença à raça, à tribo e ao clã ou ao clube das pessoas ricas. Essa pertença, seja a da carne, da inteligência, seja a da simples superioridade imotivada, essa não é a Tua. Minha alegria, Senhor, é estar onde Tu quiseres. Tu sabes melhor do que nós o que realmente nos falta: nossas orações são muito imperfeitas, interesseiras, beirando o inconveniente e, às vezes, a insolência.

Ensina-nos a rezar. Ensina-nos a dar tempo, a prestar ou a dar atenção, ?sem interesses?. Que nossos atos, nossos gestos, nossas palavras, nossos pensamentos e sentimentos sejam os Teus; seja para com o pequeno, tão próximo a Teu coração, seja para com os ?ainda não pequenos?, mas que se consideram ?grandes? ou mesmo Judas, – pedra de escândalo indispensável, personagem chave na Redenção – meu modelo quotidiano quando quero o dinheiro, o poder sobre o Inocente, ou quando desejo combinar água e fogo. Perdoa de novo, Senhor, esse Judas que eu sou, os traidores que somos.

Faze-nos passar da indigência à misericórdia; de nossa pobreza à Tua misericórdia, e que todos nós vivamos de Tua misericórdia. Possamos reconhecer-Te no rosto ferido, no corpo deformado, no mal-intencionado, jeitoso e manso, que trama nossa perda e encontra a própria. Tu me concedes a graça de ajudar, como operário de última hora, em Mji wa Huruma, esse Hermitage em que há tantos trabalhos a serem feitos, na humildade, simplicidade e esquecimento.

No silêncio e diante da Presença nasce a oração, fonte da fé e da caridade. E sem essa caridade, não somos nada: címbalos sonoros, tambores vazios, mesmo quando são da realeza. ?Todas as dioceses do mundo entram em nossos planos?. Um repente? Talvez sim. Queria ele dizer que os lugares mais distantes, as localidades mais estranhas não nos assustam? Com audácia e entusiasmo enviou seus Pequenos Irmãos e carregou-lhes a bagagem até a partida. Os apostolados mais diversos não nos desagradam; se um sinal da vontade de Deus se manifestar, não duvidaremos. Esses são fatos de nossa história. Os ciosos por suas prerrogativas, os invejosos e preguiçosos, os que usam meia de seda não se entristeçam; os que impedem a velocidade, os limitadores de projetos e de carisma se deem conta que o Carisma de Champagnat não é feito para os livros nem está pronto para ser empacotado. Obriga-nos, Senhor, a construir a Cidade onde o Rei e a Lei sejam a Misericórdia!

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