4 de abril de 2020 CASA GERAL

Ir. Sylvain Ramandimbiarisoa, Conselheiro Geral: Da Quaresma à Páscoa 2020

Ir. Sylvain Ramandimbiarisoa – Conselheiro Geral

O período da Quaresma é um tempo de preparação para a celebração da Ressurreição de Cristo. Geralmente ela se caracteriza pelo sacrifício como um meio de superar nossas fraquezas. Jejuar, pode ser simbólico, mas se trata de aceitar as privações mais ou menos difícil para viver melhor os valores cristãos.

Este ano de 2020, a Quaresma está fora do comum, devido à disseminação mundial do coronavírus. Somos forçados a ficar em casa para evitar o contágio e, portanto, salvar a vida. Existem diferentes maneiras de responder a essa situação: aceitar ou sofrer. Vivê-la como Quaresma ou sofrê-la como punição.

Sofrer, como se resignar, é ser passivo e há um sentimento de impotência. Podemos ver a situação atual como um castigo que devemos suportar e que não podemos fazer nada. Isso pode levar à morte. Por outro lado, aceitá-la nos daria um novo impulso. A aceitação conduz a uma transformação, a ver o futuro de forma diferente, a se abrir para novas perspectivas.

A Quaresma de 2020 nos revela que nós podemos relativizar o que fazemos e ver o que é essencial. Percebemos que é possível interromper nossas atividades diárias que julgávamos necessárias e essenciais. Assim, podemos nos abrir para novas formas de viver! Concentrar-se no essencial e relativizar todo o resto. Somente Deus é o absoluto, o essencial, o único inevitável, porque ele é a origem de tudo, e tudo termina nEle, Ele é o Alfa e o Ômega.

A situação atual nos priva da segurança. Estamos continuamente apavorados com os dados divulgados todos os dias sobre o número crescente de pessoas afetadas pelo coronavírus, aquelas que estão doentes e as que morreram. Temos medo da morte. Estamos fazendo tudo, em nível global, para sobreviver.

Contemplemos o Cristo que passou pela mesma experiência no jardim do Getsêmani. Teve medo da morte que o ameaçava. Ele elevou sua oração a Deus Pai: “Meu Pai, se não é possível que este cálice passe sem que eu o beba, faça-se a tua vontade!” (Mt 26,42). Depois disso, ele se entrega à vontade de seu Pai.  

O Mistério Pascal que celebramos é a contemplação da morte de Cristo e sua ressurreição. É preciso morrer para viver: “Se morrermos com Cristo, cremos que também viveremos com Ele” (Rm 6,8).   Temos fé suficiente para aceitar isso na profundidade do nosso ser e do que vivemos? Esta é a condição necessária para permanecermos em paz, apesar das adversidades da vida. Fazemos tudo o que podemos para evitar a morte, Deus faz o resto. Nós aceitamos a vontade dele.

Pelo menos, poderíamos deixar morrer ou abandonar certos hábitos para adquirir uma nova maneira de viver mais eficaz, mais de acordo com a vontade de Deus? Adotar uma nova maneira de fazer coisas que melhor atendam à realidade atual e às necessidades emergentes? Abrirmo-nos aos valores de nosso tempo, entre outros, à solidariedade, à vida como uma família global?

Celebremos o Mistério Pascal com fé e continuemos a viver, com esperança, a verdadeira vida do Cristo Ressuscitado!

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Sylvain Ramandimbiarisoa – Conselheiro Geral

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