Água da Rocha
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6 de junho de 2007
Festa de São Marcelino
Prezados Irmãos e membros da Família Marista:
Os primeiros seguidores de Marcelino Champagnat amavam o Fundador como a um irmão maior e como a seu pai. Isso não causa estranheza, uma vez que o jovem sacerdote e seus discípulos tinham muitas coisas em comum.
João Maria Granjon, os Irmãos Audras, João Batista e João Cláudio, Antônio Couturier, Bartolomeu Badard, Gabriel Rivat e João Batista Furet eram moços despretensiosos, provenientes do campo, vivendo do fruto de seu trabalho.
Mais ainda, vinham, quase todos, sem estudos. Já sabemos que o próprio Fundador teve que lutar para superar as dificuldades acadêmicas e, no seminário, passou por maus momentos, devido às lacunas em seu preparo.
Mas, as raízes da lealdade e da dedicação dos jovens que Marcelino reuniu, em torno a si, eram muito mais profundas do que as semelhanças e a experiência que tinham, em seus respectivos contextos. Porque o Fundador era um homem enamorado de Deus e, com sua ajuda, seus primeiros Irmãos chegaram a sê-lo também. Eles, sob sua orientação, foram tomando progressiva consciência da presença de Deus e aprenderam a confiar em sua providência.
Marcelino ensinou-lhes também a tomar Maria por modelo, sabendo que esse era um caminho seguro, para centrarem suas vidas no Senhor.
Esforçaram-se desse modo por imitar o jeito de Maria. Plenamente fiéis à visão apostólica do Fundador, esses jovens fizeram sua a preocupação que o Fundador tinha pelos pobres de Deus e porfiavam por atendê-los.
Com o passar do tempo, seu modo de viver o Evangelho converteu-se como num reflexo do caráter e dos valores da pessoa que os inspirara. Anos mais tarde, muitos deles recordavam esse sacerdote tão decidido e corajoso quanto entusiasta e prático, desejoso de concretizar as idéias e impregnado do espírito de humildade. Aqui brota a fonte da espiritualidade simples e pés-no-chão, que ele gratuitamente partilhou com seus Irmãos.
Essa espiritualidade nascia da própria experiência de Marcelino em sentir-se amado por Jesus e chamado por Maria. Com os outros pioneiros maristas, estava convencido de que Ela suscitava a nova Sociedade, para tornar-se uma forma renovada de ser Igreja. Em Fourvière, comprometeram- se a converter esse sonho em realidade.
Recebemos a espiritualidade de Marcelino Champagnat e dos nossos primeiros Irmãos, como uma preciosa herança (C 49); atualizada em cada geração que nos precedeu, ela mantém sua dimensão marial e apostólica. Cabe-nos, hoje, encarná-la, nas muitas culturas e situações em que o Instituto se faz presente, atualmente.
Os Irmãos que participaram do Capítulo de 2001 pediram ao novo Conselho Geral a elaboração de um manual que tornasse a espiritualidade apostólica marista de Marcelino Champagnat acessível a uma audiência mais ampla. Os capitulares estavam conscientes de que, desde o começo do Instituto, essa espiritualidade fora um atrativo não apenas para os Irmãos de Marcelino, mas também para o laicato marista. Constitui- se um privilégio para mim apresentar o documento intitulado Água da Rocha: Espiritualidade Marista – fluindo da tradição de Marcelino Champagnat.
Este texto resulta do trabalho de muitas mãos e é fruto de muitas consultas. Sabemos que toda espiritualidade genuína é viva e dinâmica, e portanto, convém ter presente que, o que foi escrito nestas páginas, não representa a última palavra sobre o tema. Foi escrito, sim, para a nossa época e para este momento da história.
Numerosos são os que tiveram papel importante na elaboração do documento e de seus conteúdos, mas houve um grupo particular, integrado por Irmãos, leigos e outros membros maristas de vários países, que conduziu este projeto do começo ao fim. Meu agradecimento a quantos tomaram parte nesse trabalho, especialmente os membros da Comissão Internacional: Irmão Benito Arbués, FMS, Irmão Bernard Beaudin, FMS, Irmão Nicholas Fernando, FMS, Irmã Vivienne Goldstein, SM, Irmão Maurice Goutagny, FMS, Irmão Lawrence Ndawala, FMS, Irmão Spiridion Ndanga, FMS, Irmão Graham Neist, FMS, Bernice Reintjens, Agnes Reyes, Vanderlei Soela, Irmão Miguel Ángel Santos, FMS, Irmão Luis García Sobrado, FMS, e de maneira especial o Irmão Peter Rodney, FMS, membro do Conselho Geral, que coordenou os trabalhos do grupo.
Como dizemos, a espiritualidade apostólica marista é uma experiência viva e dinâmica de Deus, que se orienta, ao mesmo tempo, à contemplação e à ação. Transformados pelo amor de Jesus e chamados por Maria, somos enviados em missão, a anunciar a Boa Nova de Deus, às crianças e aos jovens marginalizados da sociedade.
Aqui nasce o título deste texto: Água da Rocha. Quem conhece a história de Marcelino sabe que ele construiu a casa de l´Hermitage com suas próprias mãos, aproveitando a rocha que havia cortado. Aágua do Gier, riacho que percorre a propriedade de l´Hermitage, foi uma fonte importante de vida para a comunidade nascente. Ao recolher essas duas imagens, o documento Água da Rocha reserva para a espiritualidade apostólica marista de Marcelino, o lugar central e merecido na vida de cada um de nós e de todos os que chegarem a conhecer e a amar o fundador, como os primeiros discípulos seus, há tantos anos. Desejo que a leitura destas páginas lhes possibilite o aprofundamento da experiência interior e pessoal, e os ajude a crescer na fé.
Com afeição,
Irmão Seán D. Sammon, FMS
Superior Geral