Em torno da mesma mesa
O Conselho Geral dos irmãos maristas aprovou na última sessão plenária (junho 2009) o documento Em torno da mesma mesa – A vocação dos leigos maristas de Champagnat. Este documento foi elaborado por uma comissão internacional composta por 7 leigos e 3 irmãos, entre abril de 2006 e maio de 2009, depois de um amplo processo de consulta aos leigos e irmãos de todas as unidades administrativas do instituto.
Com grande alegria, hoje oferecemos este documento a todos os leigos e irmãos do Instituto, pedindo a Deus que sirva para uma maior vitalidade do carisma marista.
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Ir. Pau Fornells
Secretariado dos Leigos
Apresentação do Ir. Seán, Superior Geral
Caros Membros da Família Marista,
O câmpus da Universidade Columbia em Nova York é o cenário que Chaim Polok escolheu para seu romance A promessa. O livro conta a história de Reuven Malter, um estudante crítico e pensativo que estuda para ser rabino, e seu amigo Danny Sunders, cujas decisões na vida tinham-no afastado da comunidade judaica hassídica da qual era membro.
À medida que a narrativa se desenrola, Potok convida os leitores a fazerem uma peregrinação com Reuven e Danny, que enfrentam os conflitos que inevitavelmente surgem quando as tradições de sua fé vão de encontro aos valores do mundo dos anos 1950. Embora o autor nunca mencione isso, A promessa é um conto sobre identidade e o caminho que cada um de nós precisa percorrer para construir a sua.
Desde o encerramento do Concílio Vaticano II, muitos leigos e leigas lutam para encontrar um lugar em nossa Igreja, em uma caminhada não muito diferente daquela dos personagens do livro de Potok. E as razões são óbvias. Antes desse histórico encontro, considerava-se que apenas padres, religiosos e religiosas tinham o que se denominava vocação, não tocando a leigas e leigos qualquer chamado específico nesse sentido. Felizmente, quando o Concílio chegou a seu final, essa concepção equivocada foi corrigida, e leigas e leigos, ao menos em teoria, tiveram restaurado seu legítimo lugar na Igreja.
Durante os anos seguintes, muitos esforços foram empreendidos para que fosse esclarecida a identidade do laicato, bem como seu papel e lugar na Igreja. Não importa quanto custe, essa é uma tarefa que ainda precisamos completar. Afinal, os documentos do Vaticano II são bastante claros: a convocação à santidade é universal e, pelo mérito do batismo, cada um de nós deve assumir a responsabilidade pela missão da Igreja, proclamando o Reino de Deus e a sua imanência.
À medida que procuravam esclarecer sua identidade laical nos anos pós-Concílio, alguns Leigos e Leigas identificaram-se com o carisma de uma ou outra congregação religiosa, acolhido por eles como porto seguro. Religiosas e religiosos igualmente tomaram consciência de que os carismas que tinham iluminado e orientado suas congregações durante tanto tempo eram, de fato, dons de Deus para toda a Igreja.
O documento Em torno da mesma mesa – A vocação dos leigos maristas de Champagnat muito contribuirá, creio eu, para o conhecimento que vai sendo construído sobre a vocação de leigas e leigos na Igreja atualmente. O mais importante é que o texto nos ajude a avançar na compreensão mais ampla do importante papel que o laicato marista representa na vida do Instituto e da Igreja e a responsabilidade que partilha com os irmãos para viver o carisma e levar avante o apostolado recebido pela Igreja por mediação de Marcelino.
Elaborado por uma pequena comissão editorial, o texto inclui as reflexões de um grupo muito mais amplo do laicato marista. Seu conteúdo também se fundamenta na experiência cotidiana de leigas e leigos maristas de todo o mundo. Esses elementos propiciam ao texto um sabor internacional especial. Os diversos testemunhos pessoais citados ao longo do documento ajudam o leitor a identificar com mais detalhe os pontos discutidos.
Deus vem claramente estimulando as vocações maristas leigas nestes últimos tempos. Em torno da mesma mesa constitui-se em um manualque ajudará seus leitores a aprofundarem seu conhecimento sobre essa bênção para nossa Igreja e nosso Instituto. Eles terão também a oportunidade de explorar com mais profundidade pelo menos três elementos que caracterizam de modo especial esse modo de vida: seu apostolado, sua espiritualidade e a vida partilhada.
Recomendo que você leia e estude este documento e medite sobre ele, sozinho e com outros. Que seja esta a primeira de muitas publicações escritas por leigos e leigas maristas de todas as partes do Instituto e do mundo. E que seja igualmente uma indicação da vitalidade e viabilidade do carisma que a Igreja e o mundo receberam pela mediação de Marcelino e da qual todos nós retiramos nossa identidade, como Irmãos e como leigas e leigos maristas.
Sou muito grato aos membros da comissão editorial por seu árduo trabalho: Annie Girka (L?Hermitage), Bernadette Ropa (Melanésia), Carlos Navajas (América Central), José María Pérez Soba (Ibérica), Sergio Schons (Rio Grande do Sul) e os irmãos Afonso Murad (Brasil Centro-Norte) e Rémy Mbolipasiko (Afrique Centre-Est). Sou igualmente agradecido a Anne Dooley (Melbourne), que integrou a Comissão durante boa parte de seu funcionamento, contribuindo significativamente com esse esforço, e também a Noel Dabrera (South Asia), que colaborou enormemente com esse trabalho, mas que veio a falecer antes que fosse completado.
Meu agradecimento especial ao irmão Pau Fornells, que conduziu este projeto do início ao fim. Sem o seu empenho, bem como o da comissão editorial, duvido que algum dia este documento tivesse conhecido a luz do dia. Trabalharam com determinação e paciência para cumprir os prazos, reescrever os conteúdos e fazer as revisões. Foi um verdadeiro trabalho de amor.
Obrigado ao irmão Pedro Herreros e aos membros da Comissão do Laicato do Conselho Geral e também aos irmãos Emili Turú, Pedro Herreros, Juan Miguel Anaya e César Henríquez, da Comissão da Missão e Laicato, pelo aconselhamento e apoio permanente que dedicaram às pessoas que se dedicaram ao projeto. Do mesmo modo, agradeço o irmão Antonio Martínez Estaún, Diretor de Comunicação do Instituto, que registrou em fotos o trabalho da Comissão e elaborou o projeto da publicação.
Reuven Malter e Danny Saunders, os dois jovens amigos em torno dos quais Chaim Potok construiu seu romance, fizeram uma longa e desafiadora peregrinação na qual foram construindo sua identidade. Assim também todos nós, que amamos o modo de vida e a missão maristas, fizemos um longo percurso desde o Vaticano II para formar as nossas respectivas identidades, e só agora começa a dar frutos. O documento Em torno da mesma mesa – A vocação dos leigos maristas de Champagnat é um dos exemplos desse fato. Que ele possa enriquecer seu conhecimento sobre a vida e a missão maristas e encorajar sua fé.
Com minhas bênçãos e afeição.
Seán Sammon, fms – Superior-Geral
Roma, 6 de junho de 2009 – São Marcelino Champagnat
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