Entidades maristas levantam a voz em defesa da preservação ambiental
PDF: English | Español | Français | Português | Italiano
Vários órgãos do Instituto Marista, junto com a Fundação Marista para a Solidariedade Internacional (FMSI), divulgaram uma carta manifestando a preocupação com os contínuos incêndios que ocorrem na Bolívia e a consequente ameaça para a Casa Comum provocada pela destruição da floresta.
Los Maristas de Champagnat de Bolívia, pertencentes à Província de Santa María de los Andes, buscam inserir espaços de formação e ação dentro do âmbito educativo das obras no país pertencentes à congregação. Desse contexto nasce o interesse em suscitar canais de reflexão e de denúncia, colocando em prática uma das prioridades institucionais indicadas no último Capítulo Geral: “Despertar em nós e à nossa volta uma consciência ecológica que nos comprometa com o cuidado de nossa casa comum”.
A carta proposta por FMSI, reproduzida abaixo, foi assinada também pelo Secretariado de Solidariedade do Instituto, Rede Coração Solidário, Grupo temático Ecología Integral y Cuidado de la Casa Común, Sector Marista Bolivia, Consejo Consultivo Estudantil Marista e Equipo de Solidaridad Marista Bolivia.
13 de janeiro de 2022
Ref.: Pronunciamento sobre Incêndios em Áreas Protegidas
À opinião pública, local, nacional e internacional:
De forma atenta, a Fundação Marista para a Solidariedade Internacional (FMSI) com representação junto à ONU, juntamente com outras Instituições Maristas em nível de América, signatárias desta carta, dirigimo-nos respeitosamente à opinião pública e às autoridades locais, subnacionais e nacionais do Estado Plurinacional da Bolívia.
O objetivo é manifestar nossa preocupação com os contínuos incêndios que vêm ocorrendo em diferentes departamentos da Bolívia, especialmente na área de Chiquitania, no Parque Madidi, no Parque Nacional Tunari e nos arredores da lagoa Alalay, e o perigo que carrega para nossa Casa Comum e nossa Mãe Terra.
A seguir, apresentamos alguns dados recentes que especificam a dimensão do problema:
- A Bolívia está entre os países com maior desmatamento de florestas tropicais da região e do mundo. Em 2020, a Bolívia perdeu quase 300.000 hectares de floresta tropical, a “quarta maior do mundo”[1].
- Foram detectados mais de 3,4 milhões de hectares queimados acumulados em 2021 em nível nacional, correspondente ao período de 1º de janeiro a 15 de outubro[2]. Quase 95% dessas áreas afetadas pertencem aos departamentos de Beni e Santa Cruz.
- Segundo estimativas, a queimada, que já dura um mês, consumiu até agora mais de 450 hectares de floresta nas áreas protegidas da Reserva da Biosfera e da Terra Comunitária Pilón Lajas, colocando em risco o Parque Nacional Madidi[3].
- No domingo, 24 de outubro, um grande incêndio no Parque Nacional de Tunari carbonizou cerca de 650 hectares de florestas nativas de kewiñas, plantações de pinheiros e eucaliptos. Também queimou as lavouras das comunidades de Andrada, Tirani, Pacoya e Ornonipampa[4].
- Em 26 de outubro, outro grande incêndio registrado nos arredores da lagoa Alalay, na cidade de Cochabamba, causou um desastre ambiental. Cerca de 40 hectares foram consumidos em nove horas, destruindo a área de nidificação de uma diversidade de aves endêmicas e migratórias, sendo as espécies mais afetadas: garças noturnas, garças- vaqueiras, gaivotas e patos; o fogo comprometeu a qualidade da água devido às cinzas, canaviais e pastagens devastados, viu-se o grande estrago deixado para trás: ninhos carbonizados, coelhos, répteis e outros queimados[5]. Como fato importante, vale mencionar que a lagoa Alalay abriga mais de 60 espécies de aves, entre nativas e migratórias. Também abrigava os peixes, como o platinado que desapareceu em 2016.
Em uma conjuntura global em que nesses últimos anos foram realizados eventos como a Cúpula do Clima COP26, celebrado em Glasgow, Escócia, e estão sendo buscadas soluções diplomáticas para a problemática. Mais de 100 líderes globais se comprometeram a acabar com o desmatamento até 2030, assinando uma Declaração Conjunta. Preocupa-nos que o Estado boliviano não seja signatário do referido documento, razão pela qual nos parece muito urgente tornar visível a realidade vigente na Bolívia.
Como resultado deste evento mundial, apoiamos fortemente a Declaração[6] assinadapor 40.000 jovens, que exigem mudanças dos responsáveis pelas tomadas de decisões, reconhecendo que os jovens são a geração mais ameaçada pelas mudanças climáticas, e valorizando o importante papel que eles desempenham em todos o mundo quando se trata de criar consciência e apresentar soluções inovadoras sobre a forma de abordar este problema, garantindo assim a sua participação continuada, lembrando que continuam sub-representados nos processos de consulta e de implementação de políticas e iniciativas relacionadas com o tema.
Concordamos também com as declarações de Alok Sharma, presidente da COP26: “Em todos os lugares do mundo em que estive, fiquei impressionado com a paixão e o compromisso dos jovens com a ação climática. As vozes dos jovens devem ser escutadas e refletidas em essas negociações aqui na COP. As ações e a análise dos jovens são fundamentais para mantermos vivo o 1,5 e criarmos um futuro de emissões zero”[7]. O tema da Ecologia Integral e Cuidado da Casa Comum é importante para o Instituto Marista. Na Bolívia buscamos inserir espaços de formação e ação dentro do campo educacional de nossas Obras, por isso nosso interesse em suscitar canais de reflexão e de denúncia onde a nossa corresponsabilidade social o exige.
Sem mais, e desde já agradecendo a atenção e as ações que como Estado, Governos subnacionais, Municipais e a Sociedade Civil possam propor para enfrentar esse problema, enviamos uma cordial saudação.
Atenciosamente:
- Secretariado de Solidariedade
- Rede Coração Solidário
- Grupo temático Ecología Integral y Cuidado de la Casa Común
- Setor Marista Bolívia
- Conselho Consultivo Estudantil Marista
- Equipe de Solidariedade Marista Bolívia
- Fundação Marista para a Solidariedade Internacional (FMSI)
PDF: English | Español | Français | Português | Italiano
[1] Bolívia entre os países com maior desmatamento de florestas na região e no mundo https://www.lostiempos.com/actualidad/pais/20211105/bolivia-paises-mayor-deforestacion-bosques-region-mundo. Publicado em 5 de novembro de 2021, com dados do Global Forest Watch.
[2] Avaliação de áreas queimadas na Bolívia http://incendios.fan-bo.org/Satrifo/areas-quemadas-oct-2021/. Sistema de monitoramento e alerta precoce de risco de incêndio florestal (SATRIFO). Outubro de 2021.
[3] Fogo se propaga em Pilón Lajas e ameaça Madidi https://www.eldiario.net/portal/2021/11/03/fuego-se-propaga-en-pilon-lajas-y-amenaza-al-madidi/. Publicado em 3 de novembro de 2021.
[4] Atentado ambiental danificou kewiñas e alertam que atingem o Tunari https://www.lostiempos.com/actualidad/cochabamba/20211026/atentado-ambiental-dano-kewinas-alertan-que-parcelan-tunari. Publicado eml 26 de outubro de 2021.
[5] Incêndio em Alalay causa desastre ambiental e devasta 40 hectares https://www.lostiempos.com/actualidad/cochabamba/20211028/incendio-alalay-causa-desastre-ambiental-devasta-40-hectareas. Publicado em 28 de outubro de 2021.
[6] YOUTH4CLIMATE MANIFESTO https://www.mite.gov.it/sites/default/files/archivio_immagini/Y4C_COP-PRECOP/Youth4Climate%20Manifesto%20%281%29.pdf. Novembro de 2021.
[7] Os jovens tomam a COP26 e Glasgow para exigir ações contra a mudança climática https://news.un.org/es/story/2021/11/1499642. Publicado em 5 de novembro de 2021.