Espiritualidade de S. Marcelino Champagnat
Poderia a espiritualidade marista ajudar à nossa missão de educadores cristãos? Foi a pergunta debatida, no dia 7 de fevereiro de 2009, numa jornada de reflexão, em Atenas, organizada pela Equipe de formação das escolas maristas, na Grécia. Irmãos e leigos, membros das comunidades educativas de nossos dois colégios, o Liceu Leonino de Patissia e o Liceu de Néa Smyrni, mais ou menos 300 participantes, reuniram-se para trabalhar sobre a espiritualidade marista, sobre nossa missão e nossos compromissos. Distribuídos em grupos de reflexão, cada participante devia apresentar um ou dois parágrafos do livro ?Água da Rocha?. Nosso objetivo era claro: refletir, aprofundar nossa compreensão da espiritualidade, reagir sobre as ideias e os pontos mais importantes relevados, para partilhá-los com os demais. Era necessário ter lido o livro. Com efeito, seu conteúdo nos ajudou a apreciar melhor a espiritualidade marista, em nosso modo de vida hodierno, em nossas relações com os companheiros de trabalho, com nossos alunos e, de modo particular, em nossa relação com o Criador.
A leitura e os comentários de um grande número de artigos nos permitiram de refletir sobre aquilo que pode caracterizar nossa vida espiritual; de sentir o amor e a presença de Deus que fortalecem a convicção de que somos conduzidos por Deus, em todas as nossas experiências; de que nossa oração cotidiana parte da vida e nos reconduz à vida; com a oração trazemos todo nosso ser à presença do Senhor. Abordamos também o tema da confiança em Deus, pois nossa relação com Deus é a fonte cotidiana de dinamismo espiritual. Ainda, insistimos sobre nossa preocupação de tornar Jesus conhecido e amado, através de Maria. Refletimos também sobre o espírito de família, porque, graças a ele, estabelecem-se laços profundos entre as pessoas, a afeição e o amor se desenvolvem em nossas relações mútuas. Consideramos também o significado e o papel da simplicidade: precisamos ser pessoas sinceras e abertas em nossas relações, de modo que um respeite o outro e por ele se interesse. A reflexão também incluiu o respeito pela natureza. Com efeito, devemos preservar e proteger nosso meio ambiente para favorecer a harmonia entre os homens e a natureza, de modo a chegar ao Criador. Precisamos, pois, assinalar que são os ?sinais dos tempos? que nos permitem descobrir as verdadeiras necessidades da juventude de hoje, o que vem a ser nossa principal preocupação.
Mediante este aprofundamento, demo-nos conta de que a espiritualidade marial e apostólica, herdada de São Marcelino e desenvolvida pelos Irmãos, se renova sem cessar pela ação do Espírito Santo, bem como por nossos esforços pessoais e comunitários. Todos vivemos o carisma em comum. Nossa missão consiste, pois, em encarná-lo nas diversas situações. Orientados sempre pelos Irmãos e seguindo seu exemplo no serviço dos jovens, particularmente àqueles que têm mais necessidades, somos todos convidados a viver e a promover a mesma missão. E para podermos cumpri-la precisamos estar unidos e cultivar relações simples entre nós. Essa unidade e essa simplicidade constituem os elementos cruciais para a vitalidade de nossa vida e missão.
Os Irmãos nos mostraram o caminho: cabe a nós, leigos, segui-los. Antes de tudo, é importante conhecer-nos. Depois, nosso coração precisa estar possuído pelo amor ao próximo. Precisamos aprender a oferecer-nos aos outros, a ajudar os que têm necessidade de apoio, nossos alunos em dificuldade, as pessoas idosas, os doentes, as pessoas solitárias e os marginalizados. É preciso também pedir perdão e oferecê-lo voluntariamente a todos. Amor e perdão, ajuda e apoio mútuo, respeito e abertura aos outros vão constituir a força motriz de nossas ações. Assim estaremos em paz conosco mesmos e com os outros, e nossa imagem será semelhante à de Deus. É então que poderemos transmitir a espiritualidade marista aos outros. E é então que poderemos abrir caminhos para os jovens, bem como ajudá-los a realizar seus sonhos, suas visões e ajudá-los a descobrir o sentido de suas vidas.
Após esse dia de reflexão, todos os participantes tomaram a refeição juntos, no espírito de família que preside as relações entre todos os membros da comunidade educativa marista.
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Antoniou Anastasie-Florence