Formação de Saint Paul Trois Châteaux ? Experiência de solidariedade
A experiência de solidariedade feita durante formação de Saint Paut Trois Châteaux teve em mim um profundo impacto. Não tanto pelas poucas horas que estive com alguns dos sem abrigo da cidade de Lyon. Ja muitas vezes estive, não apenas horas, mas dias com gente sem abrigo. Desta vez o impacto para mim veio da descoberta de uma figura excepcional: Gabriel ROSSET, leigo, fundador do lar Nossa Senhora dos sem abrigo em Lyon, no dia 24 de Dezembro de 1950..
Ao ler a biografia de Gabriel ROSSET disse imediatamente: ?aqui esta um leigo marista avant la lettre?. Nasceu em 28 de Novembro de 1904 em Champier (Isère) e morreu em 30 de Dezembro de 1974 em Lyon. Nesse tempo não se falava de leigos maristas, mas ele tem tudo para ser um. Este intelectual, professor de Letras na Escola publica laica teve qualidades pedagogicas e humanistas extraordinarias. So isto ja o deixava bem colocado para se sentir bem no mundo marista. Mas encontramos nele muitos outros traços que sao pedidos a quem quer ser marista de alma e coração. Encontro pelo menos quatro.
1. Era um homem de grande devoção a Maria: quando muitos amigos sublinhavam o caracter laico da obra que estava para nascer no Natal de 1950 ele insiste e de facto impõe que a obra seja colocada sob a protecção de Maria. Dai o nome: lar Nossa Senhora dos sem abrigo. Sem que isto impedisse que o lar estivesse aberto a gente de todas as confissões. No lar todos serão acolhidos. Nao foi assim que fez o P. Champagant ao fundar a sua obra? Por outro lado, diz um trapista que o conheceu: ?O seu culto à Virgem era simples e filial?: não é este um dos traços da espiritualidade marista?
2. Era um homem de oração, de fé e de Eucaristia: era na oração que ele encontrava a energia necessaria para o seu apostolado com os pobres. Durante mais de 20 anos ele ia todas as semanas ao mosteiro trapista de Dombes. Numa dessas vistas escreveu: ?Procuro encontrar-me na oração e sobretudo na oração eucaristica: aqui encontro as forças para me dar eu mesmo e viver este dom no dia a dia fazendo actos de paciência, de coragem e de amor? (pag 127). Não estamos em cheio dentro da espiritualdiade marista?
3. Era um mistico e um homem de acção com grande amor pelos pobres: um mistico na tradição de grandes espirituais dos quais se alimentou como Agostinho e Pascal; um homem de acção porque na oração precisamente, tinha compreendido, uma vez por todas a Palavra que pede ao cristãos de socorer os irmãos mais infelizes e abandonados, ?os membros sofredores de Nosso Senhor Jesus Cristo? como ele dizia. Não foi assim que agiu o nosso fundador, Marcelino Champagnat? Por outro lado, não nos pede o nosso livro de espiritualidade de sermos misticos na acção e de estarmos proximos dos mais pobres?
4. Era um homem de grande humildade e de um coração acolhedor. Alguém escreveu dele: ?Desde o inicio ele foi o Servo fiel do Lar e ai passava todo o tempo que o seu trabalho universitario lhe deixava?. De facto, ?SERVO? foi o unico titulo que jamais aceitou. E o seu serviço e o Lar que fundou inspiraram-se na palavra de Cristo recolhida no capitulo 25 do Evangelho de Mateus: ?Eu estava nu e tu me vestistes….?. Não é a humildade a pedra de toque da espiritualidade marista e não nos fala ainda o nosso livro de conhecermos e acolhermos os Montagne de hoje?
E possivel que uma leitura mais atenta do livro Eu estava sem abrigo e tu me acolheste, Nouvele Cité, Montrouge, 2004, que recolhe textos de Gabriel ROSSET organisados pelos amigos do lar Nossa Senhora dos sem abrigo, apresentasse ainda mais vizinhanças entre a espiritualidade deste homem de Deus extraordinariamente humano e a espiritualidade marista simples, pratica e realista. Mas os quatro elementos sublinahdos mostram bem fortemente que Gabriel ROSSET foi bem um leigo marista ?avant la lettre?.
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Irmão Teofilo Minga
Membro do grupo de Saint Paul Tois Châteaux