15 de abril de 2009 CASA GERAL

Gozando da realidade

No fim de semana, de 21 a 22 de março, um grupo de onze leigos e dez Irmãos da Catalunha se encontraram, em Les Avellanes, para partilhar em profundidade sobre suas histórias vocacionais, enquanto cristãos e maristas.

Entre nós, faz anos, que realizamos a reflexão conjunta de Irmãos e leigos: comissão de missão compartilhada, coordenação de leigos, grupos de leigos e leigas, em reuniões de nível local, encontros gerais, assembleia internacional da missão marista, etc. Em muitos desses âmbitos surgiu a necessidade de clarificar um pouco mais todo o tema do laicato: sua especificidade, sua relação com o carisma e muitos aspectos mais que é preciso iluminar, pouco a pouco, em comunhão com o que se vive em nível de Instituto.

Além disso, a experiência deste fim de semana pretendeu ?saborear? o que já é uma realidade bem manifesta: o carisma de Marcelino Champagnat foi derramado no coração de muitas pessoas, Irmãos, leigas e leigos, tanto na Catalunha como em outros países do mundo. Isso, para alguns, é um descobrimento; para outros, uma tomada de consciência ou um despertar. Neste final de semana se atingiu os projetos e as reflexões relativas ao tema. Partilhamos a vida, cada um a partir da própria experiência.

Os Irmãos e os leigos que participaram desse final de semana, vivem seu dia-a-dia em realidades de missão diferentes e fazem-no a partir de suas opções e estados de vida particulares: educadores, pais de alunos, ex-alunos, casados, solteiros, Irmãos… No sábado, partilhamos ? de coração e de tu a tu ? a própria história marista; no domingo, a respectiva vinculação real – e a sonhada – com o carisma. Houve bastante tempo para partilhar (leigos com Irmãos, leigos com leigos e Irmãos com Irmãos), tempo pessoal de interiorização e espaços para a celebração conjunta.

Em verdade, um tempo privilegiado, verdadeiro presente para aqueles que o viveram; é uma nova referência neste caminho que vamos trilhando.

Vai aqui o agradecimento a todas as pessoas que tornaram possível essa experiência, reconhecimento pela disponibilidade demonstrada a todos os participantes e também aos que, por diversas circunstâncias, não puderam fazê-lo.

Em seguida, transcrevemos o testemunho de Joan Puig-Pey: uma crônica que vem do coração.

?Seduzido, perdi-me no olhar transparente de Miguel. Em sua luz vi refletida a Luz. Aproximando-me de seu coração escutei o eco da Voz que um dia o chamou de um povoado perdido na Franja e conduziu seus passos até Les Avellanes. Miguel fala, e Cecília move os lábios em silêncio, confirmando a verdade do que está escutando.

Observo a Jaume. Caminhando devagar, deixou o ?Effatà? ? abre-te, aos pés de Maria. Caminha como uma criança, deslumbrado ainda pela experiência de Quito, contagiando a emoção e a firmeza daqueles que entreveem a chegada de tempos novos.

Há vida?Sem palavras, deixando que fale o silêncio, sem documentos nem elaboração de programas grandiloquentes… escutamos o pulsar de nossos corações.

Qual é a cor dos olhos de Benito? Qual é a vibração da voz de Pilar, quando canta? Como respiram Núria e Mercedes quando descobrem, aqui mesmo, a respiração vital de Marcelino?

Como sorriem, cúmplices, Xavi e Joan, quando percebem que, por trás de seu fazer e desfazer cotidiano, há dois corações que amam e continuam porque se sentem amados! Como intui Joan sua missão futura, vinculada ao carisma ou a outro tipo de serviço?

Perguntas e respostas que têm pleno sentido, à curta distância, no encontro íntimo, no coração a coração. Impossível explicar. ?Vem e verás!?

?Sim, que gozo e que alegria viverem os irmãos unidos!? dizíamos no fim destes dias. Que fio de emoção, imperceptível, na voz de Pepe, quando nos convida a contemplar e compartilhar nossa vocação cristã e marista! ?Tira os sapatos, porque pisas terra sagrada?, diz a voz de Moisés. Les Avellanes, terra sagrada!…

Ramon, com o violão, não canta; reza. Dolores pinta uma segunda juventude… Igreja, Povo de Deus. O carisma de Marcelino, um dom oferecido também aos leigos.

Se a flor humilde e o lírio do campo dão glória a Deus e Ele os veste, quanto mais a nós! O carisma marista não é um sonho; é a ação do Espírito encarnada e partilhada com Manel, Rogelio, Pere, Josep Maria, Sergi, Isidoro… Vivências e palavras ratificadas catedraticamente por Cecílio, o decano de nosso encontro.

Numa época em que agoniza um modelo de Igreja que nos desejaria mais vinculados a instituições e estruturas do que à ação criativa e livre do Espírito, Jordi tenta fazer uma previsão: Vê apenas um sol radiante! ?Um sol que vem do alto?, que nos encoraja a viver nosso cristianismo, nossa espiritualidade e nossa missão, em chave marista. Leigos e Irmãos buscando e abrindo compartilhados espaços de qualidade.

Nossa sala é um roseiral. Vinte e uma vidas silenciosas, abrindo-se com infinita suavidade, irradiam presença no entorno, fluindo dos respectivos espaços interiores para a luz do dia. Vidas voltadas para um mesmo e idêntico centro, chamadas a nada possuir, entregando-se com generosidade, pétala após pétala, conservam, no entanto, seu próprio perfume. Roseiral de hoje, herança dos Irmãos que nos precederam.?

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