15 de abril de 2015 FRANçA

II Assembleia Europeia da Missão Marista

O dia de hoje (14 de Abril, 2º dia da Assembleia) foi dedicado à profecia, mas uma profecia que queremos viver e realizar em comunhão. A ideia diretriz do dia é, de fato, ser profetas em comunhão. A comunhão aparece como elemento transversal em todos os dias do encontro. Somos a “Europa marista”, queremos pensar, viver e atuar como família marista europeia. Não é sem razão que nas reflexões e nas partilhas de grupo aparece a ideia de redes, de trabalhar em rede quando pensamos a missão marista na Europa.

O dia começa com a oração, “uma voz do fogo”, à volta de uma tenda aberta que parece esconder um tesouro. Será o tema da oração, inspirado em Mateus 13, 44: o Reino dos Céus é semelhante a um tesouro escondido no campo; aquele que o encontra vai, vende tudo o que tem e compra o campo; quer possuir o tesouro. Uma simples representação, dá uma dimensão marista a esta história evangélica: o tesouro escondido no campo são os Montagnes de hoje que devem estar no centro da missão marista, os Montagne que devemos procurar. Por coincidência vivemos o Ano Montagne no caminho que nos conduz ao bicentenário. Viver este ano e os anos que se lhe seguem no horizonte do terceiro centenário marista é ir ao encontro desses Montagnes. Não esperemos que eles venham até nós. E ressoa entre nós a palavra do papa Francisco: sejamos uma “Igreja em saída”. No fundo é uma palavra tão velha como o Evangelho. Talvez nós a tenhamos esquecido: “Ide por todo o mundo e fazei discípulos…”. É o Senhor que nos convida a sair.

O programa de hoje desenrolou-se em dois grandes momentos: 1) tentar ver o que é e como é a juventude europeia de hoje; 2) e em segundo lugar descobrir os Montagne quando sonhamos a Europa Marista no começo do terceiro centenário da Congregação. É o “novo começo” para a Europa a que todos somos convidados.

O  leigo marista Angel Domingo da Província de l’Hermitage ajudou a Assembleia a descobrir alguns rostos dos jovens de hoje na Europa: “Quando me pediram para tratar o tema senti uma grande responsabilidade. Acabei por ver e sentir que as situações em que vive a juventude europeia são muito variadas. Há muitas desigualdades e diferenças em vários níveis: o contexto social, económico, cultural e religioso é muito diferente de país para país e no interior do mesmo país”. Ainda assim, acrescenta Angel: “Há vários elementos fundamentais que apresentam uma certa base comum aos jovens de hoje na Europa. Menciono apenas três : 

  • Em termos gerais podemos falar de abertura à espiritualidade, mesmo se este conceito permanece um pouco difuso entre muitos jovens;
  • Podemos falar de fragilidade: na situação de crise europeia, sentem-se muito inseguros perante o futuro, mesmo se não perdem a esperança;
  • São os jovens da era da informática, da comunicação e intercomunicação. Esta abundância de comunicação não significa necessariamente mais comunhão e mais solidariedade entre eles.

Tentando descer ao concreto houve momentos para partilhar a pergunta tantas vezes ouvida nos círculos maristas: quem são os Montagne de hoje. O partilhar foi extenso, longo e profundo, mesmo se por vezes repetitivo.

Mariliza Kriticoú, da Província L’Hermitage, setor Grécia, levando em conta a situação que o país vive, partilha: “Ao voltar ao meu país carrego comigo um sentimento de responsabilidade: descobrir os apelos quotidianos proféticos que me interpelam para que eu torne visível a presença de Deus no meio dos meus concidadãos”. E concretiza: “No meu país, sobretudo em Atenas toda a pessoa se encontra defronte a um impasse; muitas vezes é um Montagne do qual não descobrimos imediatamente a fragilidade e a necessidade; os Montagne de hoje não se veem facilmente: um aluno que por pudor esconde a sua necessidade de afeição; uma criança ou um jovem do Centro Social que permanece sempre em silêncio”.

Mariliza não se deixa desanimar e prossegue: “Hoje já não podemos fazer marcha atrás em questões de comunhão e corresponsabilidade, quando pensamos em Irmãos e Leigos. Novos horizontes estão à nossa frente. Vamos avançar com coragem tentando responder às novas realidades de acordo com os nossos princípios maristas, sem medo de sermos rejeitados. Persistir e avançar: é nisto que consiste o profético” .

Este mesmo entusiasmo é partilhado pelo Irmão Robert Thunus da Província de Europa Centro Oeste. Ele nos confia alguns dos seus sentimentos e esperanças: “Estou verdadeiramente e muito feliz com o entusiasmo dos participantes quando se fala de Montagne. Este tema ou esta realidade toca-lhes o coração. Já não é possível não avançar na procura de novos projetos que respondam às necessidades dos Montagne de hoje”. Depois avança alguns dados práticos que são um eco do que se ouviu em vários grupos: 

  • A partir de agora devemos aprender a trabalhar em rede; devemos aproveitar a perícia da experiência de outros que como nós trabalham com os mais necessitados.
  • Devemos dar a possibilidade a todos os Maristas de Champagnat de ter um contato direto com os pobres que encontramos e com quem trabalhamos; devemos formá-los para enfrentar essas situações e aceitar que se ofereçam mesmo para projetos além-fronteiras.
  • Seguir no caminho do bicentenário neste ano Montagne significa também a capacidade de entusiasmar nossos leigos em “Projetos Montagne” do terceiro centenário; assim fazendo estamos a ser fiéis ao projeto de Champagnat no seu encontro com Montagne. A fidelidade passa por essa capacidade de descobrir e de se pôr ao trabalho com os Montagnes de hoje.
  • Vejo na Europa de hoje um desenvolvimento ainda maior de projetos sociais sem esquecer a escola. Neste trabalho social que fazemos com os Montagne de hoje não devemos apenas preocupar-nos da dimensão social; é importante também não esquecer a dimensão espiritual que estes jovens de um modo ou de outro, nos pedem. Neste sentido a mística (que veremos amanhã) completa a profecia; e a profecia alimentar-se-á da mística. Os Maristas de Champagnat são chamados a cultivar este equilíbrio entre mística e profecia, entre espiritualidade e missão.

O dia terminou com uma oração de grande beleza, mística e simbólica, “à volta do fogo”. E sobre Montagne. A ideia e a realidade de Montagne deu unidade a todo o dia. O tesouro que tínhamos descoberto de manhã, estava de novo ali. Aos rostos vagos e imprecisos que estavam à nossa frente, em fotografias, dávamos o nome de algum Montagne bem conhecido nosso. E para significar ainda o nosso compromisso mais profundo com esses Montagne de hoje “sujávamos” as mãos em pedaços de carvão ali colocados para o efeito. Muitos tinham dito nos grupos que há que arregaçar as mangas e ir à luta, para encontrar os Montagne de hoje. Podem estar bem perto de nós. Com Maria, cantando o Magnificat, dávamos as boas vindas e deixávamos o nosso abraço aos Montagne que desesperadamente nos esperam. Um dia muito denso que os participantes na Assembleia vão recordar por muito tempo.

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