1880 – 47 Irmãos participantes

Contexto social e político

“Com a queda de Napoleão III, iniciou-se na França a 3ª República e, neste período, as forças de esquerda conseguiram dominar a política. Em 1880, foi sancionada a lei Ferry que provinha das ideias urdidas nos centros maçônicos: atacavam-se as Congregações ensinantes, começando pelos jesuítas. Foram expulsas as Congregações ensinantes não autorizadas, entre elas, a dos Padres Maristas. Foi revogada a lei Falloux que dispensava os religiosos e seminaristas do serviço militar. As religiosas foram substituídas nos hospitais.
Foi promulgada a lei do ensino escolar obrigatório, gratuito e laico. Com isso, desejava-se substituir 39.500 professores sobre um total de 63.500 existentes na França de então. Não era possível substituir, assim sem mais, a tantos professores. Mas tudo foi feito por etapas e, em dez anos, conseguiram o objetivo. Os católicos reagiram abrindo escolas livres frente às escolas estatais e laicas”. 1

Contexto religioso

Em uma carta que o Ir. Nestor escreveu ao Papa Leão XIII para comunicar sua eleição e pedir-lhe a bênção para si, para todas as obras do Instituto, para seus 3.000 Irmãos dedicados ao ensino e para as 90.000 crianças a eles confiadas, assim se expressava: “Em meio a essas provas, Santo Padre, temos o consolo de ver mantidas, como escolas livres, quase todas as nossas escolas municipais supressas pela administração civil, tudo isso graças à abnegação e generosidade do Episcopado, do clero e de nossa população católica. Sobre 50 escolas assim supressas, apenas 4 foram momentaneamente fechadas”.2

O Capítulo fora convocado para nomear o sucessor do Ir. Luís Maria, morto repentinamente, no dia 9 de dezembro de 1879. A Circular de indicção, convocando para as eleições em vista do Capítulo geral, assinada pelo Ir. Teofânio, primeiro Assistente, traz a data de 14 de janeiro de 18803 mas o início do Capítulo foi atrasado até 7 de março desse mesmo ano, para dar tempo a que viessem os delegados oriundos da Oceania. A ordem de realizar eleições nessas terras longínquas foi dada por telegrama de 13 palavras e que custou 162,60 francos. O telegrama foi interpretado corretamente, apesar das mudanças que sofreu pelo caminho. Feita a reclamação oportuna, motivada pela inexatidão da mensagem, a administração reembolsou o custo integral, um ano depois. O Ir. John, delegado pela Oceania, chegou no momento em que os demais capitulares entravam na sala capitular.4

Na Circular de 14 de janeiro de 1880, se incluem as listas dos Irmãos estáveis e o número de delegados que era preciso eleger, em cada Província, a saber: 7 na de Saint-Genis, 6 na de l’Hermitage, 7 na de Saint-Paul, 4 na de Aubenas, 5 na do Norte, 4 naquela de Bourbonnais, 2 na das Ilhas e 1 na do Oeste.

O Capítulo se constituiu com 47 membros, incluído o Ir. Francisco, por direito, os 8 Assistentes, o Ir. Procurador e o Ir. Secretário.5 A reunião capitular teve lugar em Saint-Genis-Laval, na sala localizada no primeiro andar do pavilhão nordeste.

Depois das cerimônias costumeiras, o retiro de três dias, os capitulares procederam à eleição do novo Superior geral. A eleição recaiu sobre o Irmão Nestor, Assistente da Província de Saint-Paul. Foi eleito no primeiro escrutínio, por grande maioria de votos, e foi acolhido segundo as Constituições. “Para mostrar a estima que os capitulares lhe tinham, basta dizer que na eleição teve quatro vezes mais votos do que o Irmão Teofânio, que era Assistente, em torno de 20 anos e que, mais tarde haveria de desempenhar o papel tão importante”.6

"Depois de ter feito um cuidadoso exame – escreve o Irmão Avit, falando se si mesmo – e não querendo ter a grave responsabilidade de toda uma Província, com a visão que tornava quase impossível a correspondência escrita, apresentei minha demissão, no dia 12 (de março de 1880). O Irmão Gérald foi eleito para substituir-me."7 Na sala capitular se leu o seguinte: “Por solicitação do Irmão Avit, motivado por motivos de saúde conhecidos por todos, o Capítulo geral se viu obrigado a dar um sucessor a esse digno Assistente, do qual o governo geral (Regime) escutará com amor as opiniões e conselhos."8  O Irmão Avit permaneceu como adjunto na Secretaria geral e se tornou o cronista do Instituto, até sua morte. Suas crônicas são uma verdadeira mina de preciosas informações para a história da época.

O Irmão Nicet, então diretor do Internato de Neuville, foi eleito para suceder ao Irmão Nestor, na Província de Saint-Paul-Trois-Châteaux. Sua Assistência foi de curta duração, pois Deus o chamou a si, em 23 de julho desse mesmo ano de 1880.9

Em 12 de março de 1880, festa do Preciosíssimo Sangue do Senhor, os membros do Capítulo geral dirigiram a todos os Irmãos do Instituto uma carta anunciando a eleição do Irmão Nestor e de dois novos Assistentes (Nicet e Gérald).

A carta, que os capitulares enviaram a todos os Irmãos, contém um parágrafo sobre o Irmão Francisco: “Não podemos concluir esta carta, queridos Irmãos, sem expressar a alegria e o consolo que experimentamos ao termos, providencialmente, entre nós, em bom estado de saúde, a nosso Reverendíssimo Irmão Francisco, primeiro Superior geral, eleito quando vivia o Padre Champagnat, nosso piedoso Fundador. Sua presença, nesta solene circunstância, foi um forte incentivo para todos nós e com felicidade cada um de nós pôde contemplar sua venerada pessoa, as virtudes de humildade, simplicidade e modéstia que caracterizam todo verdadeiro Irmãozinho de Maria. Oxalá, possamos imitar seu exemplo e corresponder assim, de acordo com seus desejos, à santidade de nossa bela vocação."

1 Ir. Luis di Giusto ‘Historia del Instituto de los Hermanos Maristas’, Província Marista Cruz del Sur, Argentina 2004. p. 103-104