Os anos seguintes ao Capítulo de 1993 foram marcados por sérios conflitos em muitas partes do mundo. Isso afetou a vida de nosso Instituto: onze Irmãos, alguns familiares de membros do Instituto, além de outros a ele associados, encontraram a morte em razão da violência étnica e da guerra ou pela mão de extremistas. Vivemos também momentos brilhantes, sendo a canonização do Fundador um dos mais memoráveis. Províncias e Distritos igualmente empenharam-se no processo de reestruturação, com alguns, no princípio, vendo pouco sentido nisso. Com o tempo, porém, a maior parte das regiões do Instituto, aceitando o fato de que os objetivos do processo eram a vitalidade e a viabilidade do Instituto, assumiram essa incumbência do Capítulo e seguiram em frente. Um novo milênio se aproximava quando os delegados se reuniram para o 20º Capítulo Geral. Trabalhando sob a inspiração do lema Escolha a Vida, produziram um breve, mas substancioso documento de mesmo título. O texto destacava cinco apelos e desafiava os membros do Instituto e seus associados a serem ousados e esperançosos em suas respostas. Esses apelos retomavam diversos temas familiares dos capítulos anteriores — Jesus, centro e paixão de nossas vidas, a vida comunitária, a vocação do leigo marista, a justiça e os mais pobres entre os jovens. Sem dúvida, tanto o governo geral quanto os locais sentiram-se desafiados a desenvolver novas abordagens concernentes à animação e à autoridade, o que favoreceria a vitalidade de nosso Instituto. Nesse Capítulo Geral, o Fundo de Solidariedade foi aperfeiçoado, com a solicitação às Províncias de doarem certo percentual de seu eventual superavit ao final de cada ano fiscal. Foi também definida uma meta global para o Fundo. Por fim, os delegados capitulares propuseram a organização de uma publicação, semelhante em estilo e formato ao já mencionado guia de educação, que ajudaria a aproveitar ainda mais a riqueza da espiritualidade apostólica marista. E, como resposta a esse pedido, foi publicado o manual de espiritualidade Água da Rocha: fluindo na tradição de Marcelino Champagnat. Nos anos seguintes, a administração geral criou três secretariados (bureaux), além do já existente secretariado de Solidariedade (BIS – Bureau Internacional de Solidariedade), para que ajudassem a colocar em ação algumas das diretrizes do Capítulo. Passaram a se dedicar, então, ao laicato marista, à pastoral vocacional e ao uso evangélico dos bens, trabalhando para o desenvolvimento dessas importantes áreas do Instituto. Um documento sobre a identidade do laicato marista e algumas circulares e correspondências foram divulgados nesse período a toda a família marista. Já outros textos foram exclusivamente dirigidos aos Irmãos, a determinada faixa etária ou a quem se dedicava a algum ministério específico. Em 2006, os primeiros de um grupo de 150 irmãos começaram a ser preparados para a missão ad gentes na Ásia, como resposta aos apelos do Papa João Paulo II às congregações do mundo todo. No mês de setembro de 2007, pela primeira vez na história do Instituto, uma Assembléia, realizada na cidade de Mendes (Rio de Janeiro, Brasil), reuniu Irmãos, leigas e leigos do mundo todo. Um mês depois, 47 Irmãos, integrantes de um grupo de 498 mártires que perderam a vida na Guerra Civil Espanhola, foram beatificados. Poucos meses depois, a casa de l’Hermitage, na França, começou a ser reformada. Para colocar esse tesouro a serviço do novo século, foram realizados planos de restauração completa do histórico edifício, bem como a construção de nova ala para adequar esse centro às necessidades atuais. Um estudo dos resultados dos Capítulos realizados até aqui, ainda que breve, tanto quanto do contexto em que aconteceram, pode contar a história do Instituto marista. Em cada etapa da nossa travessia é possível reconhecer as preocupações mais importantes, os fatos que se teceram para moldar uma ou outra época e a boa vontade de todos os participantes. Nossa resposta como Instituto a esses acontecimentos todos, bem como a dramática mudança de atitude que aconteceu em muitas partes do mundo depois do Vaticano II, podem ter dificultado a percepção do movimento de outras forças poderosas, embora menos evidentes, que construíram a compreensão marista da época em que vivemos. Alguns desses acontecimentos serão considerados a seguir.
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