Ir. Luis Carlos, Vigário Geral: Atravessamos a ponte para sermos faróis de esperança

Mensagem aos responsáveis da missão em nível provincial e local e à Comissão de Missão sobre a crise COVID-19

+ VJMJCh Roma, 2 de abril de 2020

Caros Irmãos e Leigos Maristas,

Nesse tempo em que vivemos, o Irmão Ernesto convidou-nos a olhar para Maria para agirmos como ela. Pedimos a Maria que saibamos ver, que saibamos sentir e que saibamos agir.

Estamos todos imersos em acontecimentos históricos confusos e sem precedentes. Na Itália, a dor e o medo são profundamente sentidos. A pandemia causou muitas perdas, muitos sacrifícios, muitas despedidas… criou também um novo sentido de humanidade, de percepção da vida, de valor do quotidiano.

Penso que todos nós fomos, de uma forma ou de outra, tocados por esta realidade, e revisitamos muitos de nossos valores fundamentais e essenciais.

O Papa recordou-nos o valor da esperança, da força do bem, da riqueza do valor da doação para salvar a vida de outros. Acredito firmemente nisto.

No campo da educação e da missão, estamos vivendo uma experiência inimaginável para fortalecer os nossos estudantes, jovens, famílias,… características do Evangelho e da novidade que são essenciais para o Reino e, sobretudo, para a humanidade. Porque Deus, seu ser, está vivo e real no profundo mistério humano, autêntico, luminoso, transcendente.

O caminho de encorajamento aos diretores, educadores, estudantes, catequistas, famílias, jovens líderes, agentes sociais… é um caminho da volta ao essencial, do cuidado com o outro, de laços mais radicais e profundos, da consciência planetária, de menos consumismo e mais verdade, de menos coisas e mais relações, de mais nós e menos eu.

Esta significativa compaixão e proximidade são um passo avante na vida daqueles que formam a comunidade marista. Cansamos no serviço e na solidariedade, cansamos no cuidado dos mais velhos, cansamos na ajuda aos outros. É um belo cansaço, porque é um cansaço de doação. Doação inteligente, doação sábia. Doação generosa.

Agora sentimo-nos amarrados de muitas maneiras. É possível que o presente nos resulte um desafio. Pouco a pouco, começarão a surgir preocupações sobre como enfrentar esta crise para sustentar nossa missão, como cuidar dos colaboradores e das suas famílias, dos estudantes e das famílias que perderam os seus rendimentos ou os seus empregos, como continuar a ajudar quando experimentamos a carência, como continuar a abrir as nossas obras educativas, sociais, universitárias, hospitalares, as nossas editoras,… Estas são situações genuínas. Tenhamos sabedoria, capacidade e, sobretudo, solidariedade para com os mais fracos, respondendo adequadamente. E fá-lo-emos bem.

É tempo de criatividade e inovação na missão, na vida e na solidariedade. Para os milhares de alunos e professores, é tempo de aprender de formas diferentes. É tempo fazer educação à distância (onde se possa fazê-la). É tempo de redescobrir o papel do acompanhamento dos pais na aprendizagem dos filhos. Libertar a imaginação. Libertar a compaixão. É tempo de interagir, discutir situações, partilhar poemas, comunicar critérios, repensar hábitos, rezar em rede, divertir-se em rede, contar histórias em rede.

Incrementemos a inovação e nos sacrifiquemos em prol da caridade e da solidariedade.

Concluo com as palavras consoladoras do Irmão Ernesto: ” Maria do “sim” nos encoraja e acompanha nestes momentos difíceis de incerteza e dor. Ela, a Boa Mãe, nos segura pela mão. Hoje a reconhecemos como mãe amorosa e também como irmã, como companheira de caminho (e guia) no nosso sofrimento, e de todo o povo de Deus.”

Estamos em comunhão uns com os outros e em estreita comunhão com tantas contagiados, doentes, famílias desfeitas e pessoas falecidas. Que a nossa oração nestes dias seja mais intensa do que nunca.

Um abraço cordial.

Ir. Luis Carlos Gutiérrez, Vigário Geral – 2 de abril de 2020