18 de novembro de 2020 CASA GERAL

Ir. Óscar Martín: “Champagnat está enfermo”

O Irmão Óscar Martín Vicario, Conselheiro-Geral, compartilha conosco uma meditação que nasceu da experiência que temos vivido nos últimos meses. Abaixo estão suas palavras introdutórias e, nestes links, em PDF (English | Español | Français | Português), está o texto completo de sua reflexão.


Óscar Martín Vicagio

A situação de pandemia, a crise global, a multidão de pessoas enfermas e falecidas em todo o mundo… tem-nos forçados a nos ressituar e mudar a nossa visão.

Todos os dias recebemos notícias ou informações de pessoas que adoecem ou morrem, de conhecidos, amigos, parentes, irmãos do nosso Instituto que estão infectados … E isso provoca em nós, é assim que eu vivo, sentimentos intensos e nem sempre fáceis de controlar. Preocupamo-nos com a nossa própria saúde, a dos nossos irmãos e a dos entes queridos. Vivemos, cada um de uma forma, experiências de incerteza, medo, desorientação. E talvez tenhamos que nos ressituar diante da doença ou da fragilidade.

Pode também assaltar-nos, como aconteceu comigo, a vontade de ser mais ativos na ajuda às vítimas e aos que sofrem. O testemunho de dedicação de tantos trabalhadores da saúde, de tantos sacerdotes, religiosos e religiosas, de tantos Maristas no mundo, irmãos e leigos, é extremamente valioso, corajoso e desafiador. Será que eu estou muito cauteloso? Será que a melhor coisa a fazer seja agir assim, e cumprir as recomendações de saúde e preventivas? Ou talvez seja um momento de maior ousadia e compromisso com aqueles que mais precisam hoje?

Estou vivendo um pouco disso e, enquanto procuro desaprender algumas de minhas velhas seguranças e tento me reposicionar… uma questão e uma nova forma de abordar também me assaltavam há muito tempo: como enfrentar tudo isso a partir da minha vocação marista? Existe uma maneira “marista” de viver a crise? Como os primeiros Irmãos experimentaram esse aspecto de doenças e perdas? Como reagiram, especificamente, quando foi anunciado que o Padre Champagnat, fundador, pai, mentor, amigo, estava doente? E, por fim, como o próprio Marcelino vivenciou sua enfermidade?

Talvez esse olhar diferente nos ajude, ou pelo menos está me ajudando. Sempre me impressionou aquela cena tantas vezes contada de Champagnat doente, abatido na cama, sabendo do desânimo de seu povo, dos problemas da Congregação, … e como Marcelino, apoiado no braço do Irmão Estanislau e tirando forças da fraqueza, com dificuldade ficou de pé e entrou na sala da comunidade.

Talvez os Irmãos não estivessem acostumados com o Champagnat sofredor, doente e frágil. Mas, talvez o ver naquele estado e, ainda assim, de pé, mudou algo na história e no futuro do nascente Instituto.

Champagnat enfermo - Goyo

Nasceu assim este texto, com o desejo de me propor e nos propor: Por que não olhar para Marcelino Champagnat com esta perspectiva? Estamos habituados a olhar para as qualidades de Champagnat, a sua audácia, a sua coragem, o seu dinamismo… talvez seja um bom momento para ver também outra faceta do Fundador: a sua relação com a doença, com a debilidade, com a dor.

Tudo isso que escrevo é, portanto, um espaço para compartilhar minhas experiências neste momento e, mais do que um estudo em profundidade, quero que seja uma meditação. E um convite a deter o nosso olhar sobre o Champagnat fraco, doente, vulnerável, o que talvez não estejamos acostumados a contemplar.

Por isso encontro a chave para a leitura desta reflexão no Documento do nosso XXII Capítulo Geral, quando nos convida a “experimentar a nossa vulnerabilidade como um lugar de fertilidade e liberdade” (mensagem do Capítulo). Essa é parte da reflexão que hoje propomos, buscando compreender como Marcelino viveu suas experiências de vulnerabilidade ou enfermidade.

Leia o texto completo, em PDF: English | Español | Français | Português

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