Juntos geramos nova vitalidade
O encontro do Conselho geral com os Conselhos provinciais das Províncias do Canadá, Estados Unidos da América, México Central, México Ocidental, América Central e Norandina, começou no dia 29 de fevereiro, pelas 9h da manhã com as boas-vindas dadas pelos alunos do Colégio Liceu Guatemala. Eles deram um tom ameno ao início do encontro com o som “chapín” (i.é, guatemalteco) “yo soy puro guatemalteco” e a coreografia da canção “un corazón, una misión”, com as bandeiras dos vários países.
O Irmão Emili Turú, Superior geral, inicialmente, agradeceu à Província da América Central a preparação do encontro e o trabalho dos tradutores, sempre discreto. Explicou também a logomarca do encontro. As esferas representam as Províncias e o Instituto, através do Conselho geral. O arco amarelo faz alusão à reunião que ocorre, e depois o verde jade que representa um rosto. Trata-se de um símbolo maia, de um bruxo, imagem do deus sol, o deus maia das forças vitais da fertilidade que bem combina dom o lema: “Juntos geramos nova vitalidade”.
Agradeceu depois a presença de todos, falou do sentido que tem um “Conselho ampliado”, baseando-se nos documentos capitulares. Fez referência ao Conselho geral, à sua função de animar e governar o Instituto, e lembrou que a principal tarefa da administração geral é o acompanhamento dos líderes das Províncias e Distritos. Pela primeira vez um Capítulo geral empregou a expressão “Conselho ampliado”, dando-lhe respaldo e reconhecimento. Referindo-se a ele, disse que tem o objetivo de “acompanhar os Conselhos provinciais e os Distritos e de conhecer a situação em que se encontra cada região”. Constitui também ocasião para expressar a diversidade e de exercer a corresponsabilidade no governo do Instituto. Fez alusão a um ‘cabide’ em que ‘penduramos o gorro’ da Província para usar o da região. Isso nem sempre é fácil.
Os objetivos são três: o primeiro é conhecer-nos, partilhar, analisar as realidades das Províncias da região. O segundo é avançar na visão comum da região; tentar sonhar juntos sobre os rumos da caminhada. O terceiro objetivo é o de encontrar possíveis orientações para o futuro. Tudo isso através de um diálogo fraterno. E escutar o que o Senhor nos diz.
Em seguida, fez-se a apresentação de cada uma das Províncias, tendo presente três interrogações: 1) O que nos dizem os dados? 2) Em que gastamos nossas melhores energias? 3) O que consideramos importante para o futuro da região? As Províncias apresentaram números relativos aos Irmãos, à procedência, segundo o caso, a média etária; a presença dos leigos. A distribuição das comunidades e obras e sua classe; o número de alunos e a classe social. A forma de organização do Conselho provincial, os estamentos provinciais, os caminhos e objetivos, as expectativas e esperanças.
De tarde, o Ir. Emili Turú interveio com a intenção de “ampliar” o diálogo e a reflexão. Primeiro, tomar consciência do fenômeno que se vive em nível internacional – um mundo muito globalizado. É um fenômeno ambíguo, com conquistas espetaculares e com desigualdades brutais. Que significado tem para nós e o que nos diz o Espírito Santo, através dessa realidade muito complexa? Não se trata de uma opção, estamos imersos nela. Já no-lo recordava o relatório do Capítulo geral. O Instituto é mais multinacional e multicultural e isso se entende como um “sinal profético”, promovendo a globalização alternativa, não apenas econômica. No entanto, existem entre nós algumas mentalidades “tribais”; no Instituto, em algumas Províncias, em muitos Irmãos predomina a visão local e não a internacional. “Necessitamos de nova mentalidade, de nova visão do que significa ser membros de um Instituto internacional. Do mesmo modo, precisamos ter presente as consequências que isso traz para o desenvolvimento de nossa missão, no momento atual”. Impõe-se interação, interdependência.
Prosseguindo, o Ir. Superior geral abordou um segundo tema: o contexto social da violência que cresce ameaçadora. Nelson Mandela assina a introdução do relatório das Nações Unidas: …”O século XX será lembrado como um século marcado pela violência.” … Menos visível, porém, mais difundido é o legado do sofrimento individual e cotidiano, a dor das crianças maltratadas por pessoas que deveriam protegê-las; das mulheres feridas e humilhadas por casais violentos; dos idosos maltratados por seus acompanhantes; dos jovens amedrontados por jovens, e pessoas de todas as idades que atuam violentamente contra si mesmas… As novas gerações aprendem da violência das anteriores, as vítimas aprendem de seus agressores e assim se tolera que perdurem as condições sociais que favorecem a violência. Nenhum país, nenhuma cidade, nenhuma comunidade está imune à violência, mas tampouco permanecemos inertes ante ela.
Trata-se de uma “cultura da violência”, em que esta parece ter a última palavra. Um modo de solucionar os conflitos é pôr barreiras, fronteiras, a síndrome do ‘aparthaid’. Como fazer de outro modo?
A terceira reflexão foi sobre a necessidade de ver as coisas de modo mais sistêmico. “As árvores não permitem ver o bosque”. Às vezes, preocupado por minha realidade, não vejo com tanta clareza a realidade do conjunto. Vamos sendo cada vez mais conscientes de quanto é complexa a realidade. Cada aspecto afeta o todo. Funciona assim a natureza com os ciclos da água, do ar, dos animais e das plantas. Assim também os diversos sistemas do corpo humano: a pele, o sistema glandular, urinário, muscular. Cada um interage com os outros. São Paulo nos recorda que somos um corpo, embora muitos membros; o bem de um contribui para o bem comum. Até as células desenvolvem uma espécie de identidade social para o bem do organismo. Sem isso, o organismo todo está ameaçado: é o câncer.
O Ir. Emili finalizou conclamando para o sentido de comunidade internacional, como em Pentecostes: diálogo, escuta, abertura, com base nos princípios da subsidiariedade, corresponsabilidade, interculturalidade e multiculturalidade, assinalados pelo Capítulo geral. Houve ainda um momento de reflexão partilhada em grupos heterogêneos. No fim do dia, houve a celebração da Eucaristia, dando graças a Deus por toda a realidade da região, as luzes e as forças para que, juntos, geremos nova vitalidade.