26 de janeiro de 2021 PERU

Lares de Luz para as crianças cegas que enxergam através do cuidado Marista

“Como é o “lar da luz” para uma pessoa cega? O que ressoa dentro dela quando ouve a palavra luz? O que significa para eles viver na luz, compartilhar a luz? Ao ler a Circular do Irmão Ernesto Sánchez, “Lares de Luz”, tornei minha essa motivação e sem demora entrei no mundo profundo dos onze meninos e meninas cegos que acompanho no Colégio San José Obrero de Sullana”, menciona o Ir. Bernardino Pascual Juárez, que há dezessete anos trabalha com crianças cegas em Piura, Peru (Província de Santa María de los Andes).

A seguir, transcrevemos a experiência do Irmão Bernardino na íntegra.


“Depois de acolher “com alegria o tema central da Circular, procurei me comunicar e interagir com eles – explica ele referindo-se aos seus alunos cegos – em meio à pandemia, uma estranha realidade que, positivamente, tem nos ajudado a “nos aproximar enquanto nos isolamos”, e fiz isso por meio de áudios compartilhados, que me tornaram possível conectar com seu mundo e tentar compreender o lembrado tema da Circular em questão.

O Irmão Ernesto explica nos primeiros capítulos da Circular como se torna realidade, ele a viveu assim, um lar de luz. Limito-me a destacar algumas palavras citadas por ele na descrição: entrega, serviço, cuidado, acolhimento, correção, aceitação, respeito, alegria, confiança, paz, harmonia. (Cap. 1, Lares de Luz. Ir. Ernesto)

Mas, o que é luz para meus acompanhados? Os encontros virtuais confirmaram algo que já intuía depois de dezessete anos partilhando presença, companhia, diálogos e vida com eles.

A luz, leia-se também clareza, iluminação, harmonia, calor, orientação, de seu lar interior está concentrada nas pessoas a quem elas ouvem, sempre sentindo próxima sua presença física.

Fiquei surpreso com a grande coincidência com o Ir. Ernesto nas expressões que essas crianças cegas usam, identificando o efeito de luz e dando forma e vida ao conceito de sua luz própria.

“Luz significa ser acolhida, amada, cuidada, acolhida, corrigida, perdoada … isso é luz, para nós … a sua presença, a dos professores, estando aí preocupados conosco, é luz para nós, luz que ilumina o nosso espaço interior dando-nos espiritualidade e afeto”, é assim que compartilham a vida, muito convictas, duas adolescentes do Colégio San José Obrero-Sullana, em 2020.

A partir do momento em que se sentem acolhidas, respeitadas, “não mimadas nem consentidas“, surge a alegria, a paz, a harmonia e a fraternidade; está claro, nós somos sua luz, e nossa presença ilumina o espaço escuro dentro de seus olhos sem nascer do sol.

Estou triste, Irmãozinho, porque não estamos juntos; não te escuto; jamais esquecerei tua presença nem a de alguns de meus professores e colegas; vocês são um guia para mim; me iluminam seus conselhos e sua presença quando sinto que estão ali, ao meu lado”, diz outra adolescente, prestes a ser ex-aluna de seu querido Colégio San José Obrero; e aquelas que já são ex-alunas, filhas para nós: – “com vocês aprendemos juntos, nos corrigimos juntos, nos divertimos,“nos vimos”; nós os vimos na simpatia, no apreço, no carinho, na disponibilidade para nos atender, naqueles sorrisos, ocultos, mas que sentíamos; vocês foram, e continuam sendo, uma clara luz em nossa casa interior”. – “Para nós, a voz de uma pessoa é a sua identidade. Quando a escutamos, vemos em nossa mente como é a pessoa”, afirma um cego, professor inicial de nossos estudantes no Sistema Braille.

Com profunda satisfação, expresso a alegria que sentimos no Colégio San José Obrero de Sullana por ter hoje já cinco ex-alunos da tão querida Instituição de Educação, catalogada pelo Ministério da Educação do Peru como “Escuela Valora” pela atenção e dedicação à Educação Inclusiva, preferencialmente para meninas e meninos cegos. O fato de ser cego não os impede de que se promovam na sociedade em profissões como fisioterapia, especialidade em massagem, informática, direito, porque, em sua época, soubemos envolvê-los em uma luz radiante; luz que eles souberam captar e recriar por meio dos outros sentidos.

Agradeço a champagnat.org que acolheu meu grão de areia nesse construir juntos Pontes de Humanidade com aqueles que têm mais necessidades, sendo menos afortunados, como nos lembra e proclama São Marcelino Champagnat”.

Ir. Bernardino Pascual Juárez

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