22 de abril de 2012 CASA GERAL

Leitura de minha história como uma história sagrada, na perspectiva de Ad Gentes

Quero ler convosco minha história como uma história sagrada, na perspectiva de Ad Gentes. Lendo minha história como uma história sagrada, posso afirmar que vejo minha vocação como um chamado de Deus. Fazendo essa leitura na perspectiva AD GENTES, concluo que é um chamado a uma vocação específica, no interior de uma vocação mais geral que é a de ser Irmão Marista.

Ao longo das etapas de formação, senti-me pessoalmente acompanhado por Deus. Quando entrei no noviciado, tive muita dificuldade para comunicar a decisão aos meus pais. Eles não viam isto com bons olhos. Mas eles acabaram compreendendo.  Eu acredito que Deus deu ao meu pai a força para acolher minha vocação. E hoje, a família me compreende.

Após o noviciado, eu vivi a vida normal de Irmão nas comunidades. Deus sempre me tem ajudado através da mediação de Irmãos concretos. Em 2009, senti mais claramente o chamado à vocação AD GENTES e respondi a carta do Ir. Seán convidando-me a partir. Esta decisão concretizou-se agora e isto me dá muita alegria.    

No momento da profissão perpétua, minha família já tinha se “convertido”. Da dúvida sobre minha vocação ela passou a ser um apoio e fé nas minhas convicções e no chamado de Deus para ser Irmão Marista. Nessa ocasião, meus pais viviam na cidade. Eles iam à missa apesar de não compreender nada de espanhol. Os antepassados de minha família tiveram uma relação íntima com a primeira evangelização do Japão. Por causa disto, ela recebeu uma sólida tradição de experiências cristãs. E quando minha família decidiu migrar do Japão para a Bolívia, ela o fez com um sentimento missionário: manter a fé pela evangelização e animação da colônia japonesa estabelecida na Bolívia. Este fato deu-me uma grande alegria, assim como o perceber que toda minha família se sentia feliz ao me ver Irmão Marista. E quando eu decidi partir Ad Gentes, custou-lhes muito no início, mas eles acabaram aceitando.

Em resumo, eu posso dizer que as três etapas de formação marista foram muito proveitosas (Postulado, Noviciado, Escolasticado): pude sempre ver a presença de Deus na pessoa dos Irmãos na Comunidade. Eu fui sempre muito aberto aos superiores e seu apoio foi formidável. Eu diria que foi Deus que os colocou no meu caminho vocacional. Todos me escutaram atentamente e isto me deu entusiasmo. Eu me habituei a ver a comunidade como uma presença de Deus.

Além da relação com os coirmãos, habituei-me também a ver Deus na beleza das pequenas coisas. Nisto, eu sou, quem sabe, mais oriental do que boliviano. Em poucas palavras, com a leitura de minha história, como uma história sagrada, eu posso dizer que eu me enamorei de minha vocação de Irmão. E ser Irmão, é viver a fraternidade.

Eu sei que a vocação Ad Gentes é um jeito único, embora exigente, de viver essa fraternidade. Mas, com a ajuda de Deus, eu me lanço nesta aventura. Terei problemas (a começar pelo Inglês), mas sob o ponto de vista cultural, eu espero me adaptar sem grandes dificuldades. Sou um homem de cultura oriental (por minha família japonesa) que viveu partilhando a cultura ocidental (com os Irmãos espanhóis de minha comunidade) e a cultura boliviana; e ainda, no interior da Bolívia, temos duas maneiras de pensar: a cultura boliviana do leste (as CAMBAS) e a cultura boliviana do oeste (AYMARA-QUECHUA). Eu nasci no leste boliviano. Quando entrei na casa de formação, a primeira coisa que eu tive que trabalhar foi o aspecto da identidade cultural, no que tange a Bolívia, e depois integrar a cultura japonesa e, na comunidade, a cultura dos Irmãos espanhóis.

No começo a Congregação ajudou a me situar como pessoa. Depois, ajudou-me a assumir as duas culturas e me integrar. Foi necessário aprender a entrar em relação com a multiculturalidade. No princípio eu me senti dividido entre duas expressões culturais; este último ano, eu me sinto já “ponte”. “Ser ponte”, eu creio, é ser capaz de me adaptar à cultura oriental (Ásia) de Ad Gentes. Como disse anteriormente, eu já consigo pensar de maneira oriental, sentir a realidade de maneira boliviana-latino-americana, e planejar de maneira ocidental, as relações com os coirmãos espanhóis. Isto pode facilitar minha integração nas comunidades Ad Gentes.

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Irmão Mitsuaki Hatanaka Sakata
Roma, 5 de abril 2012

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