6 de agosto de 2020 LíBANO

Líbano, o drama continua e a esperança não morre

A explosão em Beirute a 4 de agosto, que deixou centenas de mortos e milhares de feridos, abalou o país e fez ruir o já difícil sistema de saúde, educação e social. O Líbano tem cerca de 6 milhões de habitantes, dos quais mais de 1,5 milhão são refugiados da Síria, Iraque, Palestina e Etiópia. Neste contexto, a tragédia desta terça-feira agrava a situação dramática, uma vez que o país – desde muito tempo –   luta contra a crise económica, as revoltas sociais, e que há alguns meses, também enfrenta a pandemia de Covid-19. 

Os Irmãos Maristas estão presentes no país através de dois centros educacionais, “Colégio Marista Champville” e “Nossa Senhora de Lourdes”, em Jbail. E também através do Projeto Fratelli, em colaboração com os Irmãos De LaSalle. Essas obras maristas não sofreram danos ou perdas graves causadas pela explosão.

Somos solidários com nossos irmãos De La Salle em Beirute, cujas escolas sofreram graves danos (portas, vidros, janelas, móveis destruídos), especialmente no Collège Sacré-Couer – Freres Gemmayzé.

Qual é agora a situação no Líbano?

A crise social e económica: de acordo com as estatísticas, quase metade dos quatro milhões de libaneses vivem na pobreza e 35% da população ativa está desempregada. A partir de 17 de outubro de 2019, houve revoltas e reivindicações sociais no país e, como consequência, houve mudança de governo em meio a instabilidade e num estado cada vez mais pobre.  De acordo com a imprensa local, nos últimos meses, milhares de libaneses foram despedidos ou tiveram os seus salários reduzidos. A moeda libanesa foi desvalorizada e o poder de compra da população foi reduzido. Quem tem dinheiro no banco não têm livre acesso ao seu dinheiro, uma vez que os bancos impuseram restrições aos saques e transferências para o estrangeiro devido à escassez do dólar.

A pandemia COVID-19: Desde março, o coronavírus 19 somou-se à difícil situação socioeconómica. Como na maioria dos países, o Estado apelou ao confinamento dos cidadãos para prevenir e conter a pandemia. Várias atividades foram suspensas, incluindo atividades escolares e socioeducativas. Neste contexto, o Projeto Fratelli acatou as medidas propostas pelo governo e colocou os meios necessários para continuar a atividade e o contato com os beneficiários, especialmente crianças e jovens migrantes. E, para além das atividades online, promove também programas de ajuda humanitária.

Projeto Fratelli

O Projeto Fratelli não sofreu danos ou perdas graves em geral. Apenas o Fratelli Bourj Hammoud, localizado a poucos quilómetros do local da explosão, sofreu pequenos danos materiais. Segundo o testemunho do irmão Miquel Cubeles, “Nestes dias estamos realizando o Programa de Verão com as crianças e, felizmente, ontem, quando a explosão ocorreu, já não havia ninguém lá, porque o vidro, as janelas e as portas foram rebentadas e o centro foi muito afetado. Não retornamos as nossas atividades hoje. Como resultado, as atividades foram suspensas em Fratelli Rmeileh, Sidon. “Foram decretados três dias de luto oficial e estamos também num período de regresso ao confinamento porque os casos de coronavírus continuam aumentando”, disse Miquel

A esperança não morre: nesta situação difícil, somos solidários com o povo libanês e com os migrantes acolhidos em Líbano. É tempo de ser resiliente e de começar a reconstrução.

O Projeto Fratelli, presente no Líbano há 5 anos, trabalha todos os dias para ajudar pessoas em situações vulneráveis e tenta dar novas respostas aos novos desafios que se apresentam nestes tempos. E em breve, o Projeto Fratelli espera poder acolher mais de mil crianças e adolescentes, tanto de Bourj-Hammud como de Rmeileh.

No comunicado enviado pelos Maristas do Líbano (Província Mediterrânea), mostrando a solidariedade com os atingidos pela explosão, anunciam que colocaram os locais dos dois colégios à disposição das famílias que perderam as próprias casas e que necessitam de um lugar para ficar.

Agradecemos aos Irmãos De La Salle e aos Irmãos Maristas, aos voluntários, aos colaboradores e aos doadores, por tudo o que fazem a favor dos mais necessitados, especialmente crianças e jovens, migrantes e refugiados. Há ainda muito a fazer.

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