Carta a Marcelino

Pe. Jean-Baptiste Chanut

1833-01-24

No mês de novembro de 1832 os padres aspirantes da Sociedade de Maria, grupo de Lião, obtiveram autorização da arquidiocese para estabelecerem uma comunidade em Valbenoîte, sob a direção do Pe. Séon. Aos padres Séon e Chanut, que prestavam ajuda à paróquia, deviam juntar-se os padres Chanut e Forest, que estavam em l´Hermitage; entretanto, para não deixar o Pe. Champagnat sozinho em l?Hermitage, o Pe. Forest permaneceu aí, provisoriamente, para ajudá-lo no atendimento espiritual da comunidade. O Pe. Champagnat pedira o prolongamento da permanência do Pe. Forest até que pudesse chegar o Pe. Servant, novo candidato à Sociedade de Maria, que estava previsto para l´Hermitage. Nesta carta temos a resposta positiva dada pelo Pe. Chanut, que responde em nome do Pe. Séon, e que aproveita para falar do seu sobrinho, apresentando-o ao Pe. Champagnat como provável candidato ao noviciado de l?Hermitage.

Valbenoîte, 24 de janeiro de 1833.

Senhor Superior:

Ausente o Pe. Séon, tomamos a liberdade de ler a carta que lhe dirigistes. Não duvidamos de que é por boas razões que retendes ainda o Pe. Forest; a isso anuímos de boa mente, até porque o Pe. Servant ainda não regressou para substituí-lo. Ontem, de passagem por Firminy, tive o prazer de almoçar com os jesuítas, que dirigem a missão. O Pe. Augry encarregou-me de saudá-lo: ele deve vir a St. Etienne, para pregar a quaresma na paróquia de St. Louis.

Ao passar em casa dos pais do Irmão Théodore, recordei-lhes o pedido que lhes havíeis feito. O pai me disse que desceria a lHermitage na semana próxima, com todos os instrumentos de tamanqueiro e galocheiro etc.

O meu irmão falou-me ontem do pequeno sobrinho, que eu me propunha colocar entre os vossos Irmãos. O pai dele, que até há pouco fazia oposição, parece ter agora sentimentos mais favo¬ráveis. O menino, depois da morte da minha irmã, faz cinco anos, ficou inteiramente abandonado a si próprio numa casa em que tudo concorria para arrastá-lo à perdição. O gosto dele pela piedade e pelo estudo protegeu-o até agora. Sabe escrever regularmente, conhece perfeitamente o catecis- mo, domina com suficiência a aritmética. Penso que tenha o espírito que convém: calmo e tran¬qüilo, pequeno de estatura, em relação aos seus catorze anos, com boa saúde. No que tange ao pa¬gamento do noviciado, não sei quanto o pai estaria disposto a despender; pelo menos, dará o enxoval exigido no prospecto. O meu irmão fará algum sacrifício para assegurar ao menino a salvação da alma com retirá-lo da casa em que tem só maus exemplos e onde, cedo ou tarde, faria triste nau¬frágio. Para falar-vos sem prevenção e sem ne¬nhum interesse, creio que será bom religioso, mas é necessário levá-lo logo, antes que termine os es¬tudos com os Irmãos das Escolas Cristãs.

Por fineza, escrevei-me com a possível brevidade, que o meu irmão aguarda resposta. Permitir-me-eis que me recomende à lembrança e, mais ainda, às orações de todos os vossos Irmãos, por quem tenho afeição mui cordial. As minhas recordações ao Pe. Forest.

Aceitai o profundo respeito com que tenho a honra de ser o vosso mui dedicado CHANUT, p. mis.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 129.05

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