Carta a Marcelino

Irmãos da comunidade de Valbenoite

1839-01-12

Nesta curiosa carta, os Irmãos da comunidade de Valbenoîte dão queixa ao Pe. Champagnat do procedimento incorreto do superior. Trata-se do Irmão Liguori, de nome civil Jean Antoine de Brezins. Ele fez o noviciado em l?Hermitage, em 1832, quando contava 22 anos de idade. Era instruído, sabia ler e escrever e tinha prática na direção de escolas. Talvez por esse motivo, logo que terminou a formação, assumiu cargos de direção. Foi diretor de Charlieu, de Côte Saint-André e de Valbenoîte. Era um Irmão de caráter forte, muito instruído, mas independente. Causou problemas e afrontou discussões com todos os superiores, terminando por desistir da vida religiosa em 1850. Neste texto, os seus coirmãos de comunidade o acusam de falta de pontualidade e desinteresse no atendimento dos Irmãos.

Valbenoîte, 12 de janeiro de 1839

Mui caro e reverendo pai:

O nosso dever e necessidade obrigam-nos a vos dar a conhecer diversos abusos provenientes do Irmão diretor.

1° Não há regra para o levantar e o deitar; ora numa hora, ora noutra. E que resulta dessas variações? Perde-se muito tempo, não se fazem os exercícios de piedade ou são mal feitos.

2° Não podemos obter as coisas mais necessárias, sobretudo a roupa. Feliz aquele que, à força de reiterados pedidos, chega a consegui-las depois de muita dilação.

3° No atinente à alimentação, falta o necessário; a contragosto somos obrigados a prover-nos com os alunos. Até hoje, nas refeições, não pudemos ter um pouco de vinho misturado com água, sempre que tivemos necessidade. Nas refeições, não se pode falar em avermelhar um pouco a água que bebemos, embora sejá má e quiçá malsã.

Os vossos muito humildes e muito respeitosos filhos em Jesus e Maria, SATURNIN, ABDON, THEODOSE, MARIE-AUSONNE, ANTOLIEN, ANGILBERT.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 121.11

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