2 de julho de 2020 CASA GERAL

Maristas corajosos

Artigo do Ir. Ben Consigli, Conselheiro Geral
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As consequências da pandemia de Covid-19 dependem – e vão depender – das decisões que tomamos. Já foram contadas inúmeras histórias através de textos, áudio, vídeos e fotografias. Vimos ou ouvimos falar de morgues improvisadas em camiões frigoríficos em Nova Iorque ou em pistas de patinagem no gelo em Espanha; de médicos e enfermeiros abnegados atingidos pelo vírus; e de inúmeras pessoas que estiveram na linha de frente, cujo valor é um exemplo de sacrifício pela comunidade. Estamos a testemunhar muitos atos de coragem, generosidade, compaixão e comunidade, que são uma fonte de inspiração e revelam o poder da nossa humanidade.

As semanas de confinamento fizeram-me pensar na razão pela qual as pessoas agem atuam com coragem. Comecei a meditar na história bíblica do óbolo da viúva. Jesus, que tinha ido com os seus discípulos a Jerusalém para a Páscoa, observa aqueles que vêm fazer as suas doações ao templo. Então, chama a atenção dos discípulos para uma viúva que deixou duas pequenas moedas, dizendo-lhes que, enquanto muitos davam o que lhes sobrava, ela dava “tudo o que tinha para viver”. Como é que o soube? Talvez ela tivesse deixado uma moeda, a seguir tivesse hesitado e depois, desafiando as circunstâncias, tivesse deixado a outra. O significado da história é que um ato de verdadeira generosidade é um ato de bravura, que é o que vários autores, incluindo a escritora Stacy Mitch, definem “generosidade corajosa[1]. Tanto no evangelho de Marcos quanto no de Lucas, é apontado que a viúva não tem uma moeda, mas duas moedas. Como é uma viúva pobre, se tivesse dado uma moeda e mantido a outra, teria sido generosa de acordo com critérios comuns. Mas ela deu as duas moedas. Como nada na sua experiência poderia fazer com que ela esperasse receber alguma recompensa material pelo seu gesto, acho que devemos imaginar que o mesmo saiu da pura valentia, de um ato de lealdade para com o que mais amava, uma doação que ela fez livremente e em muitos sentidos corajosamente, desafiando as circunstâncias. Assim como só podemos praticar a coragem se estivermos perante o medo, também só podemos praticar a generosidade perante a necessidade.

Na nossa história Marista, temos muitos exemplos de irmãos nossos que agiram generosa e corajosamente, durante os anos revolucionários em França, nas décadas de 1830 e 1840 e na Guerra Civil Espanhola, nos anos trinta do século XX ou no Genocídio do Ruanda e nas revoluções islâmicas no continente africano nos anos 90. No entanto, descobri que pouco havia sido escrito sobre os nossos Irmãos no período da Segunda Guerra Mundial.

Os tempos de crise geram dilemas morais extremos: situações que não podemos sequer imaginar, decisões impensáveis ​​entre opções que parecem terríveis e acarretam, todas elas, danos e consequências negativas. Coragem generosa é fazer a coisa certa, mesmo sob o risco de que tal possa ser inconveniente ou ridículo e possa levar a algum tipo de punição, perda de emprego, de segurança ou estatuto social, ou até à morte. Este tipo de coragem exige que as pessoas superem a apatia, a complacência, o ódio, o cinismo e o medo presentes nos nossos sistemas políticos, bem como as divisões socioeconómicas e as diferenças culturais/religiosas, para fazer “o que está certo” no seio da nossa humanidade comum.

Inúmeros artigos científicos foram escritos sobre a coragem, afirmando que as pessoas corajosas possuem determinadas características que surgem em tempos de provação ou angústia. As pessoas corajosas acreditam em si mesmas, sabem quem são e o que representam, têm valores fortes, reconhecem as suas capacidades pessoais e sentem-se confiantes quando enfrentam os desafios que estão por vir. Também são apaixonadas e determinadas, e sabem a diferença entre o bem e o mal. Elas não se limitam a falar da honradez, mas vivem-na todos os dias. Têm tendência ainda a ser dignas de confiança, objetivas, justas e tolerantes, estando dispostas a enfrentar a injustiça, a concretizar as suas palavras na ação. Colocam as necessidades dos outros à frente das suas e não têm medo de “nadar contra a corrente” ou desafiar o status quo. Enfrentam a adversidade de frente, correndo em direção ao problema, em vez de o evitar. Estas pessoas sabem que dizer “não” a uma ideia pode permitir dizer “sim” a outra e que as velhas formas de fazer as coisas não devem impedir o caminho para uma solução melhor. As pessoas corajosas seguem a sua intuição e se não têm as informações necessárias para tomar uma boa decisão, geralmente seguem o seu instinto e, como sabem que as palavras não bastam, agem. É necessário que haja valentia para agir mesmo quando há dúvidas ou temores sobre as consequências. É preciso coragem para tomar decisões difíceis. Vejamos algumas das ações dos nossos Irmãos durante a Segunda Guerra Mundial.

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Abaixo encontra um vídeo preparado pelo Ir. Tony Leon, que ilustra il contenuto deste artigo.

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