27 de fevereiro de 2014 CAMBOJA

Missionários na Ásia

Rodrigo Sánchez e Estela Ramos, jovem casal do México, acompanhados de seu filho Josué, participam da Missão Ad Gentes. Eles partilham conosco, por meio desta notícia, seus motivos para viver a experiência da missão no Camboja.

Hoje, meses depois, vamos responder com calma e profundidade a pergunta que alguém já tenha pensado ou expressado: Por que vocês vão para as missões? E porque tão distante? Acreditamos que não demos antes uma resposta completa, sobretudo por falta de tempo nas conversas. Não pode ser uma resposta tão simples, mas queremos partilhar nossas motivações, pois, como temos dito, acreditamos firmemente em que partilhar a nossa vida é a melhor forma de nutri-la. Com essa intenção, escrevemos o pouco a seguir, e escrevemos o mais breve possível para não aborrecer.  

Tudo começou em um abril. Nossas mães sofriam contrações e estávamos para vir à luz… Mmmmmm…? Acho que recuamos demais no tempo…

Basicamente, fomos à missão porque queremos responder a um convite (chamado) que recebemos de Deus. O caso é: Como o recebemos e qual é o convite? Pois foi aqui que a porca torceu o rabo.

Desde nossa adolescência observamos do sofrimento do mundo. Interpretamos isso como falha de Deus, e pensamos que acontecia não porque Deus não queria estar aí, mas porque não lhe permitíamos. E desde então sentimos em nosso coração um desejo de levar Deus aonde não o conheciam. Assim surgiu o interesse pelas missões e a descoberta de que vibrávamos muito com elas. Cremos que aquela definição continua válida. Não mudou em sua essência, mas, em verdade, amadureceu conosco.

Nunca ouvimos uma voz do céu falando conosco. Mas o que sentimos no coração não foi menos do que uma voz. Temos escutado Deus nos acontecimentos, nas pessoas, na realização de nossa atividade missionária, na insatisfação que sentíamos quando não tínhamos nenhuma atividade de solidariedade, no silêncio de nossa oração e, também, em nossa relação amorosa. 

Assim, com o passar dos anos, fomos confirmando que, o que nos faria realmente felizes seria deixar nossa casa para anunciar a Boa Nova.

E por que anunciar a Boa Nova? Porque é assim que entendemos como podemos colaborar para viver em um mundo mais humano.

E por que fora de nosso país? Porque nos faz felizes. Sabemos com clareza que há necessidade e sofrimento em nosso país. Porém nós nos sentimos convidados a sair, assim como outros se sentem convidados a ficar (e tristemente outros que não se sentem convidados a nada).

Por fim, e não menos importante, quiséramos partilhar como entendemos esse assunto de ser missionários (Boa Nova). Tínhamos essa compreensão mesmo antes de vir, e a confirmamos com alegria vivendo e partilhando com outros missionários na Ásia. Essa convicção determina, de fato, nossa atuação aqui e responde à pergunta: Por que viemos? Entendemos a missão (evangelizar, levar a Boa Nova) como continuação da obra de Jesus. Concretamente: a) mostrar a todos que Deus e Pai-Mãe e nos ama profundamente; b) melhorar a vida de todos, especialmente os mais pobres.

Assim, queremos partilhar nossa vida com o povo do Camboja (sem importar religião, idade, gênero etc.) e trabalhar junto a todos para melhorar suas condições de vida, especialmente nos âmbitos de nossas competências (ou menos incompetentes), ou seja, saúde e educação. Acreditamos do fundo de nosso coração que dessa maneira estaremos dando vida ao Evangelho. Na medida em que tratemos a todos como irmãs e irmãos, reconhecemos e testemunhamos que Deus é Pai-Mãe de todos.

Sabemos, enfim, que nessa partilha receberemos muito em troca e nossa vida também se nutrirá. Por isso não hesitamos em envolver nosso filho em nossos sonhos, porque confiamos que ele crescerá como nós (ou mais, por conta de seu coração aberto de criança).

Não estamos aqui para converter pessoas, nem batizar budistas ou ampliar o número de cristãos na Ásia, tampouco para perseguir mulçumanos. Mas sim para dialogar, aprender e trabalhar como todos eles. 

Com certeza, se nosso khmer (o idioma do Camboja) nos permitir, trabalharemos na paróquia, cantaremos no coral, daremos aula de Bíblia. Não podemos deixar de nos envolver na que será nossa pequena igreja, pois a amamos. E se ao final da manhã alguém nos perguntar, diremos com alegria que somos católicos e que são bem-vindos a partilhar a vida e a fé conosco. E talvez coloquemos nosso grão de areia para que a Igreja que amamos pareça cada dia mais e mais ao que Jesus queria dela.

Por fim, move-nos a vida e nos deixamos mover por ela.

Rodrigo e Estela – janeiro de 2014

http://www.maristas.org.mx

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