O acontecimento da Canonização
Muito cedo, na manhã de 18 de abril de 1999, os maristas, vindos do mundo inteiro, Padres, Irmãs, Irmãos e leigos, colaboradores e amigos, jovens e crianças acorriam em direção à Praça de São Pedro, com os peregrinos de duas outras famílias religiosas: 80.000, segundo as estatísticas do Vaticano. Fazia frio e ameaçava chover; no entanto, um sol generoso brilhou durante a cerimônia da canonização.
Na fachada de São Pedro, vestida de andaimes, pendiam os três quadros dos novos santos: o de São Giovanni Calabria, à esquerda, aquele de São Marcelino, no centro, e o da Irmã, Santa Agostina Petrantoni, à direita.
Para nós, maristas, ver a imagem do jovem Champagnat pender dos andaimes era muito sugestivo: S. Marcelino conhecia pedras, tijolos, argamassa e madeira; ele passara grande parte de sua vida a construir o Hermitage e a família marista; a talhar a rocha e a esculpir os irmãos, deixando que o Gier marginasse a casa e fazendo com que a simplicidade fluísse no coração de seus filhos. Ele estava acostumado a sujar as mãos e a batina; transpirar era seu normal. São diversos elementos que confluem nessa espiritualidade encarnada que o documento ?Água da Rocha? tentou descrever.
Como expressar a alegria de todos? Um peregrino descreve assim sua emoção: ?No alto da festa, também eu rezo pelas vocações religiosas, sacerdotais, missionárias, maristas, em feliz explosão de pensamentos e sentimentos. Sinto-me parte de uma realidade muito grande, imensa, muito pura e por demais elevada. Tudo é bonito demais! Enquanto escuto o Breve da canonização de Marcelino Champagnat, lido pelo Papa, repasso a vida do santo, a vida de um homem incansável, conquistador infatigável de almas… Durante a celebração, o Santo Padre, com voz trêmula, compara a figura de Maria, nosso Recurso habitual, com aquela de Marcelino, glorificada pela canonização. Todos os presentes compreendem a importância, a sacralidade dessa observação e todos aplaudem e abanam os lenços, em meio a lágrimas e grande emoção. (Antonio Lunardon, 19 de maio de 1999, in ?Famiglia?, 06-06-1999).
João Paulo II, na homelia da canonização disse: ?O desejo de dar testemunho de Jesus brota, no coração dos crentes, do encontro pessoal com Ele. Foi o que aconteceu com os três santos… Eles abriram seus olhos aos sinais da presença do Cristo. Eles o adoraram e amaram na Eucaristia. Eles o amaram nos irmãos mais pobres; reconheceram os sinais de seu desígnio salvífico, nos acontecimentos da vida de cada dia…?
No dia seguinte, o Papa dizia aos peregrinos maristas:
?Sou feliz em acolhê-los outra vez, vocês que vieram para a canonização de Marcelino Champagnat. Sua presença é sinal da atenção que dão ao carisma sempre atual desse santo, que atrai tantas vocações… Damos graças pelos numerosos discípulos do Padre Champagnat que viveram sua missão com fidelidade, até mesmo no testemunho do martírio.
Lembramos especialmente os onze Irmãos, testemunhas da verdade e da caridade, mortos tragicamente nos cinco últimos anos, na Argélia, no Ruanda e na República Democrática do Congo. Testemunhas humildes da esperança, aumentam o longo martirológio dos Irmãos Maristas…?
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Ir. Giovanni Bigotto