Pelos sendeiros do Escorial
Este cronista dá fé de que constam, no arquivo local, as crônicas das cinco semanas de nossa peregrinação pelo ?Sendero? do Escorial. No entanto, sabedor de que os leitores da web não dispõem de muito tempo para ler tanta informação, resumimos numa página, tamanho ofício, as dez que já foram escritas. Aqui podem ler a primeira crônica. Pretendendo resumir os três componentes da experiência ?Senderos?: os protagonistas, as tarefas a realizar e o tempo, este convertendo-se em kairós.
Nossas metas
Desde a primeira página do vade-mécum (uma bonita pasta recebida) vem proposto um itinerário. Leio: Descobrir a passagem e as pegadas de Deus, na profundidade do teu ser. Provar o aroma da Fraternidade e a alegria dos tesouros escondidos, através dos tempos do ser, do descanso, da partilha e da escuta das mensagens da PALAVRA.
São metas ambiciosas a serem conquistadas no cotidiano desse peregrinar de cinco meses. Deus o permita!
Cinco semanas
Nas primeiras cinco semanas foram desenvolvidos os seguintes temas: com o Ir. José María Soteras, nosso enlace com o Conselho geral, nos metemos no ?clearing?, técnica para liberar-se do passado que nos impede de avançar e de estar no presente. Com a ?mochila nas costas?, metáfora que traduz nossa trajetória, partimos para a aventura.
O ?conhece a ti mesmo? e o ?eneagrama?, a modo de GPS para explorar o mapa do território, foi a temática muito bem desenvolvida pelo Ir. Luís Serra. Na terceira semana, Carmen Barba Pérez abordou o tema do ?gênero? partindo dos aspectos sociológicos, culturais, filosóficos e religiosos, até chegar ao Evangelho de Jesus, modelo de masculinidade liberta e integrada.
Maite Melendo ocupou a primeira parte da quarta semana com ?comunicação?. Trabalhando em grupos, fizemos, por dois dias e meio, uma experiência de escuta, difícil aprendizagem para o homem atual, amante das mensagens prontas com suporte virtual.
José María Fernández Martos (SJ), com sua experiência e profundidade doutrinal, nos confrontou com nossa ?identidade? e com nossa ?sexualidade?, vivida no mistério plenificador do celibato consagrado.
A quinta semana foi animada, em parte, pelo Ir. José Maria Ferre, secretário particular do Irmão Emili, SG, recolocando, com muito calor pessoal e sólida doutrina, o tema de ?Maria na vida do Irmão marista?. Palavras e imagens de muita coerência nos ajudaram a relançar a vivência marial.
Por duas manhãs, José Maria Pérez Soba trouxe umas tantas chaves de leitura e de compreensão do documento ?Em torno da mesma mesa?.
As outras faces do curso
Mesmo assim, nem tudo é aula em nosso curso. Há espaços para leitura pessoal com bem guarnecida biblioteca. Privilegiamos os horários da Eucaristia e da oração comunitária, numa capela iluminada e acolhedora. Dispomos também de lugar para o descanso e o tempo livre.
A metodologia de trabalho é adaptada às exigências do tema: grupos, partilha em comum e roteiros de trabalho. Para os serviços diários há equipes que se encarregam dos ambientes domésticos: salas, jardins, refeitório, capela, biblioteca, TV, bar, rouparia.
As tardes de sexta-feira são reservadas à integração e ao estudo pessoal dos temas semanais. Os sábados são livres e é possível visitar o que as distâncias permitem no espaço de um dia. Os domingos são dias de comunidade, a missa pode ser acompanhada em paróquias da cidade ou com comunidades maristas próximas.
As trilhas dos montes vizinhos constituem uma tentação para os alpinistas; o que predomina, no entanto, são longas caminhadas.
Passadas as cinco primeiras semanas e feito o balanço comunitário, constatamos muitas conquistas, um clima tranquilo e de trabalhado, com a firme decisão de chegarmos, todos, a bom porto. Os onze participantes provêm de nove Províncias maristas da Espanha, França e América. Caso este relatório, amável leitor, tiver servido, o cronista não pede um pedaço de pão ou um copo de vinho, mas uma oração para os peregrinos destes sendeiros do Escorial. Até a próxima curva da estrada!