Quinta-feira, 21 de setembro
O processo pensado para o Capítulo está chegando no final da sua primeira etapa, que é “sentir a realidade”, primeiro aquela ampla da sociedade e depois a do Instituto, como um corpo global. O dia de hoje quis refletir sobre alguns temas que ainda faltavam no “sentir” a realidade do Instituto.
Começando os trabalhos
A oração da manhã foi animada pelo Ir. Rajakumar Soosai, que propôs um momento de meditação com a ajuda da ioga, lembrando que há um corpo e um espírito.
Foram lembrados os aniversariantes Alicia Alexandra Morales e Ir. John Hazelman.
Foi também anunciado que os Irmãos capitulares da Província México Central, José Sánchez Bravo e Luis Felipe, por causa da situação do povo no México depois do terremoto, se ausentarão até a próxima segunda-feira.
Aprofundando a consciência do corpo
Todo o resto do dia foi conduzido pelo facilitador, Matthieu Daum. Começou a sessão recordando o processo feito até agora e notando a necessidade de abrir ainda mais o coração para perceber o corpo global, o Instituto, entrando em um processo mais profundo para ver o que Deus quer desse corpo.
Antes de entrar na última fase da primeira etapa de perceber a realidade, “letting go”, se nota que alguma coisa está faltando na percepção do corpo. Há coisas sobre as quais ainda não se falou. Até que não se fala delas, não teremos um sentido completo do Instituto. Então o convite foi passar o dia lidando com esses temas que ainda não apareceram e estão latentes.
Metodologia do diálogo
Antes de iniciar o processo de ulterior descoberta do corpo, Matthieu quis convidar os participantes a refletir sobre os modos de dialogar. Destacou 4 tipos de conversa possíveis:
1 – Falar bonito: o objetivo é garantir o bem-estar do grupo. Por isso se evita temas que provocam conflito. Há uma convicção de grupo, mas não se dá nenhum passo adiante
2 – Falar duro: fala-se a verdade sem preocupação com a integridade do grupo. O que importa é ser escutado. Quem escuta, o faz somente para ver confirmada sua opinião e rechaçada aquela do outro.
3 – Diálogo generativo: cada um expressa a própria experiência da realidade e não há intenção de convencer o outro e nem de debater.
4 – Diálogo reflexivo: as coisas ditas são muito pessoais, específicas da realidade.
Na maioria das vezes o diálogo é caracterizado pelo “falar bonito”. É preciso, ao invés, pular para o “diálogo generativo”; é o único modo de descobrir como é o corpo, caso contrário, corre-se o risco de falhar na missão.
Atualmente o Capítulo não se encontra na fase de resolver questões, mas de ver quais são elas. É muito perigoso, nesse processo, entrar no diálogo debate, no ‘falar duro’. Para que isso não aconteça, é preciso contar as experiências. O que escuta, por sua vez, deve dizer o que entendeu, o que precisa ser esclarecido sobre a experiência narrada. Quem escuta precisa também sublinhar o que é importante para si, mas que não foi dito na narração.
É possível fazer um esforço para não ficar nos dois primeiros tipos de diálogos e passar ao terceiro. O diálogo reflexivo não pode ser alcançado com a simples vontade, mas é um processo que se dá espontaneamente.
Nós que precisam ser desatados
Depois de ter alertado ao grupo sobre o modo correto de dialogar, Matthieu elencou os temas que pensa serem ainda pouco tratados, que precisam ser conhecidos melhor, sentir como o Instituto, como um corpo global, lida com eles. São como nós que precisam ser desatados.
1. Governo: organização, autoridade, etc. – quem decide o que e para quem…
2. Finanças: partilhar algumas tensões sentidas
3. Relações entre leigos e irmãos
4. Irmãos: vocação, identidade, papeis, vida comunitária, acompanhamento, novo modo de ser irmão
5. Vivendo a espiritualidade, mística
6. Disponibilidade global
7. Missão: educação, novas periferias, direitos das crianças
8. Ecologia e suas implicações na mudança de estilo de vida
Formaram-se grupos para cada um dos temas. Dialogaram sobre eles e trouxeram para a plenária a síntese da conversa.
Sessão da tarde
O momento mariano abriu os trabalhos da tarde. Em seguida, o Facilitador convidou os participantes deixar afundar, como na água, as coisas que foram ditas pela manhã. Lidar com eles agora significaria julgá-los com as categorias do passado. Ao invés é o futuro que pode nos dizer como nos comportar com eles.
Parece que agora se tem uma boa visão do que é o corpo, o Instituto. Houve então tempo pessoal para uma verdadeira contemplação para cada um ver onde se encontra dentro desse corpo que foi descoberto nesses últimos dias. A cada um foi pedido de deixar a sua própria percepção do Instituto e abraçar aquela revelada no Capítulo. Esse corpo, afinal, é o caminho através do qual o carisma marista pode ser vivido no mundo.
As perguntas que motivaram a contemplação foram:
1. O que sinto em relação à situação do nosso corpo (alegria, medo, excitação, desespero, entusiasmo, frustração…)
2. Que movimento interior estou experimentando (consolação, desolação)
Finalmente, nas mesas, em silêncio, cada um escreveu em um papel grande uma palavra que resumia a sua reflexão. Essas palavras foram lidas e ecoaram na assembleia.
Perdoar e ser perdoado
A última atividade foi a missa do perdão. Reunidos diante da capela, os participantes escutaram o pedido de perdão da mensagem do Bicentenário, lido pelo Ir. Emili. Entrando na igreja, cada um lavou suas mãos, num gesto que significa pedido de perdão pela infidelidade ao sopro do Espírito e também compromisso para uma vida coerente com o ideal evangélico.