São Marcelino e Maria… Além de uma imagem
Neste final do mês de Maria, a Boa Mãe, compartilhamos um texto escrito pelo Ir. José María Ferre, da Província Mediterrânea.
O carinho que sentimos por Maria se concretiza em pinturas, imagens, estátuas que, por diversas circunstâncias pessoais, nos atraem ou nos motivam.
Não sei se na casa de Marcelino tinha alguma representação de Maria. Certamente havia uma na paróquia. Com o tempo, ele foi se familiarizando com algumas imagens marianas.
Sabemos da peregrinação que ele fez com sua mãe ao santuário de La Louvesc e ao mais popular de Nossa Senhora do Puy, intimamente ligado às origens da Sociedade de Maria.
Durante seus anos de seminarista em Lyon, começaram suas visitas ao santuário mariano de Fourvière. Ali, diante da imagem negra de Maria, realizou-se a promessa dos primeiros Padres Maristas e ali Marcelino recebeu a inspiração para fundar os Irmãos Maristas. A sua biografia conta-nos que quando chegou a La Valla como jovem sacerdote, limpou a ermida de Nossa Senhora das Dores, que estava abandonada, e para lá se dirigia para abrir o seu coração. A imagem da Virgem de l’Hermitage continua a presidir a capela da casa que Marcelino construiu; sabemos que em seu coração-cofre havia duas fitas com os nomes dos irmãos que professaram e dos que partiram como missionários.
Em uma de suas viagens, Marcelino encontrou uma imagem de Maria, feita de gesso, moldada e pintada à mão. Havia vários modelos, mas ele gostou de um, talvez pela expressão de ternura; ele comprou e colocou em seu escritório. É a que se chama de Boa Mãe. Imagens semelhantes ainda podem ser encontradas em outros lugares, como na paróquia do famoso Cura d’Ars.
Com tudo isso, fico inclinado a pensar que Marcelino não se identificava com nenhuma imagem mariana específica. Cada uma delas expressou algo do que ele sentia por Maria. Em qualquer uma de suas imagens, via Maria como a boa Mãe, o recurso ao qual recorria, o modelo a ser imitado. Marcelino ensinou os seus irmãos a conhecer Maria, a inspirar-se nela, a imitá-la e a fazer o mesmo com as crianças das escolas. E aqui vejo uma abertura de espírito que não deveríamos perder.
Sabemos que existem grupos religiosos que se identificam e propagam diferentes devoções marianas: Maria Auxiliadora, os Salesianos: Perpétuo Socorro, os Redentoristas; Bom Conselho, os Agostinianos; ou a Virgem do Carmo ou das Mercês etc. Existem também congregações que carregam em seu nome aspectos marianos específicos como a Assunção, a Imaculada Conceição, a Visitação, das Dores…
Marcelino nos deu o nome de Maria. Assim mesmo: simplesmente Maria, a do Evangelho, aquela que a Igreja venera e o povo invoca. Ele nunca pediu aos irmãos que propagassem uma determinada imagem ou devoção: ele insistiu para que a conhecêssemos e a fizéssemos conhecida e amada. E acho que isso contém uma grande riqueza: evita que nos fechemos em um possível capillismo (enclausuramento) e nos abre para a Igreja universal.
Essa Maria do Evangelho que nos inspira, aos Maristas, é simplesmente Maria, a mulher de mil nomes e mil representações, padroeira de nossos povos e das ermidas aonde vão os peregrinos, aquela que preenche nossos calendários e se oferece a nós em todos os tipos de estátuas e pinturas. A experiência mariana de Marcelino vai além de uma imagem concreta; e o desafio que temos é viver esta experiência mariana, aprofundá-la, atualizá-la, purificá-la e transmiti-la.