20 de março de 2025 CASA GERAL

Seminário sobre Proteção Infantil – Dia 4: Diálogo com a Igreja e outras Instituições Religiosas

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O quarto dia do Seminário sobre Proteção Infantil, na Casa Geral, 20 de março, começou com a oração do Irmão Greg McDonald (Estrela do Mar) centrada na passagem de Marcos 10,14: “Pois é a eles que pertence o Reino de Deus.” Fomos convidados a refletir enquanto ouvimos “Salve, Regina.” Após a leitura do Evangelho, a bênção de Jesus às crianças, tivemos um momento para nossas próprias intenções para o dia.

Iniciando o tema do dia, o Diálogo com a Igreja e outras Instituições Religiosas, o Ir. Óscar Martín, Conselheiro Geral, propôs três momentos para tratar o assunto: o que as instituições e a Igreja fizeram na última década; testemunhos de outras partes do mundo; tempo para refletir em grupos.

Olhando para trás, o Irmão Óscar compartilhou passos importantes dados pela Igreja na última década. A formação da Comissão Pontifícia para a Proteção Infantil, estabelecida em 2015, desejou melhorar normas e procedimentos para proteger menores e adultos vulneráveis. Em 2019, houve uma mudança de mentalidade em direção à prevenção, com o Papa Francisco priorizando a proteção das vítimas. Em 2022, a Constituição Apostólica ‘Praedicate Evangelium’ (Pregai o Evangelho) estabeleceu uma estrutura permanente para tratar casos de abuso. A Carta Apostólica ‘vos estis lux mundi” (Vós sois Luz do Mundo), de 2023, enfatiza a necessidade de uma conversa contínua para prevenir o abuso sexual e delineia as responsabilidades dos bispos, provinciais e membros leigos, oferecendo proteções mais amplas para as vítimas de abuso.

O Irmão Óscar continuou a compartilhar a caminhada dos Irmãos Maristas como Instituto, inerente a este tema, começando em 2012 com o lançamento do primeiro protocolo oficial. Reuniões internacionais de provinciais sobre proteção foram organizadas, e equipes foram criadas para aconselhar o XX Capítulo Geral, moldando a cultura Marista e o compromisso com a proteção infantil, não apenas para tratar o abuso, mas também para preveni-lo.

A nova versão das Constituições afirma que o bem-estar, segurança e proteção das crianças e jovens são uma alta prioridade e responsabilidade primária de todos. Os mais recentes padrões e protocolos foram projetados para prevenir o abuso, melhorar a cultura, promover o empoderamento das crianças, encorajar e facilitar a proteção infantil, e melhorar as respostas às alegações.

Trabalho intercongregacional

Todo a manhã foi dedicada à importância do trabalho intercongregacional. Houve tempo para ouvir três testemunhos de diferentes realidades maristas. O Irmão Peter Rodney (Star of the Sea) compartilhou sobre as complexidades de uma província que abrange 11 países, 10 conferências episcopais e 31 dioceses. O Irmão Gabriel Villa-Real (L’Hermitage) falou sobre as experiências de trabalhar com outras entidades e instituições para permitir que as vozes dos outros sejam ouvidas. Um bom ponto foi levantado: “Identificar o medo nos outros é fácil, mas não tão fácil em nós mesmos.” Às vezes, podemos ter medo de não acertar; colaborar nos permite identificar isso e crescer. Sandro Bobrzyk (Brasil Sul-Amazônia) compartilhou suas experiências de focar na prevenção como uma parte fundamental de seu ministério, desenvolvendo uma comissão composta por oito membros de várias áreas de especialização, incluindo entidades civis como a polícia.

Esses testemunhos apoiam a importância da Comissão Internacional Marista para a Proteção Infantil, coletando experiências de todo o instituto para levar a um crescimento de atitudes nesse tema. Também repercutiu a mensagem compartilhada ontem pelo Irmão Fortune: “Caminhando sozinho você viaja rápido, caminhando juntos você viaja longe.”

Protocolos de Proteção Infantil

Elizabeth Gallagher (Star of the Sea) acompanhou o grupo na primeira sessão da tarde. Sua apresentação, ‘Monitoramento dos Protocolos de Proteção Infantil’, focou na integridade da própria ação (compliance), política, código de conduta e monitoramento.

A compliance pode resultar em uma longa lista de “o que eu tenho que fazer”, mas também deve incluir a voz que vem do coração: “O que eu devo fazer?” O grupo dedicou então um momento para compartilhar suas próprias experiências de compliance e e de onde vêm as direções dentro das próprias práticas.

Direção clara pode vir da política, mas cada país precisa ter sua própria, conforme a sua jurisdição. Universalmente, é almejável encontrar uma política e propósito referenciais a quaisquer leis ou requisitos legais, definições (porque estas podem ser determinadas de forma diferente entre culturas e contextos), e indicações de como aplicar a política, fazer denúncias de abuso, propostas de formação, etc. A política também deve estar sujeita a renovação porque a legislação, os requisitos e os entendimentos mudam frequentemente.

Elizabeth compartilhou a importância de um código de conduta que ofereça o “como” implementar nossa política e assumir um compromisso com a cultura e as expectativas das comunidades. Os grupos foram convidados a compartilhar as características do seu particular código de conduta.

Elizabeth concluiu compartilhando que o monitoramento não é apenas responsabilidade do líder da Unidade Administrativa, mas de todos os órgãos da Província.

Proteção e Direitos das Crianças

A última sessão do dia, ‘Interseção entre Proteção e Direitos das Crianças’, foi apresentada pelo Irmão Diego Zawadzky (Secretariado de Solidariedade-Cmi, Administração Geral). Fomos convidados a ver o mundo através dos olhos das crianças pobres. Se queremos evangelizar os pobres, temos que entender e ver através de seus olhos.

Quatro participantes, Mónica Gabriela Yerena Suárez (México Central), Ir. Fortune Chakasara (África Austral), Elizabeth Gallagher (Star of the Sea) e Fernando Domínguez del Toro (Mediterrânea), compartilharam iniciativas nas províncias que refletem o trabalho em prol dos direitos das crianças. Foram apresentadas iniciativas que permitem que as crianças participem no desenvolvimento de políticas e fornecendo acesso à educação e recursos que refletem as necessidades culturais, particularmente em torno das populações indígenas.

Andrea Rossi (FMSI – Administração Geral) conduziu a segunda parte da sessão sublinhando, primeiramente, a interseção entre proteção e direitos das crianças, por que é relevante no instituto Marista e como os direitos das crianças e a proteção infantil já fazem parte do DNA Marista.

Andrea também compartilhou sobre a Revisão Periódica Universal (RPU): um mecanismo do Conselho de Direitos Humanos onde cada Estado Membro da ONU passa por uma revisão de seus direitos humanos. Os relatórios da RPU apresentados pelo Instituto sublinham as crianças, sua voz, seus direitos e suas necessidades.

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Jonathan Sankey – Star of the Sea

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