Algumas testemunhanças sobre o Ir. Henri Vergès

A 5 de julho de 1994, o Padre Christian-Maria, de Chergé, prior de Tibhirine, escrevia a Abade-Geral:
“Eu era pessoalmente muito ligado a Henrique. Sua morte me parece tão natural, tão conforme a uma longa vida, totalmente doada em cada detalhe. Parece-me que ele pertence à categoria dos que chamo “os mártires da esperança”, esses de quem quase nunca se fala, porque é na paciência do cotidiano que eles derramam todo seu sangue…”. (Citação feita por Dom Bernard Oliveira, Abade-Geral dos Trapistas, em carta enviada a todas as comunidades cistercienses, a 27 de maio de 1999, após a morte dos 7 religiosos de Nossa Senhora de Atlas, entre os quais Christian-Maria, de Chergé.)

Do Irmão Michel Voute, companheiro de Henrique, Rua Ben Cheneb, Argel:
“… Tudo nele era clareza, a começar por sua letra tão límpida na forma e no estilo. Tudo servia de pretexto para ele magnificar o Criador. Um verdadeiro Francisco de Assis: louvor e ação de graças eram suas duas formas privilegiadas de oração. E, contudo, quando no começo da refeição, ele pensava que sua oração (o simples sinal-da-cruz) poderia chocar um visitante, amigo argelino muçulmano, ele se abstinha, mas usava uma fórmula corânica de ação de graças. Que delicadeza, atenções deliciosas, sem afetação religiosa, mas atos sempre verdadeiros, autênticos, respeitosos, brotados do seu coração à escuta do Outro e dos outros. Sim, Henrique era um Justo”.

Do Irmão André Thizi, Superior Provincial de Henrique (carta aos Irmãos, de 17 de maio de 1994):
“…Henrique estava totalmente preparado para encontrar-se com seu Senhor. No domingo anterior à sua morte, ele fora, com o Irmão Michel, à Trapa de Tibhrine, para uma derradeira “limpeza”(testemunho do Irmão Christian, prior da Trapa.). Seu último testamento é datado de 22 de abril de 1994! Morreu no mesmo dia do encerramento do Sínodo Africano, em que havia posto tanta esperança… 
Estando sozinho na Argélia durante alguns anos, Henrique achava-se, apesar de tudo, em profunda comunhão com todos os seus Irmãos, mais unido, talvez, que outros ligados à Província… Quem, dentre os que o encontravam, não ficou impressionado com a extrema simplicidade do Irmão Henrique? Verdadeiro asceta, sabia contentar-se com o mínimo, quer na mesa, quer nas coisas pessoais. Entrando em seu quarto, quinta-feira de tarde, fomos surpreendidos com a pobreza que aí reinava; apenas a presença de um transistor e do Corão o distinguia do quarto de Champagnat! ‘Aligeirar cada dia um pouco nosso equipamento’ (de suas resoluções de retiro).
Muitos de vocês, sem dúvida, poderiam acreditar que Henrique estava na Argélia porque ele mesmo queria. Os Superiores que o conheceram antes de mim sabem que não era assim. Henrique tinha total disponibilidade. Por ocasião de minha última passagem, em março, quando, apesar dos acontecimentos, ele pensava que sua presença era mais importante que nunca, pôs-se totalmente à minha disposição ‘para fazer a vontade de Deus’. ‘Lema de meu novo acompanhante espiritual: não peça nada, não recuse nada, aceite tudo’ (de suas resoluções de retiro).

D.B., de Sour-el-Ghozlane e amigo de Henrique, escreveu a 9 de maio de 1994:
“O Irmão Henrique deixou um grande vazio. Esse religioso que eu conheci desde 1978 e que era animado de uma fé sincera, encarnava em suas ações os valores e a moral de um cristão convicto. Toda pessoa que, de perto ou de longe, conheceu esse homem, não pode deixar de apreciar sua vida austera, sua dedicação e alinhamento ao lado dos fracos, necessitados e excluídos. Era o homem que não poupava esforço para acudir a essa gente, para reconfortá-los nos seus sofrimentos e nas suas infelicidades”.

Do Padre Jean-François Berjonneau (Serviço Nacional de Pastoral dos Migrantes), que se encontrou com Henrique a 25 de março de 1994:
“Percebi no relato que me fez de seu trabalho na Biblioteca uma verdadeira paixão: paixão pelo encontro, paixão pelo serviço desses jovens, paixão que o ligava tão fortemente àquele povo. Essa paixão o acompanhou até o fim”.

Quando apareceu o livro “Do Capcir à Casbah, vida doada, sangue vertido”, relatando a caminhada de Henrique, alguns leitores reagiram:

Irmãzinha Marie-Nicole, das Irmãzinhas de Jesus, de Bab el Oued. Carta de 15 de julho de 1996, aniversário do Irmão Henrique:
“Henrique permanece para todos nós um homem de fé e de bondade. É isso que impressionava todos os que puderam viver a seu lado. Vejo que esse livro será um tesouro em que se pode encontrar vida e força para o caminho”.

Claude Rault, Padre Branco. Carta de 22 de abril de 1996:
“Abri o livro esta manhã com muita emoção e considero-me feliz podendo reler o percurso desse homem do Evangelho, que foi Henrique Vergès. Conhecemo-nos e muitas vezes nos encontramos! Ele permanece a testemunha do amor universal para muitos argelinos’.

Irmão Alessandro di Pietro, antigo Postulador-Geral. Roma, 14 de abril de 1996:
“… O jeito de viver do Irmão Henrique foi a melhor maneira de se fazer muçulmano com os muçulmanos, até limites que só a delicadeza evangélica lhe permitia ultrapassar, graças ao amor do Cristo e do irmão”.

Padre Bonaventure, Trapista. Aiguebelle, 23 de fevereiro de 1996:
“O mártir fala mais forte que o vivo. E ele falará por muito tempo”.(O Padre Bonaventure conhecia Henrique desde sua juventude marista.)

Padre Bruno, Trapista. Roma, 8 de agosto de 1996:
“O que me impressiona no Irmão Henrique, e o que admiro particularmente, é sua aplicação ou sua abertura a uma formação permanente… Assim ele ‘cresceu’ continuamente em nível profissional, mas muito mais em nível humano, cristão e como Irmão Marista’.

Um amigo de Henrique escreveu ao Irmão Jean Roche, de Sour-el-Ghozlane, a 3 de dezembro de 1996:
“Devo dizer-lhe que as recordações de Henrique Vergès são e serão sempre lembradas pela família, nos nossos encontros de amigos e em nossas orações”.

Um amigo argelino, a Jean-Benoît Fanjaud, que foi companheiro de Henrique em Ben-Cheneb. A 22 de setembro de 2000:
“Estou muito emocionado com a leitura de certas páginas. Uma vida santa na luz, e na oração, e no serviço. Todos os depoimentos que li nesse livro se juntam ao que sempre pensei do Irmão Henrique: era discreto, oculto, serviçal, de gentileza e trato tamanhos de fazerem encabular Reis e Pontífices.
É muito possível que já tenha perdoado a seus assassinos, pedindo a seu Pai celeste de lhes perdoar, como o Cristo na cruz”.

Irmão François Chavanes, dominicano, de Oran-el-Maggari (Argélia), escreveu ao Irmão Provincial, a 4 de novembro de 2002, pedindo-lhe um exemplar do livro “Du Capcir à la Casbah”:
“Conheci o Irmão Henrique quando ele era diretor da Escola Saint Bonaventure, na Argélia, depois quando se instalou na rua Ben Cheneb. Em 1987 ou 1988, o reencontrei no Focolare de Tlemcen, aonde viera com um grupo de jovens. Fiquei impressionado com a alegria tranqüila e toda simples que ele manifestava. Depois que ele partiu, eu me sentia felicíssimo e repetia para mim mesmo: ‘Passei um dia com um santo’”.


N.B. O livro “Du Capcir à la Casbah, vie donnée, sang versé.” pode ser encontrado em Notre Dame de l’Hermitage:
Frères Maristes, B.P. 9
F. 42405 – Saint Chamond cedex.
ou em Roma, com o Pstulador-Geral: 
Fratelli Maristi,
C.P. 10250 
I. 00144 ROMA