Carta de Marcelino – 013

Marcellin Champagnat

1829-09

São dois rascunhos de carta. O texto B parece ser o mais recente. Não sabemos se a carta foi mesmo expedida, o certo é que a escola de Charlieu teve um ótimo desempenho.
Para entender os dizeres da missiva, precisaremos recorrer aos Anais do Irmão Avit. Explica ele:
Os Irmãos habitavam uma parte do mosteiro pertencente ao Padre Hugand. Tiveram que abandonar o local por razões que nos são totalmente desconhecidas. Ora, o Seminário Maior de Lião possuía uma casa em Neuville. O Padre Place, ecônomo do Seminário, de acordo com Champagnat e o Pároco Terrel, alugaram a casa, em 8 de julho de 1829. Foi tudo bem estipulado e escrito em papel timbrado. Duração do aluguel: 9 anos, a partir de 25 de dezembro de 1829. Preço: 700 francos anuais.
Terrel se encarregou de fazer os consertos, bem como de pagar o aluguel. No primeiro ano, este seria reduzido para 600 francos, em vista dos consertos.
O contrato foi assinado por Champagnat e Place, mas Terrel não assinou. Será que viu que não poderia arcar com as despesas do conserto??
O Padre Champagnat nesta carta mostra-se muito jeitoso para lembrar ao pároco seus compromissos e se mostra também disposto a fazer concessões.
O caso foi parar no Arcebispado que deve ter resolvido o impasse.

Versão A
Senhor Pároco de Charlieu,
Estou chegando de Lião. Entrevistei todas as pessoas com quem desejava me entender, tendo em vista os interesses de Charlieu.
Estive com o Padre Cattet, Vigário Geral. Coloquei-o a par dos assuntos relativos a Charlieu. Disse-me ele que não supunha que houvesse tantos obstáculos e que nós estivéssemos com tantos encargos financeiros.
O Padre Place mandaria fazer todos os consertos, mas com isso ele cobraria mais, no aluguel. Penso que, se o Seminário nos permitir pegar a madeira necessária para os reparos, com mais os quatrocentos francos que o senhor daria, poder-se-iam fazer os consertos na parte da casa ocupada pelos Irmãos.
O reverendo Vigário Geral me disse de sua promessa que, enquanto o senhor estivesse em vida, nós não teríamos que gastar do nosso dinheiro.
Minha opinião é que o senhor deveria, além do mais, entrar com os quatrocentos francos por conta dos consertos de que ficou sendo responsável, ao tratar o trabalho com o senhor Hugand e que foi colocado na conta de nossos Irmãos.
O senhor já economizou duzentos francos nas melhorias da casa dos Irmãos, melhor dizendo, às custas da saúde deles.
Versão B
Acabo de chegar de Lião onde entrevistei todas as pessoas com quem desejava tratar a respeito dos assuntos concernentes a Charlieu. Dei notícia ao Padre Cattet, Vigário Geral, de todos os obstáculos que encontrei em Charlieu. Respondeu-me ele que não esperava que houvesse tanta coisa, que nós ficaríamos com tantos encargos financeiros.
O Padre Place me disse que faria de bom grado todos os consertos projetados, mas que por isso cobraria mais caro pelo aluguel.
Em Charlieu, achava-me em posição tão melindrosa que não podia ser pior. Se o senhor quiser manter o que tratou com o senhor Hugand, entrar com os quatrocentos francos que prometeu, duzentos dos quais foram economizados às custas de nossos Irmãos, poderá contar com sua escola.
Em Lião estão pensando o mesmo que pensávamos em Charlieu: o senhor Hugand não entrega na proporção do que recebe. O Padre Place desejaria que a gente mencionasse, se possível, a quanto iriam os gastos com os consertos que o senhor Hugand pretende fazer.
Para lhe mostrar minha boa vontade, Senhor Pároco, acrescentarei por minha conta duzentos francos, tendo em vista o quintal a que terão acesso os Irmãos. Quanto ao contrato de aluguel da casa, quero ficar completamente por fora. Os Padres Séon ou então Bourdin desejam ter em Charlieu o mesmo tratamento que era dado ao Padre Cantet.

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès deux brouillons, AFM, 132.2 . pp 190 et 192

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