Carta a Marcelino

Pe. Pierre Lafay

1838-10-25

Nos seus primeiros anos de funcionamento, o estabelecimento de Firminy foi escola paroquial, isto é, o município não ajudava no pagamento dos Irmãos. O Pe. Lafay, pároco, devia desdobrar-se para conseguir os recursos necessários. Não era tarefa cômoda, sabendo-se que era escola com quatro Irmãos. O Pe. Lafay havia pedido o quarto Irmão já no decorrer do primeiro mês de funcionamento da escola (Carta nº 144), mas teve dificuldades para fazer os pagamentos devidos. Em outubro de 1838, antes do início do novo ano escolar, o Pe. Champagnat comunicou ao Pe. Lafay que reteria os Irmãos em l?Hermitage, que eles voltariam para a escola de Firminy somente depois da quitação das dívidas e que procedia daquela maneira também com outras escolas, onde as cláusulas do contrato estavam em atraso (Lettres, doc. 220). Na mesma ocasião dois Irmãos ?visitadores? passaram por Firminy, para discutir com o sacerdote uma possível regularização do impasse. Este texto do Pe. Lafay reflete a sua angústia e preocupação por não ter condições de saldar as dívidas e por saber que a escola não reabrirá as portas. Pede ao Fundador que lhe dê crédito e um pouco mais de prazo. Este tema terá continuação mais adiante (Carta nº 170).

Firminy, 25 de outubro de 1838.

Senhor:

No momento em que esperava a chegada dos Irmãos para começar as aulas, confesso-vos que estou muito admirado e muito aflito por ver a severidade com que me tratais. Disse aos queridos Irmãos, que vieram visitar-me ultimamente, que me era impossível, neste momento, desembolsar novas somas para as aulas, porquanto tenho muito que pagar por aquilo que foi feito até o presente. Se, não obstante, quereis dar-me tempo, eu o farei conforme possa e na proporção do que as forças permitirem. Não quereria afundar-me ainda mais em dívidas, porque seria muito penoso deixar tantos problemas, se viesse a morrer; poderia, por outra, como eu disse ao Irmão Jean-Pierre, contentar-me com três Irmãos, visto que, no início, mais não prometi à paróquia, mas aí o bem seria muito imperfeito.

Digo-vos, portanto, pela segunda vez, que, se tiverdes a bondade de ter paciência, tão logo me veja desembaraçado, que atenderei aos vossos desejos. Nesse caso, rogo-vos que façais de tal modo, que se possam começar as aulas no dia de Todos os Santos.

Neste aguardo, tenho a honra de ser, senhor, o vosso muito dedicado confrade, LAFAY, pároco.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 129.58A

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