17 de agosto de 2005 NIGéRIA

A maior emergência alimentar dos últimos anos

O Niger, país saariano com 1.186.400 km2 e com 11 milhões de habitantes, está vivendo uma crise alimentar a mais grave dos últimos vinte anos. A desnutrição atinge 3,6 milhões de pessoas. Jean Ziegler, especialista da ONU para o direito à alimentação, afirma: ?As pessoas morrem de fome. O grupo que correr mais risco, o mais fraco, como sempre, é o das crianças, dos doentes e pessoas idosas?. Pelo menos 800 mil crianças estão ameaçadas pela fome. Ziegle citou o caso de um orfanato onde viu morrer, durante uma semana, 14 das 61 crianças gravemente desnutridas que foram acolhidas. Os ?Médicos sem fronteiras? afirmam que se anuncia no horizonte uma autêntica tragédia. Entre as crianças que deveriam pesar 6,5 ou 7 quilos, muitas delas têm somente 3 quilos e, por causa disso, grande parte das células do cérebro delas está irremediavelmente comprometida. São danos graves que se manifestarão somente no futuro e que as condicionarão duramente. O governo é acusado, não somente pelas ONGs, mas também pela ONU, de não querer distribuir o milho que tem em reserva com aqueles que estão morrendo de fome. Mas as críticas se dirigem também do Fundo Monetário Internacional que vetou ao governo de distribuir gratuitamente o alimento e o socorro médico à população. O presidente Niemay certamente teve que assinar tais cláusulas para obter ?os fundos para relançar a economia?.
Uma decisão em profundo contraste com as recentes orientações lançadas durante o último G8, em vista de combater a pobreza da África. Para o Niger, que é um dos países mais pobres do mundo, e onde a cultura de subsistência (milho, sorgo, mandioca) ocupa 80% da força de trabalho, esta é uma crise que terá repercussões muito fortes.
Por que, seguindo as orientações do G8, aqueles que controlam as numerosas minas de urânio, não renunciam uma parte dos seus lucros e, sem empobrecer-se, não se empenham em ajudar a população?

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