21 de agosto de 2023 CASA GERAL

21 de agosto: Comemoração e Homenagem às Vítimas do Terrorismo

Tucídides está sempre atualizado. E ainda mais para nós que nos dedicamos, de uma forma ou de outra, aos conflitos humanos” (El mal de Corcira, Lorenzo Silva).

A injustiça é um conceito que integramos plenamente em nosso modo de entender a vida e, também, a missão marista. Um conceito que é trabalhado em nossas obras educativas. Um conceito que, principalmente por meio da educação, tentamos combater e eliminar da nossa sociedade. Também sabemos que essa injustiça tem diversas faces e por isso também usamos esse termo no plural.

Uma das grandes injustiças, e dos maiores flagelos em várias sociedades nas quais os Maristas de Champagnat se encontram presentes, é o terrorismo. Ações violentas e criminosas que buscam incutir medo na sociedade, às vezes sob a justificativa de um propósito político. Terrorismo implica sofrimento, medo, violência, morte. O terrorismo mina os direitos e as liberdades dos cidadãos.

Nesse mesmo sentido, o Papa Francisco, na encíclica Fratelli Tutti, aponta que o terrorismo está instalado em nossas sociedades, às vezes também ligado à religião (283). E, no mesmo documento, somos chamados a agir como pessoas que buscam o bem, como cristãos, como maristas: “cada um de nós é chamado a ser artífice da paz, unindo e não dividindo… abrindo caminhos para o diálogo” (284). Um primeiro elemento ao qual somos chamados é o diálogo, praticá-lo e educá-lo, transmiti-lo e vivê-lo, pessoalmente e em comunidade, com as nossas crianças e jovens e com as nossas famílias. Recordemos o apelo do XXII Capítulo Geral a sermos construtores de pontes.

Há um segundo elemento que deve ser trazido à vida, todos os dias, e muitas vezes com esforço real. Estamos nos referindo ao perdão. Sabemos que o perdão é um elemento distintivo do cristianismo, que Jesus nos convida a praticar até “70 vezes 7”, como nos recorda o belo texto de Mateus (Mt 18,21-35). Os dois primeiros versículos (21 e 22) são explícitos, dada a pergunta direta de Pedro a Jesus. A segunda parte do texto nos lembra uma parábola que inspira situações concretas da vida e como, nessas situações, devemos estar atentos e preparados para perdoar. Dado o valor do perdão, não surpreende que o Papa dedique ao perdão um capítulo de Fratelli Tutti, para nos ajudar a compreender melhor “o valor e o significado do perdão” (236-245).

A Organização das Nações Unidas, na recordação do “Dia Internacional de Comemoração e Homenagem às Vítimas do Terrorismo”, convida-nos a não esquecer aqueles que sofreram as consequências desta injustiça, a estar ao seu lado e ao lado de quem sofre mais em nossas sociedades. Tal posicionamento, como educadores, podemos colocar em prática principalmente por meio da educação em nossas obras. Infelizmente há muitas crianças e jovens que sofreram algum tipo de violência sem sentido (embora a violência nunca o tenha).

Terminamos esta reflexão com as palavras do Papa Francisco, desta vez na Laudato Si (213), conscientes do nosso papel de educadores da sociedade. O Papa fala-nos da aprendizagem familiar, que podemos estender às nossas obras educativas. Ensinar a dizer “obrigado” e a “desculpar-se” são “gestos sinceros de cortesia que ajudam a construir uma cultura da vida compartilhada e do respeito ao que nos rodeia”.

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“Sempre quis entender por que e como toda uma sociedade se tornou refém de tamanho pesadelo. Como costuma acontecer nestes casos, o caminho foi a concretização de um sonho mal concebido, pior projetado e servido sem escrúpulos”. (El mal de Corcira, Lorenzo Silva).

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Ir. Ángel Diego García Otaola – Diretor do Secretariado de Solidariedade

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