25 de setembro de 2005 SRI LANKA

Entrevista com o irmão Xavier Barceló

AMEstaún. Ainda jovem, você foi convidado pelo irmão Charles Howard, Superior geral, para participar da V Conferência geral, em Veranópolis. Hoje, está participando da VII Conferencia na qualidade de Provincial.

Hermano Xavier Barceló. Sim, tive a sorte de que na Catalunha, minha Província anterior, contava com um importante número de jovens irmãos, e o irmão Charles Howard a incluiu entre aquelas convidadas a enviar um irmão jovem. Meu Provincial me ofereceu a oportunidade, e eu aceitei. Aquele encontro foi precedido por uma peregrinação de solidariedade nos países da América Latina. Incluíram-me no grupo destinado à Bolívia. Juntamente com oito outros irmãos passamos dez dias em contato com a realidade daquele povo, com a realidade marista e a vida religiosa e eclesial boliviana, buscando fazer uma leitura da vida que Deus suscita entre os indígenas, os mineiros, as crianças e jovens de nossas escolas, etc. Além disso, aproveitando a viagem de ida, pude passar alguns dias no Paraguai e saudar os irmãos. Comprometi-me que se algum dia voltasse às terras Latino-americanas, seria só com a passagem de ida, para ficar. Porém, ainda não pude cumprir minha palavra.

AMEstaún. Estou seguro de que mais de um Provincial da América Latina vai tomar nota da sua disponibilidade. Em alguns momentos da nossa vida olhamos para o passado para tomar consciência dos dons que Deus nos deu. De Veranópolis a Negombo o Instituto percorreu um interessante caminho, viveu acontecimentos significativos, acontecimentos que fizeram história no Instituto.

Hermano Xavier Barceló. Passaram-se 16 anos. Dois Capítulos gerais e outra Conferência geral. Mesmo que não tenha participado de nenhum desses acontecimentos, creio que todos os irmãos somos testemunhas da evolução acontecida em nosso Instituto em conseqüência desses encontros. A orientação segura dos irmãos Charles Howard, Benito Arbués e Seán Sammon, plasmada em suas cartas e circulares, são referência obrigatória. O mapa das Províncias mudou profundamente. O número de irmãos diminuiu, porém, estamos presentes em um número maior de países do que antes. A idade média em algumas regiões aumentou bastante; em outras, o noviciado está cheio. A reestruturação, a presença dos leigos na vida e missão maristas, a espiritualidade apostólica marista, a canonização do nosso Fundador, o ano vocacional que acabamos de celebrar, são sinais de que somos um Instituto vivo e por isso em processo de mudança.

AMEstaún. Que caminho interior viveram os irmãos no Instituto desde o 20º Capítulo geral até a VII Conferência?

Hermano Xavier Barceló. Meu ponto de vista é bastante limitado levando em conta a grande diversidade cultural e a ampla internacionalidade do Instituto. Pelo que vejo em minha atual Província, e nos contatos com os irmãos de outras Províncias, nosso caminho interior passa por uma tentativa de clarificar nossa identidade, por um esforço em dar visibilidade ao nosso ser e atuar maristas, nossa vocação de irmão na Igreja e juntos aos leigos, por uma redefinição de nossa espiritualidade apostólica, por uma atualização de nossa missão educativa e evangelizadora ao serviço das crianças e jovens necessitados, e por uma busca de um estilo de vida comunitária enraizada em nossa origens carismáticas e aberta aos desafios da cultura juvenil de nosso tempo.

AMEstaún. Como vês os resultados do 20º Capítulo geral?

Hermano Xavier Barceló. Continuo descobrindo que os cinco apelos capitulares não somente são atuais, senão que conservam todo seu vigor e desafio. Parece-me que o aprofundamento desses apelos na oração pessoal e comunitária, refletidos na escuta e no diálogo fraterno à luz das experiências realizadas em nossas Províncias, vão continuar alimentando a vida e o futuro do nosso caminhar marista. Peço a São Marcelino que nos conceda algo de sua paixão, do seu fogo interior, para colocá-los em prática tanto em nível pessoal como comunitário.

AMEstaún. O que você percebe como de mais vital na Conferência?

Hermano Xavier Barceló. Creio que a fenomenal acolhida dos irmãos do Sri Lanka, cheia da simplicidade oriental, o sério trabalho de preparação dos temas que vão marcando nosso calendário moderados pelos diversos irmãos Conselheiros e colaboradores, o trabalho eficaz do comitê de coordenação e a palavra iluminadora e apaixonada do irmão Seán, têm proporcionado um clima de total comunicação e escuta que permite tomar o pulso do momento que estamos vivendo como Instituto, e captar por onde Deus pode estar nos sugerindo sua presença e força. Não sei se mais adiante alguns de nós será tomado pelo cansaço, nem quais serão as pequenas ou grandes conclusões retiradas deste encontro. Porém, percebo que entre os que compõem esta assembléia existe abertura e atenção ao outro suficientes para poder entrever com bastante clareza algumas pistas ou recomendações de caminho.

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