17 de setembro de 2005 SRI LANKA

Liderança provincial na formação inicial

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Festa de Nossa Senhora das Dores

Hoje, os participantes da Conferência celebraram a festa de Nossa Senhora das Dores. Ontem, antes de iniciar a missa, se fez uma pequena procissão com a cruz, celebrando a festa litúrgica da exaltação da Santa Cruz. Duas festas que nos recordam a dor redentora. E junto ao Senhor e sua Mãe recordamos todas as pessoas que sofrem hoje a crueldade da cruz da injustiça. O irmão Adolfo Cermeño, Provincial da América Central, presenteou todos os irmãos com uma bela cruz confeccionada por ex-drogados, feitas partir da semente do jatobá.

Mudanças no horário e no calendário
A revisão da primeira semana de trabalhos foi submetida a uma avaliação por parte dos conferencistas. As observações feitas sobre o ritmo de trabalho diário, sessões e celebrações, levaram a Comissão organizadora a propor algumas mudanças no horário. A partir de hoje, a sessão de trabalhos da manhã será reduzida de quinze minutos e terminará com a oração marial. Pela tarde, haverá um acréscimo de 15 minutos para permitir um espaço de tempo maior de trabalho.
A programação do calendário também sofreu modificações. O dia 21 estava programado para se fazer uma visita a vários colégios maristas, mas coincidiu com um feriado escolar. Assim sendo, este dia será permutado com o dia 28, quando se visitará o Colégio Stella Maris, dirigido pelos irmãos de Negombo, perto de onde se realiza a Conferência.

A formação inicial sob sete lupas
Como dissemos ontem, hoje daríamos continuidade às contribuições resultantes das reflexões feitas pelos irmãos sobre a formação inicial. O assunto, em virtude da sua complexidade, foi dividido em sete temas, e cada tema foi estudado por um grupo. A apresentação que fazemos de cada um deles aqui, começa com uma referência aos documentos maristas, em seguida há uma síntese das contribuições do grupo que o estudou e, finalmente, as reações da assembléia.

Tema 1
Os programas de formação teológica (identidade religiosa)

O Noviciado: os documentos maristas propõem que as Províncias devem elaborar programas de formação teológica para ajudar os noviços ?no aprofundamento da fé e do conhecimento amoroso de Deus.?
Os jovens necessitam de uma boa orientação sobre o que significa esta etapa. Às vezes, neste período, alguns aspectos da formação são mais enfatizados do que outros. Por outro lado, os irmãos têm constatado que diferença de situações que existem em cada país constitui uma dificuldade para estabelecer um critério comum. A repetição de temas não significa um obstáculo ao processo de formação, uma vez que em cada etapa eles podem ser abordados dentro de uma perspectiva diferente. Apesar das dificuldades experimentadas em vários lugares, pode-se comprovar que, no Instituto, o plano de formação do noviciado é um dos que tem maior quantidade de elementos comuns.

O Pós-noviciado: os documentos maristas destacam que os estudos teológicos e profissionais ocupam boa parte do tempo durante a primeira etapa para a capacitação profissional e ?para as atividades apostólicas no Instituto?. O objetivo que se persegue é a de formar solidamente um apóstolo marista, que seja ao mesmo tempo um bom educador e capaz de ?tornar Jesus Cristo conhecido e amado?.
Durante o noviciado o acompanhamento é contínuo e intenso. À medida que o jovem irmão inicia suas atividades apostólicas, necessita fazer um exercício de autonomia na escolha de seus campos apostólicos e de seus estudos. Este não é um período somente para estudar. Não se trata de dar aos irmãos um diploma que confirme seu aproveitamento, senão de oferecer-lhes uma sólida formação religiosa. As fórmulas têm sido variadas. Os centro intercongregacionais, com orientação teológica e pastoral, têm sido uma alternativa utilizada.

Tema 2
A influência das ciências humanas no processo de formação

Das ciências humanas, entre aquelas a que fazem referência os documentos maristas, está a ajuda preventiva e pedagógica que presta a psicologia ao crescimento humano e vocacional, a qual oferece critérios técnicos para o acompanhamento do candidato.
O primeiro ponto tratado foi o acompanhamento, entendido de diferentes maneiras, no Instituto. O grupo vê o formador como alguém faz caminho com o candidato; uma presença calorosa que anima e que está aberto ao jovem irmão para apoiar seu crescimento. A finalidade do acompanhamento é ajudar o irmão para que chegue a ser uma pessoa em plenitude. Os formadores, portanto, não têm que ser especialistas ou terapêutas.
Em segundo lugar, foi abordado o tema do desenvolvimento humano (habilidades para a vida, sexualidade…). Também neste caso não parece existir uma mesma visão em nossas casas de formação. Diante de questões como a atenção às diferenças culturais dos irmãos, ou como ajudá-los para sua integração pessoal nas casas de formação, o grupo recomenda que haja um troca de informação entre as casas, e que sejam revisados os programas formativos à luz dessas questões.
Finalmente, o grupo perguntou sobre a necessidade de avaliar os programas de formação. Constatando as grandes diferenças existentes entre eles, o que com freqüência revelam fortes questões ideológicas, foi feita a proposta de revisão do Guia de Formação do Instituto, ou pelo menos que ele seja atualizado.

Tema 3
<281ahspace=5 vspace=5 align=right>Lugar das casas de formação

O Capítulo geral pediu ao Conselho geral para ?favorecer novas presença e o deslocamento de irmãos, de comunidade e de obras em direção aos pobres, de maneira que, as casas de formação, respeitando os objetivos de cada etapa, sejam localizadas em ambientes que facilitem vida simples, comunhão e participação com a Igreja local?.
Nos documentos maristas está indicado que a casa do postulantado será simples e adaptada ao trabalho de formação. Por outro lado, a casa do noviciado deverá estar em um lugar que permita alcançar os objetivos desta etapa de formação e será simples, acolhedora e apropriada para a reflexão, a oração e a vida comunitária. Por fim, para o pós-noviciado a casa de formação deveria estar situada em um lugar que facilite o acesso a centros de estudos, favoreça o compromisso com as pessoas carentes e permita uma autonomia relativa entre os dois grupos de comunidade: quando comunidade formadora e comunidade apostólica.
Os irmãos que participam da conferência refletiram sobre essas diretrizes dos documentos maristas. Nas contribuições apresentadas pelo grupo, foi dito que devemos dar menos importância à questão do lugar e priorizar o estilo pobre e simples. O lugar e a casa, apesar da sua importância, são meios, e não um fim na formação. Considerando que os objetivos de cada etapa são diferentes, assim também devem ser os meios. O mais importante é o equilíbrio e poder alcançar o objetivo de cada etapa, sem pretender querer que em quatro anos o jovem formando tenha vivido todas as experiências: pastoral, intelectual, inserção, equilíbrio psicológico… ou capacitá-lo para viver grandes desafios próprios dos irmãos adultos. Que as casas de formação sejam simples e estejam em meios pobres sim, porém não necessariamente totalmente inserida entre os pobres. Isso corresponde a outro nível de comunidade apostólica.
Uma primeira reação dos irmãos apresentou esta questão, sem no entanto dar a resposta: O que teria Champagnat na cabeça quando construiu l?Hermitage como casa de formação?
Outra intervenção relembrou que temos uma variedade de experiências de casas de formação: aquelas grandes, onde conviviam várias comunidades juntas com os irmãos anciãos; as casas que reuniram noviços de várias Províncias; casas pequenas, situadas em ambientes rurais, em cidades, em apartamentos, etc. Todas elas com coisas positivas e negativas. Parece que a opção pelo lugar e pela casa tem mais importância do que as necessidades de formação e as inquietações dos formadores.
A maioria das intervenções destacou como mais importante o ambiente que se cria, o espírito vivido dentro de uma casa do que sua localização ou seu feitio. O que está em jogo é o estilo de vida.

Tema 4
Continuidade na proposta de formação

O objetivo que unifica as diversas etapas da formação é formar homens capazes de entregar toda sua vida a Deus, no seio de uma comunidade apostólica marista. O Instituto se preocupa para que esta seja sólida e adaptada à personalidade e cultura de cada um.
O grupo que refletiu sobre este tema afirma que o problema da descontinuidade está na falta de coordenação dos critérios de exigência para passar de uma etapa a outra. Isso provoca uma falha nos objetivos e nos conteúdos da etapa. Por outro lado, esse problema da falta de coordenação tem origem quando é preciso enfrentar situações em que os candidatos têm uma formação deficiente, ou quando os formadores têm um estilo de trabalho muito individual.
Os irmãos acrescentaram que existe a falta de uma continuidade desde o noviciado até a profissão perpétua. Há um desconhecimento do que se faz nos noviciados da mesma região. Em alguns lugares aconteceram algumas rupturas no processo de formação em razão das diferenças de critérios entre o Conselho provincial e a equipe de formadores.
A recomendação que se faz é seguir o Guia de Formação, ou pelo menos fazer uma avaliação do mesmo. É fundamental ter um plano de formação provincial que estabeleça claramente objetivos, conteúdos e metodologia com critérios claros, e ter reuniões sistemáticas com os formadores para fazer o acompanhamento.

Tema 5
Pós-noviciado – Primeira etapa
Harmonizar os estudos atividades apostólicas com a vida de oração e comunitária. Duração da primeira etapa.

Os documentos do Instituto propõem que durante este tempo, o irmão segue aprofundando o sentido da sua consagração. Até a profissão perpétua, a formação dos irmãos deve ter prosseguimento de maneira sistemática e equilibrada. É organizada em função das necessidades da Igreja e dos homens, adaptada às capacidades pessoais, conforme o carisma do Instituto.
A reflexão dos irmãos destaca que a etapa dos pós-noviciado é a mais decisiva da formação da identidade de um religioso. Constata-se a urgência que existe de enviar os jovens irmãos o quanto antes, uma vez terminado o noviciado, para preparar-se. Ao sair do noviciado, em geral, eles não têm nem preparação técnica nem apostólica. O equilíbrio que necessita cada um é uma tarefa pessoal e faz parte do processo de formação. E é o próprio irmão que deverá buscá-lo com ajuda do seu formador.
Refletindo sobre as condições necessárias para madurar a identidade marista e viver uma vida integrada, constata-se que é necessária a existência de grupos com um número mínimo de irmãos. Com noviciados de um noviço e ?escolasticados de individualidades? nas comunidades, como é possível construir uma identidade?
Outra necessidade constatada é a de irmãos especificamente formados para acompanhar os jovens que saem do noviciado. Por outro lado, as comunidades onde eles se integram para iniciar sua vida apostólica, devem estar motivadas para acolhê-los.
Uma convicção bastante generalizada e manifestada na Assembléia é a de que temos de nos adaptar continuamente às mudanças que estão acontecendo.

Tema 6
Pós-noviciado – Segunda etapa

Os primeiros anos de atividade apostólica constituem um período de singular importância para o irmão professo temporal. Ele assume sua formação, de maneira responsável, em uma comunidade apropriada, de cuja vida e missão participa plenamente. Durante esta etapa vai se preparando seriamente para a profissão perpétua.
O grupo destacou a necessidade de integrar o jovem irmão nas atividades da comunidade e naquelas das Unidades Administrativas, naquilo que é capaz de realizar. Ajudá-lo a passar das formas de oração do noviciado a outras diferentes por sua qualidade e intensidade. Admiti-lo aos votos em diálogo com a comunidade e incentivá-lo a manter uma comunicação periódica com o irmão Provincial.

Tema 7
Inculturação

Respeitando os valores de uma cultura, a formação ajuda a resgatar e a sanar alguns desses valores em suas expressões concretas: atitudes, gestos, costumes, símbolos.
A equipe iniciou sua exposição fazendo referência a duas experiências existentes: os noviciados de Medellín (Colômbia) e Cochabamba (Bolívia), inseridos em meios populares, que acolhem jovens procedentes de diferentes países da América Latina. A internacionalidade e interculturalidade estão bem presentes. Na zona de Chiapas (México), alguns jovens indígenas sentiram-se atraídos pela vocação de irmão marista. Sua integração no processo de formação supõe um desenraizamento cultural muito forte.
Quanto ao papel que deve assumir o Provincial ou o Superior de Distrito, é o de construir e preparar boas equipes de formadores, dos quais temos muita carência. É importante que nos programas de formação haja seriedade e honestidade na avaliação dos processos. No que se refere a inculturação, existem processos da vivência da sexualidade que não são negociáveis, qualquer que seja a cultura.
A tarde de hoje foi reservada para que os Provinciais e Superiores de Distritos pudessem trabalhar por Regiões ou Conferências provinciais. O Conselho geral realizou uma das suas sessões regulares.

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