Carta a Marcelino

Pe. Claude-Marie Page

1837-02-21

Pároco de Digoin durante 45 anos, entre 1817 e 1862, o Pe. Antoine-Marie Page entrou em contato com o Pe. Champagnat em 1837, para pedir-lhe a abertura de uma escola dirigida pelos Irmãos. No texto apresenta a aprovação do Conselho Municipal em favor da escola e as providências que tomou, visando à obtenção de recursos para o pagamento dos Irmãos. Pede instrução sobre a disposição que deverão ter as salas de aula na construção da escola. Por várias razões, conforme veremos em outros comentários, a escola recebeu os Irmãos somente no final do ano de 1840. Como resposta a este pedido, o Pe. Champagnat escreveu ao Pe. Page em março de 1837 (Lettres, doc. 97).

Digoin, Saône et Loire,
21 de fevereiro de 1837.

Senhor superior:

Tenho a honra de vos dizer que, na última reunião do Conselho municipal, votou-se em favor de termos Irmãos em Digoin. Deliberou-se que a administração civil faria o edifício de maneira conveniente, que ela daria cada ano 500 francos como pagamento dos Irmãos e 1.000 francos, no começo, para a mobília; nós temos, ademais, 1.000 francos para a mobília e certa pessoa prometeu dar cada ano 200 francos, o que faz o montante de 700 francos. Mantendo o pouco que se cobrará das aulas, com o que posso encontrar alhures, o nosso projeto irá adiante, se Deus quiser.

Pensamos fazer duas salas de 25 pés cada uma e uma pequena na extremidade, com cerca de 12 pés, em que haverá uma escada para subir ao sobrado, onde se encontrarão três celas com cozinha e refeitório perto da escada; essas divisões serão servidas por corredor, da escada até o extremo do edifício. Temos a impressão de que essa distribuição deve convir; cada sala terá quatro janelas. Rogo-vos, no entanto, senhor superior, que me digais o que pensais disso, se entre as duas principais salas de estudo fica melhor um tabique do que um corredor.

Procuraremos conformar-nos com o que virdes ser melhor, se os nossos recursos o permitirem. Pensamos colocar na obra não mais que sete ou oito mil francos. Como penso sempre que serão os vossos Irmãos que servirão a nossa paróquia, proponho encontrar-me convosco depois da Páscoa. Enquanto isso, rogo-vos, senhor superior, que nos prepareis três excelentes elementos, apropriados para desfazer os preconceitos que se manifestaram em muitos lugares contra os nossos bons Irmãos. Ultimamente vi que o prefeito departamental e o subprefeito aprovam plenamente a escolha que fizemos dos Irmãos, preferindo-os a quaisquer outros professores leigos.

Como devemos ocupar-nos, logo mais, com a construção, rogo-vos, senhor superior, que nos deis, por favor, pelo primeiro correio, a vossa opinião sobre o plano de construção.

No aguardo, tenho a honra de ser, com muito respeitosa consideração, senhor superior, o vosso muito humilde e muito obediente servidor, PAGE, pároco.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 129.28

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