Carta a Marcelino

Pe. Jean-Pierre Cussier

1838-10-25

A carta foi escrita de Saint-Chamond, mas refere-se à escola de Viriville, onde o Pe. Jean-Pierre Cussier era pároco. Esse bom sacerdote, em novembro de 1832, contando com o concurso do prefeito sr. Denolly, conseguira os Irmãos, instalando-os em local exíguo e incompleto quanto ao mobiliário. Apesar de tudo, naquele primeiro ano tudo transcorreu bem. Durante o segundo ano escolar, em março de 1834, o Pe. Champagnat escreveu ao Pe. Cussier, lamentando ter agido contra o seu hábito de só enviar os Irmãos a uma nova localidade depois de verificar o cumprimento das exigências quanto à casa e à mobília. Diz estar descontente com Viriville e anuncia o propósito de interromper a colaboração na sua paróquia (Lettres, doc. 39). O Pe. Cussier, insistente, conseguiu a presença continuada dos Irmãos, ano após ano. Era sacerdote zeloso e santo, mas pobre, e passava grandes dificuldades para conseguir o dinheiro do pagamento anual dos Irmãos. Para o reinício das aulas, em novembro de 1838, os Irmãos não chegaram. Preocupado, o Pe. Cussier escreveu esta carta para expor novamente as suas dificuldades financeiras, solicitando rolamento da dívida e prometendo melhor atendimento dos Irmãos. Conseguiu. O funcionamento da escola não foi interrompido.

Saint Chamond, 25 de outubro 1838.

Senhor superior:

Os vossos Irmãos não chegam. Estais deveras com a intenção de no-los retirar? Seria uma desgraça para mim e para a paróquia. Sei que não estais contente conosco desde que no-los destes; sobretudo este ano; mas havemos de compensar o deficit, encarrego-me disto; o pagamento, doravante, não sofrerá atraso; tende paciência comigo que tudo vos pagarei. Dir-vos-ei que, devendo eu 150 francos ao Pe. Menuel, ele reclama-os quase todas as semanas. Sou, pois, obrigado a pagar-lhe essa soma, que tomei emprestada há dois anos para acabar de completar o pagamento dos Irmãos. Apiedai-vos de mim, portanto; a minha situação não será sempre tão má.

Se não tivermos mais Irmãos, os maus rirão e triunfarão. Os meus adiantamentos e outros sacrifícios estarão perdidos. Caso venham esses professores leigos, que me abstenho de qualificar, que se tornará a pobre juventude de Viriville? A idéia me faz tremer por antecipação. Por misericórdia, preservai-nos deste flagelo. Que aborrecimento não será o vosso, senhor, visto que trabalhais para o bem da religião, quando conhecerdes a nossa triste sorte.

Espero que o pequeno Grégoire venha a ser bom candidato. Pertence a família honrada, coisa muito importante. Ela poderá pagar o seu noviciado.

No aguardo de que os meus temores se dissipem, sou com muito respeito, senhor superior, o vosso muito dedicado servidor, CUSSIER, pároco.

Edição: S. Marcelino Champagnat: Cartas recebidas. Ivo Strobino e Virgílio Balestro (org.) Ed. Champagnat, 2002

fonte: AFM 129.56

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