Carta de Marcelino – 004

Marcellin Champagnat

1827-05

Como na carta precedente, o Padre Champagnat não formula expressamente pedido algum de Padre para auxiliar no serviço religioso da casa de l?Hermitage, além de outras incumbências igualmente importantes.
Os noviços e os Irmãos encarregados dos diversos trabalhos de manutenção da casa não podiam fazer, por exemplo, a contabilidade.
Os dizeres da carta indicam claramente quais eram as intenções do Fundador.

Senhor Vigário Geral,
O triste problema do Padre Courveille e a saída do Padre Terraillon me colocam em situação melindrosa perante a opinião pública, visto que as pessoas falam sempre sem conhecimento de causa. Todos esses contratempos me causam desgosto, é verdade, mas não me surpreendem. Bem que eu estava pensando e mesmo dizendo que não tínhamos chegado ao fim das provações. Estou até persuadido que a Divina Providência nos reserva outras provações mais. Contanto, porém que Deus não me abandone, ouso dizer: Bendito seja seu santo Nome! Nada temo.
Estou sozinho; apesar do que, não desanimo, pois sei quanto Deus é poderoso e como suas veredas permanecem ocultas mesmo aos mais clarividentes. Muitas vezes Ele atinge o seu objetivo na hora que nos parece estar longe.
Mantenho sempre a firme convicção de que Deus quer esta obra, nesta época em que a incredulidade avança espantosamente; porém, talvez queira Ele servir-se de outras pessoas para estabelecê-la. Bendito seja o Seu santo Nome, quero mais do que nunca cumprir sua Santa Vontade, logo que eu souber qual é.
Venho com simplicidade expor-lhe minha situação e, segundo o que julgar útil à glória de Deus, queira V. Revma. tomar as devidas providências. Depois de pô-lo a par de tudo, aconteça o que acontecer, descansarei em Deus e em sua Mãe Santíssima, e bendirei os seus santos Nomes!
A minha estimativa é que, nas férias, seremos mais de oitenta, tendo em vista o grande número que já somos e o grande número de postulantes. Precisaria visitar nossos estabelecimentos pelo menos cada dois meses, para verificar se tudo anda bem, se algum de nossos Irmãos não está mantendo relações perigosas, a fim de remediar desde o princípio; inteirar-me também da limpeza, da observância do regulamento, do progresso dos alunos, sobretudo na piedade; saber, em suma, se os Irmãos não estão perdendo o espírito do seu estado.
Para não aborrecê-lo, não farei menção das contas a manter em dia, da correspondência a expedir, das dívidas a pagar ou remanejar, enfim de tudo o que diz respeito à parte espiritual e material da casa.
Temos atualmente dois mil alunos em nossas escolas. Só isto, parece-me, bastaria para merecer alguma consideração. Formar bem os jovens

Edição: Marcelino Champagnat. Cartas - SIMAR, São Paulo, 1997

fonte: Daprès lautographe AFM 132.2, p. 166; édité dans OM 1, 434

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