As vozes das crianças nos chamam para a solidariedade

14/12/2006

No caminho de preparação ao Natal queremos motivar a utilização de uma proposta tipicamente marista, criada pelo Departamento de Solidariedade Marista (BIS), que pode ajudar na oração individual ou comunitária.
O BIS, com sede na Casa Geral dos Irmãos Maristas em Roma, é um órgão da congregação para a formação, promoção e defesa da solidariedade, coordenação de projetos e trabalho em rede em favor da justiça, da paz e da solidariedade, particularmente em temas relativos ao bem-estar das crianças e jovens.
Todos os anos o BIS oferece um livrinho que, através da vida e de testemunhos de crianças, quer nos aproximar do mistério do Natal para vivê-lo em solidariedade com as realidades menos favorecidas.
Este ano o livro de advento tem como título ?As vozes das crianças nos chamam para a solidariedade? e todo o seu conteúdo pode ser baixado através do nosso site web. O documento é um eco das vozes de crianças e jovens que são ouvidas no mundo marista.
No boletim de hoje selecionamos 5 textos, um de cada continente, esperando incitar a sua participação na preparação para a acolhida do Senhor.

República Democrática do Congo
Congo esperam por eleições tranqüilas e por um novo governo que conduzirá o país ao crescimento e à prosperidade. As eleições estão previstas para dezembro de 2006.
Esta mensagem, de um jovem de Kisangani, chamado Bulukaoto, nos foi enviada por nossos Irmãos do Congo. Durante o Advento, rezemos pelos bons resultados de uma eleição tranqüila.
?Advento?, espera do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo. Uma mensagem do amor de Deus que vem viver entre nós. ?Emmanuel: Deus conosco?.
Como vamos acolher esse Deus que solicita nossa hospitalidade?
Meu país, a R.D.C., como muitos outros países, ou está em guerra ou vive um período de transição cheio de incertezas. Deus nos ensina a Solidariedade ao querer vir habitar entre nós.
Olhando para minha família, minha escola, meu país e os outros países do mundo, descubro que a Solidariedade não é mais um dever que toca os corações das pessoas, pois na família como na escola ou através da televisão, nós, as crianças, aprendemos somente o que é egoísmo, vingança e morte.
O Advento nos convida a mudar nosso coração para buscar o interesse comum, o interesse de todos.
É isso que os políticos do meu país, com a ajuda da comunidade internacional, buscam nos ensinar, as crianças nascidas e crescidas em meio às guerras civis. Uma mudança do coração que se expressa pelo desejo de acabar com as guerras e realizar eleições livres, democráticas e transparentes.
Uma alegria para mim e para muitas crianças que têm sido vítimas dessas numerosas guerras.
Agora, em nossas escolas, nas igrejas e nas famílias escutamos a todo momento palavras como: Eleição, Reconciliação, Perdão, Negociações, Mudanças, etc.
Uma mensagem de esperança para muitos de nós, pois há alguns anos nos era ensinado como odiar o outro e como matá-lo, etc.
O povo Congolês, como muitos outros povos de nosso planeta, está caminhando para a solidariedade de Deus que vem viver entre nós, apesar das nossas indiferenças.
Estamos aprendendo a nos aceitar uns aos outros apesar das nossas diferenças. Desejamos fazer da nossa diversidade uma fonte de riqueza, de paz, de perdão e não uma fonte de conflito, de guerra, de exclusão e de morte.
Nossa oração é que Deus faça de nós um povo solidário, aberto ao mundo, disponível para divulgar sua mensagem de amor de solidariedade. (Ir. Michel Uhuka)

Brasil
O Brasil é o maior e mais influente país da América do Sul. É um gigante econômico e admirado também por suas proezas no futebol, por seu café, sua música típica, etc. A maior floresta tropical se encontra na Amazônia, mas está sendo objeto de uma exploração preocupante para o meio ambiente.

Ainda muito jovem, Rafael começou a enfrentar as contradições e as injustiças de muitas crianças da sua idade, que são forçadas a trabalhar e lutar pela sobrevivência. Ele se pergunta porque essas crianças não podem aproveitar da sua infância e freqüentar a escola. (Ir. Vanderlei Soela)

Eu sou o Rafael, tenho 7 anos e moro no Brasil, um país muito grande e cheio de natureza e bichos. Mas, o que tem de mais bonito são as crianças daqui. Tenho muitos amigos e adoro ir na casa deles e recebê-los na minha casa. Sou alegre e muito esperto mas, algumas coisas me deixam triste. Perto da minha casa tem uma praça muito legal…Lá a gente pode brincar muito e até empinar pipa. Ela se chama Praça do Papa porque foi de lá que o Papa João Paulo II abençoou nossa cidade. Aos domingos quando vou empinar pipa com meu pai, vejo muitas crianças vendendo água de coco, pipas, pipoca, balão, suco… Acho aquilo estranho pois eles também deveriam estar brincando como eu. Então meu pai chama alguns para brincar conosco e isto me deixa muito feliz e enche meu coração de alegria. Acho que Jesus, meu amigão, faria o mesmo. Reuniria todas as crianças e faria uma grande roda debaixo de uma árvore e contaria uma história. E diria que lugar de criança é na escola e junto da sua família.
Por isto, queria que todos rezassem pelas crianças do meu país. Elas precisam de carinho, cuidado e muita brincadeira.
(Rafael, 7 anos)

Espanha
A Espanha, antiga potência colonial, teve uma importante história de realizações culturais. Sofreu uma dolorosa guerra civil de 1936 a 1939. Em 1986 entrou para a União européia, e se tornou uma poderosa força econômica na Europa.
Com 14 anos de idade, Rafa vive entre uma família afetuosa e estável. Ele também é confrontado com um mundo onde todos não têm a mesma chance. Ele se preocupa com seus amigos e condena as guerras, a pobreza e a desigualdade entre as pessoas. (Ir. Federico Andrés Carpintero)

Sou Rafa e tenho quatorze anos. Moro na cidade de Valladolid na Espanha. Estudo no segundo ano do secundário, no colégio marista ?La Immaculada?. Tenho um irmão maravilhoso que se chama Kiko. Meu pai trabalha na companhia telefônica e minha mãe na prefeitura de Castilla e León. O que mais gosto de fazer é lidar com computador e tudo o que tem a ver com ele, ler livros fantásticos, ir ao cinema e também sair com os amigos. Dos esportes prefiro a natação ao futebol ou basquetebol. Ainda não sei o que farei quando for adulto; talvez algo que tenha relação com idiomas, pois, é isso que mais me interessa. O que busco em meus amigos é que digam a verdade, que sejam brincalhões, simpáticos, agradáveis… eu também sou assim. Estou no colégio desde os três anos (muito tempo!); desde o maternal. Entre os professores… há de tudo. Os jovens da minha idade têm problemas e dificuldades nos estudos: alguns estão marginalizados (ninguém sai com eles) porque são violentos, às vezes. Quanto a mim, estou bem nos estudos e tenho amigos. Creio que o mais importante na vida é ser feliz com o que se tem e também fazer o que se gosta. Preocupa-me o que está acontecendo no mundo, sobretudo a questão da pobreza das pessoas nos países subdesenvolvidos, as guerras (no Iraque), o que acontece cada dia, os terroristas que sobem nos ônibus e fazem explodir bombas… Aqui em Valladolid, os grupos ?nazis?, de ideologia fascista… No mundo deveria haver mais igualdade (mesmo que todos sejamos diferentes), quero dizer,: mais igualdade de direitos. Quando ouço a palavra ?esperança?, creio que quer dizer que existem possibilidades… Que existe fé de que alguma coisa boa possa acontecer. As pessoas deveriam se preocupar menos com as coisas que não têm importância, e desfrutar mais da vida dos amigos, da família, do que preenche o coração.
Se querem fazer uma oração, que rezem pelo mundo, por todos os doentes e também por aqueles que estão perto de mim, de você, os que estão sofrendo…
(Rafa, 14 anos)

Austrália
A Austrália é um país rico com muitos recursos naturais. É um país competitivo que dispõe de uma economia de mercado em ascensão. Seu meio ambiente é único e frágil. Seus desafios sociais incluem a reconciliação com os aborígines e a integração dos imigrantes asiáticos que entram através de suas costas em busca de segurança.
Patrick estuda em uma escola marista e é respeitado por seus companheiros. Aos 17 anos, ele não é cego diante das injustiças que o cercam. Ele faz questionamento muito sérios e está disposto a enfrentar os desafios para criar um mundo melhor. (Ir. Chris Wills)

Eu me chamo Patrick, sou um australiano de 17 anos e católico praticante. Freqüento o colégio marista de Ashgrove onde sou o líder durante o ano de 2006. Vivo em um mundo de possibilidades ilimitadas. Meu desejo é que outras pessoas possam ter uma vida também formidável como a que eu tenho o privilégio de viver. Quando observo o mundo em torno a mim, nele vejo muitas injustiças. Muitas pessoas nascem pobres com muito poucas chances de terem acesso à educação, à alimentação e à moradia, a gozar de privilégios semelhantes aqueles que me foram concedidos. Há muito tempo os ricos fecharam os olhos diante dessas injustiças. Como adolescente eu sei que cada indivíduo pode fazer a diferença, cada indivíduo pode buscar realizar seus sonhos. Eu sonho com um mundo de igualdade onde cada um aceite os outros como membros da sua família com um mundo que não seja mais vítima da injustiça e da pobreza. Com Deus ao meu lado, acredito de todo o coração que posso tudo como filho de Deus e que meus sonhos são realizáveis. ?As mudanças podem vir do poder de várias pessoas, mas somente quando elas estão unidas formando uma força invencível: o poder de ser um? (Do filme O poder do anjo). O mundo não poderá esperar realizar as mudanças necessárias para se tornar o que deve ser: um lugar de amor, de liberdade e de felicidade para todos, se todas as pessoas comuns e os responsáveis não agirem como um só corpo para alcançar um objetivo comum. Já é tempo de deixarmos de nos perguntar: ?Por que o mundo é assim?? Para nos perguntarmos: ?O que posso fazer para ajudar?? Ao final as ações de cada um contribuirão para criar o mundo de amanhã e essa é a nossa responsabilidade comum.
Rezo para que o mundo no qual eu vivo conheça um futuro melhor, para que Deus dê a oportunidade de igualdade aos menos afortunados do que eu, para que, em toda parte, as pessoas possam encontrar Deus durante a sua vida. Eu rezo pelos atuais dirigentes do mundo, a fim de que eles fixem ideais nobres e que suas decisões sejam inspiradas pelo amor, pela coragem e paixão e assim possam servir para o bem geral de toda a humanidade. Possa Deus nos guiar sobre nosso caminho de vida. Que possamos viver como Jesus nos ensinou: amando-nos uns aos outros como uma só família. Que nossas pessoas possam brilhar com as qualidades recebidas do Senhor. Enfim, que todos possam fazer a experiência de desenvolver essas qualidades e viver seu pleno potencial como filhos de Deus.
Patrick, 17 anos

Sri Lanka
Sri Lanka é uma pequena nação, uma ilha em forma de lágrima, situada ao sudoeste da Índia. Fala-se desse país como de uma jóia, com suas serenas praias ornadas de palmeiras, suas verdes montanhas e magníficas cascatas. Porém, sobre essa superfície pacífica, tem havido duras situações de violência. Durante quase duas décadas, a ilha se viu lacerada por uma amarga guerra civil provocada por tensões étnicas. Na década de 80 estourou a guerra civil entre os nacionalistas cingaleses e os rebeldes tamis do Norte, desejosos de independência. Quando se alcançou um cessar-fogo, depois de um acordo político, em 2002, já haviam sido mortos mais de 60 mil pessoas, e a economia do país estava em ruínas. Em dezembro de 2004 o país sofreu um devastador desastre natural quando vários tsunamis seguidos provocaram 30.000 vítimas e deixaram milhares de habitantes sem casa. No ano passado os conflitos étnicos ressurgiram, colocando em xeque a questão da esperança de uma paz duradoura. Shaveen tem 15 anos, e se pergunta que futuro seu país terá. (Sra. Nirmala)

Eu me chamo Shaveen. Tenho 15 anos e vivo no Sri Lanka. Em minha casa somos cinco pessoas: meus pais, dois irmãos mais velhos e eu. Atualmente estou me preparando para obter o diploma escolar. Os exames serão no final do ano. Estudo no Maris Stella College dos irmãos maristas e faço parte de um grupo de escoteiros. Antes o Sri Lanka era um país pacífico, porém, as coisas mudaram. A paz e o amor com os quais viviam nossos antepassados não foram transmitidos à geração atual. Em lugar de pensar nos demais, as pessoas andam em busca do dinheiro e do poder. Eu entendo que todos nós necessitamos ter os problemas básicos resolvidos, porém, tenho a impressão de que muitos só buscam seu próprio benefício. Dessa maneira não lhes resta tempo para ajudar aos demais. Segundo as estatísticas, os cristãos são somente 8% no Sri Lanka. Mesmo sendo poucos, eles deveriam tomar a iniciativa para reconstruir a paz em nosso país, senão, a situação se tornará mais difícil. Este é o tempo do Advento. Durante este período nos preparamos para o Natal: a comemoração do nascimento de Jesus Cristo. Adornamos as árvores de natal e colocamos os presépios. Também pintamos nossas casas, fazemos compras e celebramos festas para partilhar a alegria do Natal. Cada vez que fazemos isso, temos que entender antes de tudo o que significa Natal, para poder mudar nossos corações e preparar-nos bem para o nascimento do Senhor. Dessa maneira experimentaremos a felicidade que Jesus veio trazer a este mundo. Como seguidores de Jesus devemos desfrutar da paz em nossas casas, colégios, lugares de trabalho, etc. Para ter essa paz devemos estender as mãos aos demais, esquecendo nosso egoísmo. Temos que usar os talentos que recebemos de Deus para fazer os outros felizes. Quando Jesus vivia na terra sempre pensou nos outros com um coração amoroso e estava disposto a perdoar e ajudar. Jesus quer que sejamos como ele, então, nosso país será um lugar melhor para viver.
Para que isso aconteça temos que rezar todos os dias e estar unidos ao Senhor, ajudar os outros e falar-lhes de Deus. Se fizermos estas coisas, não será difícil voltar a termos paz em nossa terra. Eu espero que o povo do Sri Lanka compreenda a mensagem que traz Jesus. E peço aos que estão lendo estas linhas que rezem nessa intenção.
(Shaveen, 15 anos)

ANTERIOR

234 Seleção de notícias aparecidas na WEB ...

PRÓXIMO

235 Informativo especial sobre a reunião do ...