Carisma – Irmãos maristas de todo o mundo em Davao

10/05/2007

Este artigo apareceu no jornal de Filipinas (www.sunstar.com.ph), na edição de 04 de março passado, e traz uma reportagem sobre o projeto marista de Missão Ad Gentes, sobre o grupo que se encontra em Davao preparando-se para ser enviado em missão.

Dentro da limpa e resplendente sala principal, na parte posterior do prédio da casa de retiros das Irmãs da Caridade de São Carlos Borromeu, localizada em Matina Aplaya, o Ir. Tim Leen empurra uma mesa sobre rodas, pega uma tela de cristal líquido que já está conectada ao computador, e com um duplo click no ícone começa a apresentar as imagens sobre a Missão Ad Gentes.

«Isto significa que estamos saindo de nossas próprias acomodações», explica o Ir. Tim, quando alguém lhe pergunta sobre o significado de Ad Gentes.

Nas últimas sete semanas, fui designado para integrar, na cidade de Davao, um grupo de 13 irmãos maristas, com idades das mais variadas, onde o mais jovem tinha 30 anos e o mais velho 60 anos, todos vindos pela primeira vez na Ásia.

Nesta primeira vez que estavam vindo às Filipinas, eles procuraram se familiarizar com a realidade da Ásia, visitando muitos lugares onde esse contato seria possível, tais como a prisão, o centro de reabilitação de drogados, os centros de trabalho social em favor dos marginalizados e idosos, nas praias, nas fazendas.

Missão Ad Gentes…

O Ir. Tim explica os objetivos do programa, que pretende reunir voluntários dentre os cinco mil irmãos maristas de todo o mundo, para que exerçam sua missão na Ásia.

Como se pode compreender da breve explicação sobre programa desenvolvido em Davao, ele tem um objetivo principal, que é ao mesmo tempo promover o entusiasmo pela missão de Jesus e ajudar o discernimento para se descobrir uma aptidão que deverá ser desenvolvida por aquele que participará da Missão Ad Gentes.

O programa tem na realidade cinco objetivos principais:
* Desenvolver nos seus participantes uma espiritualidade própria para a missão Ad Gentes, através de um contínuo e profundo progresso na amizade pessoal com Jesus, utilizando-se dos caminhos apropriados para tornar Jesus e Maria conhecidos e amados em um novo contexto cultural, vivendo com entusiasmo a espiritualidade de Champagnat;
* Desenvolver nos seus participantes uma aptidão para viver em uma comunidade marista missionária de característica intercultural e internacional, procurando fazê-los descobrir, avaliar e consolidar uma diversidade cultural, além de desenvolver atividades para uma comunicação e um intercâmbio cultural;
* Desenvolver nos seus participantes a capacidade de relacionar-se com pessoas de um novo contexto cultural, através do desenvolvimento de sua capacidade de aprender, de aceitar humildemente as limitações e as fraquezas dos outros, e através do estabelecimento de uma amizade saudável;
* Desenvolver o conhecimento e a sensibilidade para a missão e a solidariedade maristas, e
* Desenvolver uma sensibilidade e uma valorização das diversas culturas religiosas e das Igrejas locais asiáticas.

(Champagnat é santo Marcelino José Bento Champagnat, que foi ordenado sacerdote em 1816 e fazia parte de um grupo liderado por Jean Claude Colin, que fundou a Sociedade de Maria, também chamada de Padres e Irmãos Maristas.)

«Todos estes irmãos fazem parte da congregação marista há vários anos. Nós temos cinco mil irmãos na congregação e convidamos todos estes cinco mil irmãos, através do mundo, para que participem da missão na Ásia. Até este momento, 150 deles já se apresentaram como voluntários, deixando seus países, onde eram anteriormente missionários, para virem à Ásia», explicou o Ir. Tim em sua intervenção do último sábado, na casa de retiros de Marina Aplaya.

Muitos destes voluntários, que vieram generosamente participar do programa, oferecendo de seis a nove anos de suas vidas para trabalhar em países da Ásia, não estiveram nunca antes empenhados em tal aventura na congregação dos maristas. Para eles isto representa um grande sacrifício, especialmente para os irmãos mais idosos, que tiveram que se adaptar inteiramente a uma nova cultura, a um novo modo de vida, a um outro tipo de alimentação, aprendendo uma nova língua, tudo isto em uma idade avançada.

«As pessoas precisam de um tempo para que se adaptem a uma nova cultura e os irmãos precisam de tempo para conhecer aquilo que pode lhes motivar nesta missão. Principalmente para descobrir onde exatamente Deus os está chamando neste momento de suas vidas», disse. «É importante que este processo seja iniciado diretamente na Ásia, não na própria casa.»

Antes deste grupo, já houve um outro precedente, constituído de 17 irmãos, que veio para cá em agosto do ano passado. O grupo atual, formado de 13 irmãos, é o segundo em formação. Haverá um outro grupo, que deverá estar chegando no mês de julho, justamente quando esta segunda equipe estará terminando o seu período de orientação, além de dois outros novos que deverão estar reunidos aqui em 2008.

A cidade de Davao estará acolhendo todos estes grupos, proporcionando-lhes uma introdução à cultura da Ásia, ajudando-lhes na adaptação ao clima, à alimentação, às demais necessidades e a descobrir possíveis ministérios.

Isto se chama carisma… o apelo de Deus, e eles estão procurando conhecer aqui o que este apelo significa.

«O que desenvolvemos aqui é o que chamamos de discernimento. Damos aos irmãos cinco meses para que ouçam o que Deus está lhes pedindo, se são chamados para uma missão na Ásia e em qual lugar da Ásia eles estão sendo chamados», disse o Ir. Tim.

O irmão marista, que faz parte da equipe de três irmãos que dirige a missão na cidade, considera Davao como o lugar ideal para que eles façam estes primeiros passos.

«Esta é uma grande cidade, plena de jovens, com muitas oportunidades para que os irmãos façam suas experiências de inserção. É uma cidade realmente segura e isto surpreendeu os irmãos», disse, acrescentando que os irmãos gostam muito de andar nas redondezas, pois se sentem seguros e não têm muito medo.

Muitos deles têm na Ásia o seu último destino. Muitos dos irmãos não estariam dispostos a vir aqui, se não houvesse o programa que pretende expandir a missão dos irmãos maristas nos países asiáticos, onde eles ainda não estão presentes.

«Além das Filipinas, temos uma grande presença na Coréia, na Índia, no Paquistão, no Sri Lanka, em Cingapura, na Malásia. Muitos destes irmãos não irão para estes países», disse. Isto porque o programa da Missão Ad Gentes foi inspirado por aquilo que o papa João Paulo II escreveu na Redemptoris Missio, ou seja, que a missão ad gentes no terceiro milênio deve se dirigir principalmente «através de todo o continente asiático».

Durante o tempo que está aqui, o Ir. Tim é muito grato pela acolhida e pelo apoio recebido do arcebispo Fernando Capalla e do prefeito de Matina Barangay, Jimmy Poliquit.

Com o apoio da diocese, suas atividades e iniciativas foram muito facilitadas, ao mesmo tempo em que o fato do prefeito e seu conselho municipal terem feito suas apresentações ao povo da cidade e de seus arredores, resolveu antecipadamente alguns problemas e apreensões das pessoas do lugar, que não se surpreendem quando vêem alguns desconhecidos estrangeiros passeando pelas ruas.

«Nós temos um grupo de pessoas que ficam andando pela cidade e isso ajuda muito para que as outras pessoas saibam porque estamos aqui», disse. Antes de terminar o programa de formação do segundo grupo, eles já estarão designados para viver com as famílias pobres, pescadores e aqueles que moram nas «regiões das colinas».

Enquanto os irmãos não têm uma definição a respeito do ministério que deverão desenvolver, eles continuam aprendendo o que o programa lhes oferece como formação, mostrando-lhes que são ainda fortes no campo da educação, e que a educação é uma das primeiras necessidades das populações pobres.

«Nós somos uma congregação formada tradicionalmente de professores, e através disto é muito bem considerada a nossa contínua presença na Ásia, com as pessoas nos dizendo para continuarmos no campo da educação. Pode ser que não seja em uma escola instalada… mas onde pudermos oferecer educação, principalmente às crianças mais pobres, aquelas que não têm possibilidades econômicas», disse o Ir. Tim. «Uma possibilidade para exercermos nosso ministério é passarmos um longo tempo com os jovens, talvez também através da educação, mas isto deve ainda ser objeto de um discernimento, verificando onde os jovens deverão ser ajudados. Nós não devemos chegar e logo de início dizer o que estamos indo fazer, mas são eles que primeiro devem nos dizer aquilo que têm necessidade.»

De uma coisa os irmãos estão certos, isto é, que não lhes faltarão ministérios na Ásia, porque existem muitos jovens por aqui.

O Ir. Tim deseja simplesmente que alguns destes jovens possam se unir a eles nesta missão, para que possam contribuir a transformar a vida dos outros jovens, e que possam conhecer algo mais do que os ambientes dos karaokês.

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