Não um jovem Papa, mas um Papa dos jovens – Sean D. Sammon, FMS

08.04.2005

A morte de um Papa não é um acontecimento de pouca importância. Basta recordar a dor que se seguiu ao papado de João Paulo I que durou pouco mais de um mês. Durante seu breve pontificado, Albino Luciano conseguiu tocar os corações e as mentes de muitos. São muito poucos os que conseguem chegar a uma relação assim.

Como é diferente a morte de um Papa cujo Pontificado foi muito longo. Para os que têm menos de 30 anos, João Paulo II é o único sucessor de Pedro que conheceram. A nova geração, ao longo dos anos aprendeu a admirar as qualidades deste Papa extraordinário: seu coração generoso, espírito de oração e seu amor pela sua Igreja e pelas pessoas. Durante as audiências de quarta-feira na Praça de São Pedro, nas visitas a seus países ou nos dias mundiais da juventude organizados durante seu Pontificado, eram os jovens que o vinham vê-lo, cantar e celebrar com ele.Tinha essa capacidade invejável de inflamar os corações e motivar sua imaginação.

Já no fim dos seus dias, quando o mal e o declínio físico eram óbvios, João Paul II resistiu toda sugestão de renúncia ao Pontificado, vinda da parte daqueles que se preocupavam com sua capacidade de conduzir a Igreja. Preferindo a vida à eficiência, permaneceu firme até ao fim. De certo modo os jovens compreenderam suas razões melhor do que muitos adultos mais preocupados que o trabalho da Igreja fosse feito da maneira mais oportuna.

Por isso quando na última quinta-feira a notícia foi dada de que o Papa estava piorando e quase a morrer, foram os jovens que se dirigiram imediatamente para a Praça de São Pedro. Como a chuva que dá vida em tempos de seca, eles vão chegando firmemente, mas serenamente. Os números crescem até encherem a Praça. Continuam a crescer e enchem mesmo as ruas vizinhas.

Eventualmente um suave silêncio fez-se neste lugar sagrado, na Praça, em frente à Basílica que Miguel Ângelo imaginou há muitos séculos, e, perante a perplexidade dos jornalistas vindos em massa a esta Praça, estes jovens começaram a rezar. Rezavam serenamente por e com o Papa, o único Papa que tinham conhecido. Um homem que continuamente chamou o mundo a viver os valores que não eram a norma; um cidadão de outra geração que soube superar as diferenças que divide as idades e tocar-lhes os corações; um Papa que, pelo menos a seus olhos, era espontâneo quando se encontrava no mundo dos jovens.

Todos já vivemos eventos em que lembramos o avô que nos amou muito e cuja bondade nunca esteve em dúvida. Estes jovens viviam uma experiência igual. Viviam a morte de alguém que tinha sido muito especial para eles e, naturalmente, rezam. Sim, neste momento de dor para eles, encontram consolação na prática da oração tão antiga na Igreja. Era o que ele lhes tinha ensinado também através da sua própria vida, apenas porque pelo exemplo os tinha ensinado fazer. Que este bom pastor, tanto dos jovens como dos adultos repouse para sempre na paz de Deus.

Sean D. Sammon, fms
5 de abril de 2005

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