20 de setembro de 2005 SRI LANKA

Realmente sinto-me feliz em poder prestar este serviço aos irmãos

Ir. Antonio Martínez Estaún

Joaquín Fernández é um padre marista espanhol. Foi membro do Conselho geral da sua Congregação de 1981 a 1989, e Superior general de 1993 a 2001. Participa da Conferência geral como capelão. Além da sua habilidade para com as línguas, com seu espírito fraterno e acolhedor dá uma valiosa contribuição a esse encontro. Sua presença discreta é autenticamente marista: de irmão entre irmãos. Com simplicidade concedeu esta entrevista.

P. Joaquín, estamos terminando os trabalhos da segunda semana da Conferência. Na qualidade de observador, como você vê o grupo humano, o trabalho, o planejamento e o ambiente?
<285.jpg alt=P. Joaquín Fernandez e Fr. Antonio Martínez Estaún align=right vspace=5 hspace=5>Desde o princípio o grupo me pareceu bastante integrado, vindo de lugares e experiências tão distintas. É um sinal de que não é a primeira vez que se encontram juntos, pelo menos a maioria. Chamou-me a atenção o número de irmãos Provinciais e de Superiores de Distrito com idade média baixa, o predomínio de irmãos de língua espanhola, não somente entre os Superiores, senão também entre os tradutores e o pessoal de apoio.
As reuniões preparadas estão seguindo seu curso segundo o planejamento, e também com documentos bem elaborados como base de informação, reflexão e discussão. Na primeira semana pensei que ia ser um trabalho muito duro, pois os momentos de reflexão pessoal e de grupo eram muito curtos, ao comparar com outras reuniões parecidas. Creio que muitos participantes pensaram a mesma coisa. Porém, na segunda semana se viu que essa distribuição estava planejada e só era válida para a primeira semana, que era de introdução e apresentação do contexto geral. Esta segunda semana está muito mais equilibrada e os momentos são muito mais adequados.
O ambiente é agradável, sereno, de muita partilha. Há também muito interesse pelo contexto do pais, sua história, monumentos, costumes, as conseqüências do tsunami, etc. Isso me parece que é conseqüência de que muitos irmãos residem e trabalham ou trabalharam fora do seu país de origem. Considero esse aspecto muito importante nessas reuniões internacionais.

A Conferência começou com a exposição de uma visão da Igreja e da vida marista na Ásia. Qual foi sua percepção do serviço que a Igreja desse Continente pede aos irmãos maristas?
Na segunda exposição do padre Pieris foi dada muita relevância à educação das crianças e jovens, e isso é de capital importância em um continente eminentemente jovem. Existe um campo imenso de trabalho dentro da missão específica dos irmãos maristas. Para mim, foi importante descobrir a presença dos Maristas em tantos países da Ásia. Não é uma presença massiva como em outras partes, porém indica que estão nos lugares adequados para a realização da sua missão.
Isso também indica o tipo de missão dos colégios ou instituições educativas que devem integrar crianças e jovens de diferentes religiões e culturas. A Ásia deveria ser neste momento o continente que dá um exemplo de convivência, de respeito, de interação e de aprendizagem entre as diferentes culturas e religiões. O mundo tem necessidade disso. Talvez os mesmos irmãos não possam fazer isso, porém para isso existe outro trabalho importantíssimo que tem sido realizado em outros países, que é a formação de leigos, os quais podem integra e continuar a mesma dinâmica e espírito dos irmãos. É um efeito multiplicador que deve ser considerado.

Que intuições lhe despertam os desafios que os irmãos devem enfrentar neste continente?
A primeira se refere à missão propriamente dita da evangelização das culturas. Às vezes queremos realizar a missão a partir de presença e trabalhos que são pontuais, inclusive marginais à cultura, às atitudes e aos valores das pessoas ou grupos sociais. São ações importantes, com resultados temporários, porém que não têm impacto a longo prazo. A educação sim, é a longo prazo, não somente quanto aos resultados, senão também em relação à consistência dos mesmos.
Esta realidade tem alguns desafios importantes para os irmãos: que tipo de educação deve ser oferecido ao país e onde se fazer presentes? Não se trata de matérias acadêmicas que freqüentemente são regulamentadas pelo governo. São as outras áreas da formação da pessoa que deve alimentar o que o padre Pieris chamava da espiritualidade própria dessas culturas frente à técnica predominante. A realidade é muito diferente da que existe nos países desenvolvidos ou de cultura chamada ocidental, e não há porque repetir os mesmos esquemas nem chegar aos mesmos resultados.
Evidentemente, o lugar dessa presença, seguindo Marcelino Champagnat, não será os ambientes que já dispõem de meios suficientes, mas aqueles que não têm outras possibilidades de desenvolvimento pessoal e social. Os irmãos originários de diversos lugares da Ásia têm uma tarefa muito importante e decisiva nestas áreas, e devem dedicar-lhes tempo suficiente.

Os padres maristas surgiram com uma clara vocação missionária. Que opinião você tem sobre o projeto ?ad gentes? estudado na Conferência?
Minha primeira reação foi de surpresa e de inveja. Os irmãos estão se adiantando a nós, os padres, em um campo que sempre tivemos como prioritário durante muitos anos, e foi parte da missão e do dinamismo da Congregação. Tudo isso se perdeu ou foi reduzido ao mínimo quando a missão da Oceania chegou à maturidade nos anos 70. Sei que nosso Conselho geral está estudando voltar a relançar esse aspecto da missão, seja em relação às missões locais ou em países evangelizados que se tornaram desevangelizados.
O plano apresentado é ambicioso, porém não impossível. Pode ser que o programa de preparação tenha que ser revisado, porém isso é o menos importante.
Preocupa-me o que foi dito na Conferência: que muitos irmãos jovens saem do seu período de formação pouco conscientizados dos valores da internacionalidade e da missão fora do seu país. Talvez seja necessário revisar os planos concretos de formação. Por outro lado, durante o período de formação, se deveria se falar mais expressamente sobre a presença de muitos irmãos deslocados para outros países, e sobre a riqueza que isso representa para eles e para as Províncias de origem.

Como você se sente como capelão da Conferência?
Realmente me sinto muito feliz por poder prestar este serviço aos irmãos. Oxalá seja um exemplo para ajudar-nos mais como membros de uma mesma família. Já conhecia vários dos irmãos participantes por ocasião das celebrações da canonização de São Marcelino, em Roma.
Por outro lado, as celebrações eucarísticas estão perfeitamente preparadas nos folhetos, o que facilita o trabalho. Basta seguir as indicações dos folhetos e dos irmãos encarregados da eucaristia, cada dia. Com um pouco de paciência e um pouco de preparação para as leituras e orações na língua do dia, tenho meu trabalho pronto.
O mais importante para mim é a convivência com os irmãos vindos de todas as partes do mundo, e a escuta do que eles dizem e partilham. Estou relembrando coisas e aprendendo outras. Tenho muito que agradecer ao Conselho geral pelo convite que me fizeram, e aos meus irmãos de comunidade que facilitaram a minha vinda.

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